Tuesday, July 21, 2009

até já...

Seja o que for que aconteça
Em qualquer situação,
É meu desejo
Que o meu espírito se mantenha
Sem fronteiras.
(poesia Waka, num livro de Reiki)
Vou estar ausente umas semanas. Voltarei.

Monday, July 20, 2009

A Casa da Praia do Açucar



Este é um recem-chegado à minha familia de livros - uma oferta - e foi para a fila à espera da sua vez... rss. Mas estou com vontade de o ler e deixo a sinopse:

Helene Cooper é uma jovem descendente de duas dinastias, que remontam ao primeiro grupo de escravos libertados que partiram de Nova Iorque em 1820 para fundarem a Libéria. Helene cresceu na Praia do Açúcar, junto ao mar, onde se situava a mansão familiar, de vinte e duas divisões. Foi uma infância cheia de criados, carros vistosos, uma villa em Espanha e uma fazenda no interior. Quando Helene tinha oito anos, os Cooper adoptaram uma menina — um hábito vulgar entre a elite liberiana. Eunice, uma rapariga da etnia Bassa, tornou-se, de repente, conhecida como «filha da senhora Cooper». Durante anos, as filhas dos Cooper beneficiaram do aparato da riqueza e da vantagem da sua posição social. Mas a Libéria era como uma panela de água a ferver. E, em 1980, um grupo de soldados fez um golpe de Estado, assassinou o presidente e executou os seus ministros. Os Cooper e os amigos foram aprisionados, abatidos a tiro, torturados e as suas mulheres e filhas violadas. Depois de um brutal ataque, Helene, Marlene e a mãe fugiram da Praia do Açúcar e, depois, para a América. Mas deixaram Eunice para trás… Do outro lado do Mundo, Helene cresceu e tornou-se uma conhecida repórter, trabalhando para o Wall Street Journal e o New York Times e viajando por todo o mundo, mas evitando sempre África. No entanto, em 2003, uma experiência que quase a vitimou, no Iraque, convenceu-a de que a Libéria, tal como Eunice, não podia esperar. Sendo, simultaneamente, uma narrativa muito pessoal e uma análise de um país violento, A Casa da Praia do Açúcar é um relato de tragédia e perdão, contado com uma sinceridade inabalável e o humor de alguém que foi capaz de sobreviver.
HELENE COOPER é correspondente diplomática do New York Times. Antes desse posto, foi editora-adjunta da página de opinião do New York Times, depois de doze anos passados como repórter e correspondente no estrangeiro do Wall Street Journal. Helene Cooper nasceu em Monróvia, na Libéria, e reside na área de Washingon D. C.



a autora, Helene Cooper

mais um livro lido



O livro Michelle - uma biografia já está na secção dos lidos. Do todo, recordo algumas passagens que fizeram com que a parceria Michelle-Barack enquanto casal funcionasse e hoje seja uma realidade sólida:

"Houve um período importante de crescimento no nosso casamento [...] Ele estava no senado estatal, tinhamos filhos pequenos e era difícil. Eu estava a lutar para tentar que as coisas funcionassem para mim".
Michelle foi sempre hiperorganizada e uma pessoa que gosta de levantar cedo e assim decidiu passar a ir ao ginásio às quatro e meia da manhã, em parte para manter a forma, em parte para obrigar Barack a tomar conta das coisas em casa.
[...] Eu estava sentada com a minha bebé ao colo, zangada, cansada, fora de forma. Eram quatro da manhã, hora da bebé mamar. E o meu marido estava deitado ali, ao meu lado, a dormir". Ela percebeu que, se não estivesse ali, ele tinha de lidar com aquilo. "Quando voltava para casa depois do ginásio, as crianças já estavam levantadas e já tinham comido. Foi uma coisa que eu tive que fazer por mim" [...] Percebi que que não podia viver a vida cheia de ressentimento; isso iria destruí-la e envenenar a relação.

E algumas outras questões muito válidas para qualquer agenda de debate sobre a vida actual:

Uma semana ou duas após a vitória do marido, Michelle tentou acalmar a especulação e declarou que enquanto primeira-dama se perspectivava como "Mãe-em-Chefe". Em vez de acabar com a especulação esta declaração teve como efeito abrir a discussão entre as mulheres. Foi bom Michelle ter-se sentido obrigada a realçar o seu lado de mãe ou não? Há pouco mais de uma década a mulheres que trabalhavam sentiam que não se podiam dar ao luxo de referir o seu lado maternal. Será que isto é um progresso? [...] uma jornalista exprimia a sua preocupação afirmando a que aquilo a que estávamos a assistir era a uma "maternalização" de Michelle que, segundo ela, estaria a ser forçada a assumir um papel convencional e não ameaçador e a ser retratada pelos média como se a única coisa importante acerca dela fosse a sua capacidade de ser mãe.

"Eu preciso de poder tomar conta de mim e das minhas filhas [...] Tenho de estar numa posição em que se acontecer alguma coisa menos boa ou inesperada, quer dizer, onde é que essas pessoas que criticam a minha competência para fazer parte dos conselhos de administração vão estar se eu tiver de tomar conta das minhas crianças? [...] eu tenho de manter um certo grau de credibilidade profissional, não apenas porque gosto, mas porque não quero vir um dia a estar numa posição de vulnerabilidade com as minhas filhas"

Para as mulheres negras da América, é claro, Michelle Obama é um símbolo particularmente importante. Uma mulher tão forte, com opiniões e autoconfiante que tem uma relação de amor sólida com um marido que a respeita e admira é uma imagem sobre a qual uma série de jornalistas negras se sentiu impelida a escrever a seguir às eleições. "A nova primeira-dama vai ter a opotunidade de acabar com os esterótipos desagradáveis que existem ecerca das mulheres negras e, em geral, educar o mundo sobre a cultura negra americana", escreveu Allison Samuels na Newsweek num artigo intitulado "O que Michelle Obama significa para nós."

Sunday, July 19, 2009

falar de oniomania


uma compulsão de personalidade provavelmente motivada por um alto grau de frustração não assumido... e encoberto por uma sociedade que estimula o desperdício e o supérfluo.

Uma das taras características de um certo modo de vida é aquilo que, em linguagem psiquiátrica, se designa por oniomania, isto é, a tendência obsessiva para fazer compras. Trata-se, com efeito, de um dos legados das nossas sociedades contemporâneas. Tendência essa que, de resto, ameaça expandir-se e transformar-se num síndroma social do consumismo compulsivo e larvar das futuras relações sociais se não atalharmos a tempo a evolução de tudo transformar em valor de troca os bens e serviços da mais variada natureza.

Ao contrário do século XIX em que a preocupação maior dos economistas era como produzir em mais quantidade, o principal motivo de apreensão dos actuais responsáveis empresariais prende-se em encontrar os meios e as estratégias que melhor garantam o crescimento das despesas por parte dos consumidores de forma a assegurar a continuidade do ciclo económico da produção-rendimento-despesa, para o que contam com os mais variados instrumentos, de uma sofisticação e eficácia jamais vista.

texto completo
*
Comprar compulsivamente é sinal de doença. Estourar o orçamento repetidamente é um vício igual ao alcoolismo. A doença tem até nome: oniomania, aquele que necessita comprar assim como o dependente químico necessita da droga. O desejo incontrolável de gastar tem tratamento: inclui acompanhamento psicológico e medicação. Mas é fundamental que a pessoa reconheça que está doente e precisa de ajuda.

Os especialistas ainda não sabem precisamente o porquê da oneomania ser mais comum em mulheres, mas acreditam que o motivo está diretamente relacionado a condições culturais. Os fatores que levam a doença a afetar principalmente as mulheres são objeto de estudo da equipe do AMJO.
Para Fuentes, a doença pode estar associada a transtornos do humor e de ansiedade, dependência de substâncias psicoativas (álcool, tóxicos ou medicamentos), transtornos alimentares (bulimia, anorexia) e de controles de impulsos.

