Friday, November 12, 2010

Ani Choying Drolma

[actualmente] Travo uma batalha: contra a pobreza e contra a ignorância que fazem com que, no Nepal e no Tibete, muitas raparigas budistas se vejam obrigadas a seguir o caminho religioso para escapar ao inferno. A se tornarem monjas para não serem transformadas em escravas domésticas [...]

É bem natural que hoje [eu] estivesse casada com um comerciante com mais vinte anos que eu, e que fosse uma esposa submissa como a maior parte das tibetanas, ocupada com a cozinha durante a manhã, com as limpezas da parte da tarde e em satisfazer o meu marido à noite. Mal saberia ler, o que não teria a mais pequena importância, porque teria um bando de filhos de que teria de me ocupar e não teria tempo para perder com sonhos estéreis. Estaria dependente e amarrada de pés e mãos, sem sequer ter consciência disso. Mas o meu destino não foi esse. Sei muito bem a sorte que tive.
[...] apesar de ser feminina, tenho dentro de mim uma dureza e uma determinação que fariam dobrar muitos homens. No fundo de mim própria, como a lava em fusão no centro da terra, aninha-se uma massa de moléculas indestrutíveis, uma bola de força e de energia de uma densidade invulgar, que me impulsiona e me guia. Este núcleo de vontade bruta é, hoje em dia, o meu melhor aliado. Ontem ele poderia ter sido a causa da minha ruína. Houve vezes em que ele me deu maus conselhos. Muita violência, muito ódio. Como um tigre amansado, ele continua lá, deitado no meu coração, no meu ventre, domesticado e, apesar disso, para sempre, fundamentalmente selvagem. Sou uma guerreira. E as minhas armas são o Amor e a Compaixão.

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