A oneomania também emerge para aliviar sentimentos de grande frustração, vazio e depressão. É um desejo de possuir, de ter poder, que fica reprimido. Ao não conseguir dar vazão ao seu desejo, a pessoa sofre uma enorme pressão interna que a leva à necessidade de possuir coisas novas como única forma de prazer [...] Os oneomaníacos têm o consumo como vício, assim como um alcoólatra que necessita da bebida. Enquanto está comprando, a pessoa sente alívio e prazer dos sintomas, que passado um tempo voltam rapidamente. O efeito do ato de comprar é semelhante ao de tomar uma droga.
( daqui)

Saturday, July 18, 2009

dasatravancar a vida


















É espantosa a quantidade de ninharias que guardamos. As nossas casa e vidas guardam-nas constantemente. Dá-se o mesmo com a mente. As bagatelas estão sempre a intrometerem-se na nossa mente. Tente concentrar-se no silêncio um minuto e verá como é difícil. Os pensamentos fogem continuamente de e para o cérebro - os pensamentos aleatórios entram no nosso consciente a partir de vários compartimentos da base de dados da memória, como se o cérebro fosse uma máquina de funcionamento automático. Com a casa é a mesma coisa, em todos os cantos de todas as divisões há objectos aleatórios - de toda a espécie. pequenos, grandes, divertidos, úteis, ninharias - que incomodam e causão tensão. As nossas salas desarrumadas, armários muito cheios e secretárias empilhadas podem causar muito stresse. Normalmente, não reparamos nisso, mas depois de tentarmos passar para outra, ou de essa ideia se apoderar de nós, as ninharias da nossa vida começam a dominar-nos - e, com frequencia distraem e irritam-nos. Cria-se barafunda material e imaterial na nossa mente.

Decidir se algo é ou não uma bagatela é uma decisão inteiramente subjectiva. O mais prezado dos bens de uma pessoa é uma ninharia para outra
[...]
Tudo aquilo que lhe transmite alegria, faz rir e inspira - seja por que razão - é precioso para si, visto que lhe confere energia nutriente. Rodear-se de coisas que adora e têm signficado para si fortalecê-la-á. Isto porque a energia que vibra à volta dessas coisas está sincronizada com a sua.

[...] quando estiver cansada de qualquer coisa - um livro, um jornal, um saco, uma peça de roupa, um objecto decorativo, um quadro, uma cortina, ou qualquer outra coisa, seja esta grande ou pequena, sem valor ou preciosa, quando ela tiver perdido o seu significado especial para si ou perdido o seu brilho... deite-a fora, venda-a ou dê-a!

O desatravancamento é incrivelmente libertador. Isto porque raramente vemos a nossa subtil inclinação para dar tanto valor aos sistemas de suporte material. Quando percebemos que tão poucas dessas coisas materiais nos proporcionam realmente alguma felicidade, todas as ninharias na nossa vida se tornam mais vísiveis - e é assim que começamos a compreender que desatravancar tambem é uma questão relativa à mente.

Eu entendi-o quando me retirei pela primeira vez ao mosteiro de Kopan, em Katmandu. Decidi que precisava de alguma espiritualidade na minha vida e inscrevi-me num curso semestral de meditação. O quarto que me atribuiram era tão básico que quase chorei. Tinha uma cama, uma mesa e uma cadeira. Nada possuía para decoração, nenhum perfume, cosmético, rádio ou livro, era permitido - absolutamente nada. Tudo o que eu tinha era paredes nuas, as condições mínimas e a minha mente. No entanto, para mim, esse mês foi a experiência que mais mudou a minha vida. Obrigada a operar no modo de sobrevivência, virei-me para dentro e, ajudada pelos monges e monjas de Kopan, descobri o mundo da minha mente. Com nada que me distraísse, desenvolvi uma crescente consciência do meu ambiente. Eu respirava o ar intensamente frio e limpo [...]
A medida que sintonizei a mente em mim mesma, comecei a sanear as impurezas, opressões e pensamentos negativos da minha mente. O processo foi doloroso e catártico, como se estivesse a lavar roupa suja.
Quando nos pomos a esfregar pela primeira vez, toda a sujidade sai e enlameia a agua, por isso, sentimos a dor, o sofrimento e o eu a resistir - ficamos doentes, cedemos à auto comiseração e só queremos desistir. Todavia, a espiritualidade desse lugar e o curso de meditação ajuda-nos a lidar com isso. Por isso aguentamos aquilo, até a água suja lentamente clarear. A nossa mente desenvolve uma grande uma grande sensibilidade à energia do tempo e do espaço.

Esse foi o maior desatravancamento que alguma vez fiz à minha mente e à minha vida. O resultado foi que me sentia mais leve e mais viva. Agora volto a Kopan pelo menos uma vez por ano

(168 Maneiras de Desimpedir a sua Casa - Lillian Too)

Friday, July 17, 2009

De Bagdá com muito amor -recomendo! :)


Lembro de que quando encontrei o livro, já tinha ouvido falar dele. Abri e folheei, parei ao acaso e lembro de ler algo mais ou menos assim (estou a citar de cor) :

...do barracão continuavam a vir barulhos e por um momento quase decidimos atirar uma granada lá para dentro que faria todo o trabalho sujo. Mas há coisas que simplesmentte estão destinadas a acontecer de outra forma.

Entramos de rompante preparados para atirar e descobrimos ao fundo, um pequeno cachorro que olhava para nós.

entrevista

O cão, Lava, vive hoje algures na Califórnia na companhia dos donos, do gato Cheddar e de outro cão, uma boa vida bem diferente da que provavelmente teria em Bagdá. De facto, há coisas que estão destinadas a acontecer de maneira diferente.

acontece todos os dias... aos milhares!


(imagens e texto daqui)

A cena evocada no texto, acontece todos os dias... é um cenário que se repete com poucas variações milhares de vezes, ceifando vidas em toda a parte do planeta.


A verdade é que todos podemos fazer algo para mudar isto.

* * *
Não há como fugir. Impossível romper as paredes de concreto e ferro. Está cercado por homens que usam armas compridas – agulhões elétricos – e aventais manchados de sangue. Tudo em volta cheira a sangue, odor vivo dos que chegaram antes. Já não tem forças para caminhar com as próprias pernas. Eles sabem disso e o deixam parado por alguns instantes – etapa estratégica antes do último corredor (lá precisam mantê-lo em pé).

Momento fatídico, irreversível, quando a realidade mostra as garras afiadas e afugenta a última nevoa de ilusão. O estado de pânico chega ao ponto Maximo: todos os músculos estão tensos; a pulsação cresce ainda mais; o ritmo respiratório cresce, com as narinas inflando em excesso para absorver mais ar; os olhos dilatam em busca de outros estímulos; do abdômen os gases descem, suscitando fezes e urina. O organismo saturado diante da morte anunciada.

No começo era apenas o medo…

Eles chegam no campo resolutos, com os mesmos agulhões, e o identificam. Está marcado para a Viagem. Tenta fugir, acuado, mas leva várias estocadas elétricas. A carne arde e se retesa. Uma complexa reação química começa no cérebro, atingindo todas as células e fibras . E a resposta do corpo à violação do corpo. Debate-se em vão, ataca, em vão. E amarrado, fortemente, é conduzido para o interior do grande carro. Há outros como ele, um em cada compartimento. Estão atordoados, sem entender por que foram expulsos dali. O trajeto é sinuoso, cheio de solavancos, vibrações irritantes, paisagens estranhas. De vez em quando uma nova parada. Mais um embarcado, ofegante, perplexo.

A chegada é violenta, então o medo aumenta. Recebe novas estocadas por todo o corpo, enquanto é conduzido por um angustiante labirinto de corredores e rampas. Para não ser torturado ainda mais, caminha, trôpego, por onde querem que caminhe.
Dezenas de seres iguais a ele gritam, aterrorizados. Como eles passam por vários banhos químicos, que irritam a pele e os olhos.

Não há como fugir. Impossível romper as paredes de concreto e ferro. As fezes, incontidas, escorrem pelas pernas, a urina escorre. Então uma figura familiar lhe aparece na frente, sendo levada pelos homens. Reconhece-a pelo cheiro, pelas imagens de outros tempos, afagos pueris. Os dois olham-se por alguns breves segundos. Ela está calma, resignada, e transmite a ele essa paz incomum. Os algozes não percebem, mas dos olhos dele vertem grossas lágrimas, que se misturam ao sangue escorregadio do chão. Então o pânico recua, os nervos ganham elasticidade, o coração bate compassado, a respiração sossega. Sente-se tranqüilo, estranhamente tranqüilo diante do destino que lhe reservaram. Busca na memória os acontecimentos bons que lhe marcaram a vida; ignora os momentos difíceis da sua condição. Lembra dos espaços abertos, águas e gramíneas, seres iguais em volta. O coração sorri.

Está pronto. É hora de ser conduzido ao último corredor do abatedouro. Depois do derradeiro choque elétrico vai se transformar, para eles, num monte de carne diferenciada, fonte de proteína para todos os paladares. Mas sabe, porque recebeu a Anunciação, que depois do golpe fatal, quando o sangue começar a jorrar por todos os cortes industrializados, romperá concreto e ferro, paredes, numa fuga desenfreada em busca do Éden selvagem.

*Texto retirado do livro “As Víceras e o Coração” de Jaime Ambrósio.*
Jaime Ambrosio nasceu em Anita Garibaldi, SC, em 1958. É formado em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina, tendo também freqüentado o curso de Letras. Participou de movimentos literários na vida acadêmica e foi premiado em alguns concursos, com destaque para o de contos da Sinergia. Em 1998, ganhou o Premio Cruz e Sousa com o livro Por um punhado de contos (historias do bem, historias do mal), publicado pela FCC Edições. Jornalista profissional, atua como editor de texto no SBT, em Florianópolis.
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Thursday, July 16, 2009

Segredos da Bíblia II





O Cântico dos Cânticos, atribuido ao Rei Salomão - ainda que tenha sido escrito, muito provavelmente, por uma mulher - é o livro mais polémico da Bíblia.
[...]
Entre os judeus foi necessário atribuir o poema ao Rei Salomão para que fosse aceite como livro revelado por Deus.
*
A sexualidade sai assim, definitivamente, do ambiente bíblico da sacralidade. Hoje os juramentos fazem-se sobre o livro da Bíblia, (1) mas no tempo dos patriarcas, ou seja os da Bíblia, os juramentos faziam-se, como é o caso de Abrãao com seu escravo , colocando as mãos debaixo dos genitais, que representavam para os judeus o centro da personalidade humana, a mais profunda e respeitável
*
A doutrina do Limbo durou séculos. Milhões de mães sofreram porque, por alguma razão, os seus filhos tinham morrido antes de serem baptizados. O mesmo acontecia com as crianças que nasceram já mortas e que portanto não podiam ser baptizadas, como sucedeu com uma irmã do papa Wojtyla. Como não tinha podido ser baptizada, nem sequer lhe fizeram funeral. Razão porque, quando João Paulo II quis reunir toda a família num único túmulo, faltaram os ossos da sua irmã. Onde teriam deixado os seus restos mortais?. É fácil supor a dor da mãe do futuro Papa, que era, tal como o seu marido, militar, profundamente devota, e que, logicamente, acreditava na então verdade católica do Limbo. Mais do que uma vez pensei - e escrevi-o noutras ocasiões - que talvez não tenha sido por acaso que foi o Papa Wojtyla que, tantos séculos depois, quis eliminar do Catecismo Católico Universal o Limbo das crianças, sem sequer dar explicações. Provavelmente porque não podia dá-las. A explicação mais lógica é que ele tenha podido pensar: agora que sou Papa e posso fazê-lo, vou acabar de vez com o Limbo. Assim tenho a certeza de que poderei encontrar-me com a minha irmã no céu sem ter de ir visitá-la ao Limbo

Há quem pense que dentro de alguns anos ou séculos, outro Papa poderá tambem acabar com a existencia do Purgatório, outra criação da teologia católica sem fundamento bíblico.

(A Bíblia e seus Segredos - Juan Arias)

(1) ainda hoje nos tribunais, em depoimentos, em tomada de posse de funções governativas - actos laicos! - se jura com a mão direita sobre a Bíblia dizer a verdade e só a verdade... Algo desnecessário e aberrante, misturar o laico e o que ocupa as funções de sagrado.
E como conciliar isso com o facto de alguem ser de outra qualquer religião, ser ateu ou simplesmente agnóstico?!

Tuesday, July 14, 2009

Prometeu, aquário e os tempos actuais



Prometeu (Aquário) roubou o fogo dos deuses e foi punido por Zeus (Júpiter). Com Júpiter em Aquário, agora é a vez de Prometeu receber a visita de Zeus.

A Astrologia é uma linguagem que usa uma série de símbolos para criar uma identificação entre o homem e o universo – seus pressupostos básicos estão fundados na idéia de que há uma correlação entre os movimentos cósmicos e os eventos terrestres, sejam coletivos ou individuais.

O Zodíaco na antiguidade era considerado como “a alma da natureza”, uma vez que os signos e os planetas expressam motivações, impulsos e padrões de comportamento humanos.
Nas eras homéricas essas imagens tomaram a forma de figuras personificadas como as divindades gregas: Zeus, Poseidon, Afrodite, Hércules, etc.


Como na tradição astrológica, também os mitos surgiram espontaneamente como imagens e representações coletivas em diferentes épocas e culturas e funcionam como um auto-retrato criativo da psique humana.
[...]
Na mitologia grega, os titãs eram gigantes que pertenceram às primeiras gerações das divindades da antiga Grécia.
Prometeu era um deles, filho do também titã Jápeto e da oceânida Clímene.
Seu nome significa “o que vê à frente”, ou o “previdente”. Tinha um irmão, Epimeteu, cujo nome significa “o que vê depois”, ou “o descuidado”. Um pensava antes de agir e era um estrategista, o outro agia antes de pensar, desfrutava o presente, era desprovido de reflexão.

*
Prometeu, por ter o dom da antecipação, sabia do resultado da grande batalha de Zeus contra seu pai Cronos, e oportunamente tornou-se seu aliado, orientando-o nas estratégias para vencer a guerra. Também ajudou Zeus durante o nascimento da filha Atena, que depois de dores terríveis saiu pela cabeça de seu pai. A deusa Atena, divindade ligada às estratégias da guerra, em agradecimento ensinou a Prometeu astronomia, matemática, arquitetura, navegação e outras artes.
Assim ele também passou a ensinar aos homens o que havia aprendido. Ao mesmo tempo, idealista e pretensioso, trabalhava para elevar o ser humano acima das origens instintivas, pois seu intuito seria torná-lo mais e mais semelhante aos deuses.


Inquieto, Prometeu torturava-se com a injustiça que percebia ao seu redor: por que só os deuses tinham o monopólio do conhecimento? Por que os homens deveriam contentar-se em viver eternamente dependentes dos poderes e dádivas divinas? Decidido a solucionar essa questão, Prometeu enganou Zeus.
[...]
Ao saber do roubo do fogo, e novamente enganado, Júpiter aplicou em Prometeu um duro castigo. O titã foi acorrentado por Hefaistos, o deus ferreiro (para os romanos, Vulcano) a uma pilastra no monte Cáucaso, nos confins orientais do mundo. Como se não bastasse, uma águia enviada por Zeus diariamente devorava o seu fígado, e este voltava a crescer durante a noite. O flagelo continuaria assim, mês após mês, ano após ano, por toda a eternidade.
[...]
Tempos depois, com a anuência do próprio Zeus, Hércules matou a águia e libertou o audacioso Prometeu. Mas é preciso lembrar: o titã nunca se arrependeu de seus feitos e nem de ter sacrificado sua própria liberdade em benefício dos homens.
[...]
Prometeu representa o impulso pela vida civilizada, o anseio humano de avançar através da tecnologia; rebelde com causa, esse herói semidivino é o princípio humanizador evolutivo, a inteligência humana, que, ao desvendar os segredos da natureza, supostamente terá controle sobre ela. Prometeu abriu o caminho para que os homens pudessem alcançar o progresso e tudo o que chamamos de civilização; o fogo roubado dos deuses nunca foi devolvido, significando simbolicamente que o conhecimento uma vez adquirido nunca mais se perde.

* * *
Com a passagem de Júpiter no signo de Aquário em 2009 poderíamos pensar que Zeus (ou Júpiter para os romanos) está agora na casa onde vive Prometeu (Aquário). Será esta uma visita de reconciliação? A mítica oposição poderá ser apaziguada? Abstraindo a partir do mito, cabem aqui algumas perguntas:
Poderiam o titã e o deus olímpico estabelecer agora um diálogo criativo e inteligente, uma vez que ambos são idealistas e arrojados? E se pudessem compartilhar saberes benéficos para os homens, sem radicalismos e sem punições divinas?
[...]
Conhecimento é poder, e a reflexão que se faz é: até onde ele deve ir?
Em nome do progresso e do desenvolvimento, nossa civilização – caracterizada mais que todas as outras pelo seu forte espírito “prometéico” – tem feito estragos incomensuráveis, e a ação humana contra a natureza nos últimos 100 anos foi devastadora. Seria essa a nossa hybris iluminista e cientificista pela qual estamos pagando um preço tão caro?
Se Prometeu quer a libertação humana através do conhecimento, Zeus neste signo certamente não fará oposição a ele, uma vez que, no contexto astrológico, Zeus (Júpiter) expande e põe em evidência as características simbólicas do signo em que está.
[...]
Não há como brecar ou impedir a evolução da ciência, mas a percepção de que ela precisa de limites éticos e não destruidores para o próprio homem já é um fato consumado. Pode a ciência desvendar os segredos e mistérios da natureza, gerar ou prolongar a vida impunemente? O progresso pode prescindir da degradação ambiental?
Haverá uma percepção cada vez mais clara de que os excessos do consumo desenfreado, o esgotamento dos recursos naturais e das matérias-primas, o aquecimento global, a ganância descomedida e irresponsável são parte de uma mentalidade que pede uma mudança radical e imediata por todos. Não é mais novidade que o processo civilizatório e suas promessas de bem-estar e felicidade não se cumpriram.
Todos sabemos que nossa hybris civilizatória é ecológica, moral e existencial, e o caminho para uma mudança desta trajetória já está sendo trilhado.
[...]
Nosso Zeitgeist prometéico nos avisa: somos a natureza, somos o nosso saber e as nossas próprias criações. Novos paradigmas surgem, e o que mais necessitamos agora são os valores de conexão, cooperação e inclusão. A ética e a justiça, sejam elas dos deuses ou dos homens, mais do que nunca podem e devem estar em comunhão.
*
(ler o artigo completo de Tereza Kawall, na constelar deste mês: Zeus e Prometeu, a aliança possível)

Por outro lado...


Mary Bosco
As heroínas anônimas da África
Mulheres que seguem em frente e constroem um mundo mais justo, com a experiencia de quem passou por todas as dores e seguiu viva e acreditando em si própria

As mulheres são as responsáveis pelo clima de paz em Kakuma. Estão à frente de tudo: criaram uma revista feminina,reduziram o índice de contaminação por HIV e ainda patrulham tradições como o casamento forçado
Imagine uma área com 90 mil pessoas de dez países diferentes fugindo de guerras civis. Gente de línguas, culturas e deuses diversos, sobrevivendo aos altos índices de miséria e de doenças. Um mundo cercado por arame farpado, onde ninguém tem documento nem endereço. A escola e o hospital são improvisados, os ônibus não passam, as visitas não chegam. Coloque esse campo de refugiados na África Oriental, machista e fundamentalista (tanto muçulmana como cristã) e facilmente você concluirá: é um dos piores lugares para uma mulher viver. Ainda assim, o campo de Kakuma, administrado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, no norte do Quênia, é um exemplo da força feminina. "Mesmo tendo perdido maridos e filhos, as mulheres encontram força física e psicológica para recomeçar", afirma Caroline Cherwon, da Film Aid, ONG que exibe filmes num telão instalado num caminhão. "Sem elas, esse lugar seria um caos incontrolável." A rapidez com que se recuperam dos horrores da guerra está ligada à maternidade. A tese é de Salome Munyendo, do Núcleo de Eqüidade de Gênero e Direitos Humanos da Fundação Mundial Luterana. "Elas dão a volta por cima porque alguém tem que preparar a comida, buscar água, lenha, cuidar dos filhos. Não podem sentar e esperar o luto passar", diz. Por isso, as ONGs preferem emprestar dinheiro para as mulheres abrirem negócios como salões de beleza, lojas e restaurantes. Há muitos traços comuns na trajetória das refugiadas. Quase todas viram suas casas serem destruídas, passaram fome e sede e percorreram longas distâncias até encontrar o abrigo da cidade de Kakuma, a 100 quilômetros da fronteira sudanesa. Esquecido pela chuva, o lugar vive sob uma névoa de areia. O calor derrete e o sol de inverno doura os telhados feitos de latas de óleo. Nesse cenário, as mulheres se destacam como verdadeiras heroínas, já que aprendem novas habilidades para socorrer quem tem menos que elas.
Escolhemos cinco personagens para traduzir o espírito da africana. São elas: Mary Bosco, 50 anos, do Sudão; Florence Odwar, 38, e Angela Khassons, 40, de Uganda; Jenta Ahmed Gas, 32, da Somália; e Ester Maiaribu, 46, do Burundi.
Veja por que suas histórias impressionam.
Mary foi obrigada, ainda jovem, a se casar com o cunhado porque a irmã morrera. "Esse é o costume no meu país", conta. Criou três sobrinhos como filhos. Em 1999, o cunhado-marido desapareceu e ela acabou presa por tropas do governo numa reunião do conselho de igrejas. Acusação: converter muçulmanas ao cristianismo. Foi estuprada e torturada. Conseguiu fugir três semanas depois, mas caiu nas mãos de guerrilheiros rebeldes. As cenas de estupro se repetiram até Mary aceitar o casamento com um oficial. Fugiu de novo, pegou uma carona num caminhão, que parou no Quênia, pediu asilo e, dias depois, entrava em Kakuma. Cheguei moral e fisicamente destruída... Não sei como não morri de depressão", lembra. O que lhe garantiu energia foi o reencontro com os sobrinhos."Para mim, vê-los vivos foi como um milagre." Mary se recuperou e virou uma ativista. Sua causa? Lutar contra a violência sexual. Ela denunciou inúmeros estupros e coordena grupos que encorajam mulheres a não se calar diante das agressões. Por causa do trabalho, ganhou a confiança das sudanesas e, é claro, a antipatia dos homens, acostumados a um modelo de sociedade onde a mulher vale menos do que os bois que eles criam.
Florence Odwar
também chegou de caminhão, escapando da perseguição política, no início dos anos 90. Cruzou a fronteira deixando tudo para trás, inclusive uma filha e o marido, que lutava na guerra civil em Uganda. "Ouvi dizer, depois, que ele morreu", conta com certa passividade. Por nove anos perambulou como nômade até parar em Kakuma, onde reencontrou a filha. Há três anos, se tornou líder comunitária. Foi assim: um ministro de Estado visitava o campo quando Florence fez um contundente discurso sobre a condição das mulheres. Para se expressar melhor aprendeu inglês. Também fez um curso de culinária industrial e montou um grupo para preparar refeições em eventos organizados pelas agências internacionais. No início de 2005, entrou para o jornal comunitário e criou a Women's View, uma revista para mulheres. "É assim que ganhamos voz para denunciar nossos problemas", explica, com firmeza impressionante.
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Monday, July 13, 2009

cultura de repressão...



Jornalista sudanesa arrisca 40 chicotadas por ter vestido calças
Uma jornalista sudanesa acusada de andar vestida de forma "indecente" - com calças - pode vir a ser condenada a 40 chicotadas, se for condenada por crime contra a ordem e moral pública no Sudão.

Lubna Ahmed al-Hussein, que publica textos regularmente no jornal de esquerda Al-Sahafa e também trabalha para a Missão das Nações Unidas no Sudão, foi presa no início de Julho em Cartum, a capital do país, quando se encontrava no interior de um restaurante. Os polícias pediram a todas as mulheres vestidas com calças para os acompanharem e, dois dias mais tarde, dez das 13 foram convocadas pela esquadra do centro da cidade onde tiveram de se deslocar para levar 10 chicotadas cada uma, disse a jornalista. As outras três mulheres, entre elas Lubna Ahmed al-Hussein, foram acusadas de violar o artigo 152 do código penal sudanês, que prevê uma pena de 40 chicotadas para quem cometa um acto indecente, viole a moral pública ou vista roupas indecentes. Contrariamente a outros países da região, as mulheres estão muito presentes na vida pública do Sudão, país maioritariamente muçulmano, mas algumas leis continuam a ser descriminatórias, denunciam as organizações de defesa dos Direitos do Homem.
(Agencia Lusa)

Encontrei esta notícia hoje e fiquei a pensar que se calças (que embora dependendo do modelo podem muito bem ser uma vestimenta sóbria e formal que até uniformiza as formas do corpo alem de o manter literalmente fechado em tecido...) são algo indecente, como seria se as pessoas acusadas estivessem usando calções ou saia curta.
Só trajes tradicionais seriam admissiveis?
É isto um pais que pretende ter as mulheres presentes na vida activa... mas só se usar trajes tradicionais? E se não usar arrisca-se a levar chibatadas.
Qual será a vestimenta imposta aos homens? Presumo que esteja fora de questão estar em publico em trajes que deixem o corpo exposto.
Nos conselhos do portal das comunidades portuguesas aconselha-se os viajantes: "Convém respeitar a sensibilidade dos habitantes do Sudão, país muçulmano, sobretudo ao nível do vestuário e dos comportamentos."

É uma pena mas é a realidade: presentemente, em toda a zona muçulmana em guerra a imposição de dogmas atraves de violencia extrema é uma constante... :(
*
Darfur: Violação como arma de guerra - a violência sexual e as suas consequências
Relatório da Amnistia sobre os horrores praticados em guerra: vitimadas duas vezes em função do género, as mulheres alem de alvo de violacões em cenário de guerra, são usadas como meio de degradação para todo o meio em que se encontram inseridas: lá as vítimas de violação são consideradas culpadas da mesma (!) e geralmente repudiadas pela familia.
Se engravidarem e derem à luz, o cenário piora consideravelmente: numa sociedade onde a violação sexual é considerada um tabu e uma vergonha para os sobreviventes, as crianças que são geradas em consequência são consideradas como “crianças do inimigo”, como “crianças Janjawid”. As sobreviventes e os seus filhos são marginalizados pela sua comunidade
Na maioria dos casos, os “Janjawid” violaram as mulheres em público, em frente aos seus maridos, familiares ou outros membros das suas comunidades. A violação é, em primeiro lugar, um crime contra os direitos humanos de mulheres e raparigas; nalguns casos, em Darfur, é também claramente usado como humilhação, quer da mulher, quer da sua família ou comunidade. Insultos raciais acompanham a violência sexual, de acordo com os testemunhos recolhidos para a Amnistia Internacional. Isto sugere que estas mulheres são o alvo de violência sexual não apenas devido ao género, mas também porque pertencem a um grupo étnico específico. Os atacantes têm também a intenção de engravidar à força mulheres de grupos étnicos particulares
(...texto)
Impossivel não pensar que espécie de triste consciência tem um homem - se é que tem alguma espécie de consciência, que usa como arma de guerra a intenção de engravidar à força mulheres de grupos étnicos particulares.
Depois o meu pensamento seguiu naturalmente para a curiosidade de se alguma vez se colocará a uma cabecinha dessas, e ao seu infeliz e solitário neurónio obcecado por guerra, a possibilidade de pensar numa criança gerada nessas condições -filho dele tambem! Na terrivel e dificil vida que esse ser vai ter.
Mas isso deve ser pedir muito, o neurónio ainda morria de curto-circuito.

Friday, July 10, 2009

A Biblia e os Seus Segredos

Ao primeiro olhar o livro interessou-me moderadamente

A Biblia e os Seus Segredos

Peguei e tentei saber um pouco mais e, apesar de um pouco de pé atrás com o título sensacionalista, fiquei suficientemente interessada para o trazer para casa.

É escrito pelo escritor e jornalista Juan Arias, (entrevista) tido como profundo conhecedor e estudioso da realidade do Vaticano.

* * *

Durante séculos, a ninguém passou pela cabeça de que algo narrado na bíblia pudesse 'não ser verdade'. Esses escritos, que contam a aliança do povo de Israel com o seu Deus, foram considerados tanto pelo judaísmo como pelo cristianismo, como revelados ou inspirados por Deus. Por conseguinte 'tinham' de ser verdade. E, em caso de conflito, por exemplo, entre o narrado na Bíblia e o descoberto pela ciência, era a ciência que, necessariamente, estava errada.

Só com a chegada da revolução industrial e tecnológica, em princípios do século XVIII e com a diferenciação entre o secular e o religioso, houve estudiosos da Biblía - fora e dentro dos limites da Igreja - que comecaram a ver tais escritos com outros olhos, prescindindo do seu carácter sagrado
[...]
Na obra 'Bible Unearthed', sem dúvida o estudo mais moderno e melhor documentado sobre as origens do antigo Israel e dos textos biblicos, os seus autores, Israel Finkelstein e Neil Asher, escrevem, acerca do tema do êxodo do Egipto, uma das coisas mais polémicas sob o ponto de vista histórico: 'A epopeia da saída de Israel do Egipto não é nem verdade histórica nem ficção literária.

*

...mesmo dentro do mundo judaico, considera-se que a grande revolução de Jesus de Nazaré foi a sua luta a favor da igualdade da mulher.

Com simplicidade, o profeta esqueceu-se dos tabus que existiam no seu tempo contra as mulheres e tratou-as como seres humanos, com os mesmos direitos que os homens. Se era proibido falar com uma mulher na rua ou tocar-lhe, Jesus deixava-se abraçar mesmo pelas prostitutas. Se a mulher tinha um lugar reservado no templo, separada dos homens, se não podia estudar a Bíblia, Ele faz-se acompanhar por mulheres juntamente com os discípulos, [...] Se o adultério era castigado com a pena de morte por lapidação, Jesus, escrevendo com o dedo sobre a poeira das lajes da entrada do Templo, faz com que um grupo de velhos se afaste cheio de vergonha, eles que, para provocar a sua indulgência para com as mulheres, lhe trouxeram de rastos o corpo jovem de uma mulher apanhada em pecado, recordando-lhe que a lei ordenava que ela fosse apedrejada até à morte. Jesus salvou-a.(*)
*
...a história da igreja e dos seus bispos e papas está cheia de grandezas e de misérias. Poucos poderiam imaginar, por exemplo, como foi a tarde anterior à morte do Papa João Paulo I, que tinha sido eleito sucessor de Pedro trinta dias antes. Segundo o guarda-suiço que, por norma, passeava continuamente pelo corredor dos aposentos papais, houve uma disputa tão acalorada entre o pontífice e os cardeais da cúria romana no gabinete pontifício, que se podia ouvir ao longe os gritos e mesmo os murros que suas eminências davam em cima da secretária do Papa.

Se o que aconteceu naquela tarde - segundo alguns, aquela acesa disputa, esteve na origem do enfarte que o Papa sofreu durante a noite - talvez nunca o venhamos a saber. Sabemos, isso sim, que os cardeais tiveram com ele uma acesa discussão porque lhes tinha proposto algumas mudanças que não lhes agradavam. João Paulo I era um papa conservador na doutrina, mas muito lúcido no que se refere ao exemplo que a igreja devia dar ao mundo, especialmente no que concerne à pobreza. Parece que, naquela tarde, o Papa teria sugerido aos cardeais que abandonassem os palácios vaticanos, permitindo assim que uma instituição internacional ali se instalasse. A sua ideia era transferir-se com os seus acessores para um subúrbio pobre de Roma para dar o exemplo ao mundo. A ideia não deve ter agradado demasiado aos seus colaboradores, e é verdade que os gritos dos cardeais e os murros em cima da mesa de trabalho do Papa se podiam ouvir cá fora. Os apontamentos daquela turbulenta sessão de trabalho com os cardeais - e não o livro de orações de Tomás de Kempis (A Imitação de Cristo) - era o que João Paulo I tinha sobre a cama quando o enfarte o surpreendeu. Uma grande mágoa? Estas notícias publicadas no dia seguinte pelo diário espanhol El País, só foram confirmadas vinte e cinco anos depois; alguns acessores próximo do Papa misteriosamente falecido admitiram que tal discussão em tom muito elevado ocorreu de facto.

*
uma tese recente abalou a opinião pública em finais do século passado: o jornalista norte-americano Michael Drosnin trabalhara no Washington Post e no Wall Street Journal; segundo Drosnin o famoso matemático judeu Eliyahu Rips teria descoberto um código matemático secreto no texto original hebraico da Bíblia e esse código secreto permitiria conhecer ou predizer o futuro.

Drosnin não era crente, mas ele próprio, após anos de trabalho com Rips, encontrou no tal código, entre outras coisas, o anúncio do assassínio do primeiro-ministro de Israel, Isaac Rabin. E com mais de um ano de antecipação! O nome de Rabin aparecia apenas uma vez e estava cruzado com as palavras 'assassino que assassinará'; é o que se conta no popular livro 'O Código do Bíblia', traduzido em muitas linguas.

Perante tal descoberta, o jornalista foi até Israel para avisar o primeiro-ministro. fê-lo com uma carta entregue a Rabin pelo seu amigo e poeta Chaim Guri. O código da Bíblia anunciava que o primeiro-ministro ia ser assassinado no ano judaico que começava em Setembro de 1995. E ele morreu de facto vítima do atentado que se verificou a 4 de Novembro desse ano. Depois do assassínio, Drosnin foi convocado pelo novo primeiro-ministro, que o apresentou ao chefe da Mossad, os serviços secretos de Israel, para que lhes falasse do código em questão.

Trata-se, sem dúvida, de algo mais que uma simples fantasia. A descoberta do matemático israelita foi confirmada por outros importantes matemáticos de Harvard, de Yale e da Universidade Hebraica e foi repetida por um perito do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. E a verdade é que o assassínio de Rabin não foi o único acontecimento encontrado no código secreto. Foram-no também a Segunda Guerra Mundial, o Holocausto, o escândalo de Watergate, a bomba de Hiroxima, a chegada à Lua e mesmo a colisão de um cometa com Júpiter.


* (através da conhecida frase -o que está livre de pecado, que lhe atire a primeira pedra)

Thursday, July 09, 2009

Relato de um homem normal...


que sempre criticou o vegetarianismo, mas deixou de comer carne.

Um texto muito equilibrado sobre a práctica do vegetarianismo colocado na forma coloquial. Vale a pena dar uma olhada.

O mundo está caminhando para a beira do abismo e todos sabem disso. Superpopulação, poluição, destruição da natureza, esgotamento dos recursos naturais, violência, ignorância, fome, doenças, corrupção. Tal fato é facilmente constatado no seu dia-a-dia ou através de jornais. No entanto, o que você está fazendo para resolver os problemas do mundo? Como você está agindo para se tornar um ser humano melhor e digno de habitar este planeta?
Se de repente você deixar de comer carne, alguma coisa irá melhorar? A grande maioria vai continuar comprando aquela empadoca de carne com azeitona no terminal depois do serviço, os animais continuarão morrendo para virar comida e mundo continuará com seu curso usual. Por que se tornar vegetariano? “Você sozinho não vai mudar nada”, é o que se ouve o tempo todo.

...texto...

*
Leia tambem
*
(link da A.D.A.)

Wednesday, July 08, 2009

Take me Home



gosto imenso desse menino...
que é tambem colega de signo e surprendente como muitos aquários são!
=)

Tuesday, July 07, 2009

adeus,Michael.até sempre.


(letra)
Sinto-me particularmente à vontade para falar de Michael Jackson. Não era fanática dele e da sua arte embora gostasse e fosse um prazer vê-lo executá-la. Aliás não gosto de endeusar pessoas seja em que área for. Nem de demonizar. Pessoas são isso mesmo, pessoas: seres cheios de contradições e imperfeitos por natureza. Uns mais harmoniosos e com certas áreas mais bem resolvidas, outros menos.

Pedofilia é certamente dos crimes mais cobardes e hediondos que existem. deve ser fortemente prevenido e sancionado. Ser acusado de um crime sem o ter cometido é certamente algo profundamente injusto e potencialmente destruidor, diria que é igualmente um crime profundamente cobarde e hediondo.

Mas como já deixei aqui presumo que suficientemente patente, eu estou do lado dos que acreditam na inocencia de Michael Jackson no que respeita à práctica de pedofilia. E acredito nisso absolutamente.

Uma amiga, dona de um sexto sentido a que o tempo costuma dar razão de forma quase assustadora, verbalizou o que me pairava na mente resumindo o seu sentir em curtas palavras - MJ molestar crianças? Nem pensar! Não acredito nisso. E rematou - Nesta vida, ele só fez mal a ele próprio -aludindo à manifesta dificuldade que ele tinha em lidar com a adversidade.
*
O caso dele confesso que me interessa mais enquanto reação de massas, fenómeno sociológico de amor-ódio, do que drama pessoal de alguem que, com uma bagagem de boas razoes trazidas da infancia se recusou a crescer e endurecer (e é possivel endurecer sem perder a ternura, gente!) Obviamente a vertente de sofrimento individual tambem aqui é tida, e muito, em conta, mas a partir de um certo grau de mediatismo toda a individualidade vira símbolo do colectivo anónimo.

*

O Senhor Universo, que tem um sentido de humor muito próprio, colocou-me de pára-quedas na passada semana numa situação inédita para mim: fui a única testemunha presencial e visual de um facto acontecido e impossível de provar a não ser desse modo -estando presente e vendo. Um dia depois havia quem -não tendo estado presente, dissesse em alto e bom som -eu vi! e partisse para uma descrição diametralmente oposta ao acontecido e que implicava na culpabilização de alguem inocente
Quando numa epifania descobri a sincronicidade entre o episódio que testemunhei e a minha postura no caso de MJ só pude sorrir, e pensar que se algo relativamente insignificante e anónimo se passa num pequeno círculo, tambem se deve passar certamente muita vez em escalas maiores

*

Se eu tinha algo para dizer tinha que ser agora.

Porque daqui a uns dias já ninguem quer saber...

e já ninguem pode ouvir falar disto.

Num mundo cada vez mais superficial nem sequer é politicamente correcto aprofundar ou insistir seja no que for. Há que partir rápidamente para a proxima notícia, a próxima relação, o próximo escandalo ou o próximo sucesso.
Talvez as almas mais sensíveis possam pensar duas vezes quando uma acusação é feita e fazer elas próprias um saudável contraditório interno: "será que é como toda a gente diz?"
Em termos sociais parece que é sempre necessário haver umas quantas vítimas apedrejadas mentalmente até à morte para aprender qualquer coisa tão simples como somos inocentes até ser feita prova de culpa.
como se sempre tivesse de haver mártires de um qualquer karma colectivo.
*
Mas eu quero assumir o que sinto como verdade, e só posso juntar a minha voz à deste blogueiro não só em todo o texto mas muito especialmente quando diz que Michael Jackson era um homem hiper-sensível, talvez a um nível que muitos nunca compreenderiam.

o que é mais uma razão para dizer tambem

Descansa em paz, onde quer que estejas, Michael – o mundo decente sentirá a tua falta.

*

Tocantes palavras de Quincy Jones: perdi meu irmão mais novo hoje, e parte de minha alma se foi junto com ele".



Monday, July 06, 2009

como te entendo, Johnny Depp!


[...] Ora bem, génios já são, por si, anormais e dados a almas eremitas. Mas o Johnny Depp está mesmo a passar-se. Casou com uma francesa, sinal vermelho de que há por ali espírito do contra. Faz filmes com o Tim Burton e com o Terry Gilliam, quer dizer, coisas tétricas ou cheias de drogas endeusadas pelo Hunter Thompson. Agora comprou uma ilha nas Antilhas e, diz-se, vai receber 60 milhões de dólares pelo Piratas das Caríbas 4, que a Disney já tem em produção. Muito dinheiro, muita fama e muita necessidade de isolamento não dão, regra geral, bom resultado. Vejam o caso do John Foster Kane. Ou do Marlon Brando, com os últimos anos da vida ocupados a gerir filhos homicidas ou suicidas. Fica o pedido: Johnny, não enlouqueças tão cedo.
Resposta dele: "Já está a acontecer", disse o actor em relação à possibilidade de se transformar num shut-in germofóbico tipo Howard Hughes ou num exilado civilizacional em estilo Mosquito Coast. Mas, socorro!, será que não tem medo de que essa tendência anti-social se transforme numa patologia? "Não estou preocupado. Esse tipo de patologia não me incomoda. A sério que não. Se a escolha que me é dada resume-se a: ter de passar a vida a ser observado ou ter de viver sentado numa cadeira num quarto às escuras, claro que vou preferir o quarto às escuras. A definição daquilo que é normal tem-se expandido. Não é o que era".
what?!?

há notícias que me dão vontade de fazer umas malinhas e ir passar uma belissíma temporada a uma ilha maravilhosamente deserta.
mas talvez seja eu que não tenha sentido de humor, porque, ha,ha,ha, afinal, qual é o mal?!
Há, de facto, muito a dizer sobre este filme mas, para não fugir à minha rota lustrosa feita de baba de lesma, a única coisa que quero saber é como é que os pais do bebé deixaram que o filho fosse usado nas cenas da masturbação, de facto um dos momentos altos desta ressaca debochante acompanhada de colapso moral. [...] sentei-me a escutar o realizador Todd Phillips em pleno Caeser's Palace. "A ideia foi do Zach. Tinhamos muitos bonecos à nossa disposição, para podermos ensaiar as cenas do bebé ou para podermos fingir que havia ali um bebé a sério. Um dia o Zach está a brincar com um dos bonecos de borracha, chega-se ao pé de mim e, com a mão dele a guiar a mão do boneco, finge que tem ali um filho bebé a masturbar-se. Eu, que continuo a ter 14 anos na alma e no coração, escangalho-me a rir. Digo logo que, no do dia seguinte, vou meter essa ideia no filme. [...] Para a cena não iamos usar um boneco mas um bebé real. Era preciso autorização. Resolvi logo que, de todos os bebés disponíveis, ia escolher aquele que tinha um pai fã do meu filme Old School. Aliciei-o com a ideia de o filho, apesar de bastante jovem, poder fazer parte de uma comédia tão histórica como o Old School. Que cenas gostava o pai da criança quando via o Old School? Pois, nem mais! O filho podia agora fazer parte de uma cena igualmente hilariante. Apesar disto o pai disse logo que nem pensar, que mostrar o filho recem nascido naquela vergonha nunca iria ser aceite pela esposa. Assegurei que a esposa não tinha de estar presente a esse dia das filmagens. Ficava tudo entre nós. O pai acedeu. No dia seguinte, estavamos a fazer a cena à revelia da mãe do bebé mas ela aparece. Foi na piscina do Caeser's Palace. Aparece e põe-se logo aos gritos com o marido. Quando vem defrontar-me, não dou parte fraca. Digo-lhe que sim, que falara com o marido mas que tinha presumido que o acordo era comum. 'O quê, ele não obteve a sua aprovação? Que estranho? Julguei que era assim que vocês funcionavam'. Mandei-a mesmo pelo rio abaixo, sem remos e em direcção às cataratas", disse-lhe Phillips, confirmando que Hollywoold continua, sorte nossa, a não ter piedade dos bons costumes. "Sei hoje que a mãe do bebé gosta mesmo do filme. Está felicíssima com o resultado final". Claro que está. Hollywood adora finais felizes. Alem disso, quando a cena mete masturbação, regra geral é que se registe um grande prazer a acompanhar as palavras The End.
*

no mesmo jornal,

os delírios em cima da imagem criada e vendável...

mas... 0% de atenção ao ser humano atrás da imagem.

*

what ?!? II

Milk of Amnesia
O propofol é uma substância delicada. Dos estagiários hospitalares que se tornaram dependentes, 40% morreram de overdose. Há casos de médicos que passaram a pescar embalagens nos caixotes do lixo da secção de cirurgia só para poderem aproveitar as últimas gotas. Um bocadinho coloca uma pessoa a dormir, mas um nadinha mais provoca facilmente uma paragem total do relógio coronário.
É usado na veterinária, nas salas de operação, e nunca, mas nunca, está disponível ao público. Controladíssima, é uma substância capaz de parar o coração se for tomada em excesso. Branca, brilhante, parece-se com leite.
Os anestesistas gostam de brincar com o poder daquela fusão química. Referem-se ao propofol com a expressão Milk of Amnesia. A evasão corpórea é total, como todos aqueles que já foram operados sabem. Não se trata de apenas estancar a dor, seja ela física ou existencial. A remissão para uma vida paralela é instantânea. O cérebro não fica apenas adormecido. Fica suspenso e vai viver outra vida melhor.

Curiosamente, num estudo publicado recentemente sobre o uso daquela substância entre a classe anestesista, os números apontaram numa direcção interessante. A maioria dos dependentes, sobretudo no escalão feminino, tinha sofrido traumas quando criança, por vezes violações, por vezes outros maus tratos físicos de natureza sexual. Para estes, o propofol vinha mesmo a calhar: tal como quando usado legalmente para anestesiar um paciente na sala de operações, o indivíduo necessitado injectava-se e ficava imediatamente inconsciente. Durante uns momentos era livre de flutuar para alem daquele corpo.
Omar S. Manejwala, médico que dirige o William J. Farley Center na Virgínia, um centro de recuperação e reabilitação que dá atenção especial aos casos de abuso de substâncias entre o pessoal médico, disse: "Um dos traços comuns das desordens psicológicas resultantes de um grande trauma é a hiperactividade maníaca. Há um esforço contínuo para bloquear mentalmente o que se passou".

De cura para as insónias, o fármaco evolui para cura de tudo o resto. Facilmente se torna indispensável. Manejwala reiterou a ligação entre um facto e outro. "Nunca vi uma ligação tão forte entre um medicamento e a possível incidência de trauma, sobretudo trauma de índole sexual. É realmente espantoso".
*
(ao ler os comentários ao artigo encontrei um de alguem que se dá a conhecer como médica veterinária e retira algum brillho ao sensacionalismo fácil e excessivamente superlativo do artigo em favor do rigor técnico. Ainda bem, mas a questão de fundo para mim foi casos de abuso de substâncias entre o pessoal médico. Ok. Parece que quem chama a si a missão de curar corpos alheios tambem sucumbe à dor de viver no mundo.)
*

imagem

pessoas... que mudam de opinião e comportamento com mais velocidade que a lua muda de fase ...

Não foi assim há tanto tempo que os jovens urbanos, sobretudo os negros, só ouviam hip hop enquanto iam ao volante. Janelas abertas, carro implodindo de potência stereo e muito hip hop para acordar a vizinhança. Yo, testosterona! Wassup? Não havia alma que se atrevesse a ouvir Michael Jackson, o magro, o branco, o fraco, o antigo. Hoje, é só ele quem canta em cada viatura que passa aos gritos. Em cada carro, uma homenagem. Los Angeles rende-se à despedida do invencível com hinos a 100 à hora. De facto, um thriller.

Sunday, July 05, 2009

o efeito 'montanha russa'

Alguem que viveu de certeza o efeito montanha russa na opinião pública foi Michael Jackson,
de histéricamente idolatrado a alvo de acusação e eterna suspeição, mesmo depois de ilibado judicialmente.
Como se houvesse toda uma bolsa invísivel de raiva global que é preciso despejar em cima de alguem a jeito, que sirva de catalizador, urgentemente. Vê-se o fenómeno cair em desgraça acontecer todos os dias nas mais diversas escalas; banais situaçoes familiares, sociais, laborais, políticas, financeiras... e claro, no mundo artístico.
De repente o/a amado torna-se no monstro dos nossos colectivos medos e alvo de fúria destruidora mais ou menos explícita; da piadinha cinicamente engraçada e corrosiva ao isolamento ou ataque mais frontal, a vampirização destrutiva começa.
E onde está a estrutura e capacidade de lidar com isso tudo?!
Humm... até desconfio porque a maior parte das pessoas que passa por essa prova lida tão mal com ela: estarem em estado de pedintes de amor, voltados para o exterior, a espera de nutrição e aprovação vinda dos outros, quando primeiramente teriam de a encontrar dentro de si mesmos para realmente a sentirem.


Tempos de relativa normalidade no casamento com Lisa Marie Presley, segundo ela romance de dois apaixonados e não casamento de fachada - como muita imprensa quis dar imagem.

Num artigo, Randy Taraborrelli -um jornalista que se dedica a escrever biografias de celebridades, fala de vários episódios na vida de MJ, nomeadamente na falta de identificação que Jackson sentia ao ser testemunha das traições matrimoniais do pai, além da tentativa dele avisar e preservar uma rapariga da conduta sexual predatória dos irmãos:

[...] Aged 14, he intercepted a girl named Rhonda Phillips on her way to an after-show assignation with his brother, Jackie. 'Don't go,' Michael pleaded with her.
Rhonda asked why not. 'My brothers don't treat girls too good,' he responded. 'Don't go.'
Rhonda ignored his advice, went to Jackie's room anyway, had sex with him - and was ushered out less than half an hour later, feeling utterly used.
She was walking down to the street when a white Rolls-Royce pulled up. Michael got out and asked if she'd had sex with his brother. 'Yeah,' she answered and began to cry.
'Did he make you do it?' he asked. 'No,' she said. 'I wanted to.' 'You wanted to?' said an astonished Michael. 'But why would you want to?' Michael never followed his brothers' interest in groupies.

(Dando o que as pessoas querem ver: performance de MJ, com Billie Jean, música a par de um episódio na vida real -acusado por uma fã de ser pai do filho)

último vídeo de ensaio, não me parece tão magro e fora de forma assim...

* * *

(e como já muita gente me perguntou quem é a loura da guitarra, fica a informação: ela é Orianthi e sim, toca guitarra eléctrica espectacularmente)

Saturday, July 04, 2009

onde se fala de homens risonhos. (e jeitosos!)



Confesso que esta polémica me apanhou de surpresa. Desconhecia-a por completo.
Segundo os dados que entretanto tomei conhecimento, o filme jean-charles (relatando o assassinato por engano pela polícia londrina de um emigrante brasileiro confundido com um terrorista na paranóia à escala mundial pós-11 de Setembro) foi dirigido por Henrique Goldman, cineasta brasileiro agora radicado em Londres.

A questão central é: sendo o próprio director Henrique Goldman alvo de polémica enquanto acusado de estupro e sexismo, estaria certo boicotar o filme (prejudicando assim tambem outras pessoas, actores e restante equipa que não tem nada a ver com o assunto?) ou, em nome da divulgação ao mundo de um facto profundamente lamentável e condenável, não o boicotar?

Não é uma questão fácil.

Encontrei no Escreva Lola Escreva -e posteriormente em mais blogs, mas este tem um desenvolvimento mais concentrado do assunto em dois posts cheios de informação e debate, comentários incluidos. Além de muitos outros posts interessantes.
*
Sobre a acusação de que H Goldman é alvo:
Curiosamente foi originada pelo próprio quando atraves de uma crónica supostamente conta um episódio que teve de imediato a interpretação pública de confissão de violação.
Quando a reacção pública começou a atingir proporções não previstas foi altura de vir a público desmentir e invocar ficção.
*
A nível pessoal, independente de ser real ou ficção, acho a crónica do maior mau-gosto, canastrona na sua pseudo boa-intenção e terrivelmente egóica. Parece que o fim último é aliviar uma consciencia pesada, sem consideração pelos eventuais sentimentos actuais e direito à privacidade das demais pessoas envolvidas no processo.
Qualquer acerto e pedido de desculpas só faria sentido privadamente, entre os próprios.
Demitir-se de responsabilidades no processo, culpar as hormonas e o país deixam-me grandes dúvidas sobre maturidade.
E já agora dá jeito já ter prescrito.
Ou seja, verdade ou ficção, mais valia ter estado caladinho

Fala aí, ô!

EleanorRoosevelt para a posteridade - Riverside Drive at 72nd Street
*
FAÇA O QUE VOCE SENTE QUE ESTÁ CERTO EM SEU CORAÇÃO, VOCE SERÁ CRITICADO DE QUALQUER MANEIRA.

(ELEANOR ROOSEVELT)
*
Frases de alguem que mostra conhecer bem a natureza humana... e uma das Primeiras Damas mais interventivas e influentes que a Casa Branca já conheceu.

*
Você precisa fazer aquilo que pensa que não é capaz de fazer.

*
A melhor maneira de prever o futuro é inventá-lo.
*
O importante é isso: Estar pronto para, a qualquer momento, sacrificar o que somos pelo que poderíamos vir a ser.
*
Se alguém trai você uma vez, a culpa é dele. Se trai duas vezes, a culpa é sua.

Friday, July 03, 2009

Angel of Harlem

Texto a ler sobre o quanto o racismo é um dos flagelos mais insidiosos da nossa sociedade. Embora a partir do caso MJ, as observações transcendem-no. Podem-se adequar igualmente quando falamos de especismo, sexismo ou qualquer tipo de discriminação. Em todos esses casos existe o desprezo, a minoração de importancia e eventual dificuldade que pode ir até à morte, de milhões de vidas.

[...] todos se manipulam, isto é, viver é modificar a si mesmo, se governar, ser influenciado e influenciar. O problema é quando nos modificamos colocando em risco nossa própria vida. O racismo tem esse poder. Não se trata de definir se somos vítimas ou livres das forças acachapantes que nos atravessam pelos meios de comunicação, escola, universidade, forças produtivas, família, Estado, etc.
O que está em jogo não é definir se Michael Jackson era mais vítima ou mais autônomo. Em certa medida, todos somos produtores e produtos, simultaneamente, do meio e de nós mesmos. Michael Jackson foi mais um autor e uma marionete da política de racismo. o que distingue as pessoas são os instrumentos que elas dispõe que associados com as intenções pode fazer a diferença entre o grau de autonomia e o grau de assujeitamento e submissão.


(texto completo)



Angel of Harlem, uma das músicas escolhidas pelos U2 nos últimos dias para homenagear Michael Jackson que é tambem o autor da letra.
(as letras das canções de MJ eram maioritariamente compostas pelo próprio e iam reflectindo as suas próprias experiencias)
*
Foi um dia frio e molhado de dezembro
E nós tocamos o chão de JFK
A Neve derretendo sobre o chão
Em BLS ouvimos o som de um anjo
New York é como uma árvore de natal
A noite, essa cidade pertence a mim, anjo
Amor materializado, e esse amor não me deixará ir
Até mais, anjo de Harlem
Terra de pássaros na cinquenta e tres
As ruas funcionam como uma sinfonia
Pegamos John Coltraine e o amor supremo
Mile´s e ela parece ser um anjo
Lady Day tem olhos de diamantes
Ela vê a verdade atrás das mentiras,
amor materializado, e esse amor não me deixará ir
Até mais, anjo de Harlem
Anjo de Harlem
Ela diz que isto é o coração,
o coração e o soul
Luz azul pela avenida
Deus sabe que eles presentearam para você
Um copo vazio, o canto da dama
Olhos assoberbam- se como de um maníaco
Cegamente, você perdeu seu caminho
Pelos passeios das ruas e o caminho
Como uma estrela explodindo na noite
Caindo pela cidade em plena luz do dia
Um anjo com um calçado de demônio
Salvação pelo blues
Você nunca pareceu um anjo
yeah, yeah, anjo de Harlem
Anjo, anjo de Harlem

Wednesday, July 01, 2009

mais um livro lido! :-)



Dividida entre mil solicitações e mais livros, só agora acabei de ler A Minha Herança de Barack Obama. Gostei e de facto tem ritmo de romance, como já alguem disse. Sobretudo transparece nele a capacidade de observação, empatia e sensatez que conduziram o autor com êxito através de todos os seus desafios pessoais.
O livro fecha assim, com a cerimónia de casamento de Michelle e Barack.

Na entanto, a pessoa que mais me deixou orgulhoso foi Roy. Na verdade agora chamamos-lhe Abongo, o seu nome Luo, porque, há dois anos, decidiu reafirmar a sua identidade africana. Converteu-se ao Islão e jurou renunciar a carne de porco, ao tabaco e ao alcool. Continua a trabalhar na sua firma de contabilidade, mas fala em regressar ao Quénia quando tiver dinheiro suficiente. Com efeito, quando nos encontrámos em Home Sequared, andava atarefado com a construção de uma cabana para ele e a mãe fora da propriedade do nosso avô, de acordo com a tradição Luo. Disse-me que o seu negócio de importação progredira e que esperava que em breve desse o suficiente para empregar Bernard e Abo a tempo inteiro. E quando fomos juntos até à sepultura do Velho, reparei que finalmente, havia uma placa no local onde estivera cimento nu.
O novo estilo de vida de Abongo deixou-o magro e com o olhar limpo e, no casamento, parecia tão digno com a sua túnica africana, negra debruada a branco, e chapéu a condizer que alguns dos convidados o confundiram com o meu pai.
[...]
Não que essas alterações que sofreu estejam isentas de tensão. Tem tendencia para fazer longas perorações sobre a necessidade que o homem negro tem de se libertar das influencias venenosas da cultura europeia e censura Auma por causa daquilo que chama os seus hábitos europeus. As palavras que diz não são totalmente suas e por vezes pode parecer rígido e dogmático. Mas a magia do seu riso continua a existir e podemos discordar sem rancor. A sua conversão proporcionou-lhe um terreno sólido para se firmar, um orgulho pelo seu lugar no mundo. Vejo a sua confiança crescer sobre a sua base; começa a aventurar-se noutros terrenos e a fazer perguntas mais difíceis; começa a libertar-se das fórmulas e dos slogans e a decidir o que é melhor para ele. É um processo inevitável porque o seu coração é cheio de bom humor, a sua atitude para com as pessoas demasiado gentil e propensa ao perdão, para que se contente com encontrar soluções simples para o quebra-cabeças de ser um negro.
Perto do fim da festa observei-o a fazer um grande sorriso para a câmara de vídeo, com os seus longos braços estendidos sobre os ombros da minha mãe e de Toot, cujas cabeças mal atingiam a altura do seu peito.
-Eh, irmão - disse-me, enquanto me dirigia para os três. - parece que agora tenho duas novas mães.
Toot deu-lhe uma pancadinha nas costas.
E eu tenho um novo filho - retrucou ela, embora quando tentou dizer "Abongo" a sua língua do Kansas tenha tornado o nome irreconhecível.
O queixo da minha mãe começou a tremer outra vez, e Abongo ergueu o seu copo de ponche de frutas para fazer um brinde:
- Àqueles que não estão aqui connosco - disse.
- E a um final feliz - acrescentei.
Vertemos as nossas bebidas no chão de mosaico axadrezado. E nesse momento, pelo menos, senti-me o mais feliz dos homens.