Friday, November 27, 2009

..."fomos os últimos a aparecer sobre o planeta e seremos os primeiros a desaparecer!"


...para grande alivio de todos aqueles de quem somos os principais predadores e carrascos -acrescento eu.
(não lembro agora quem é o autor/a da frase que dá o título ao post)
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«L’avocat des bêtes»! O advogado dos animais, ou das bestas, para aqueles menos versados na língua de De Gaulle, o tal que disse que o Brasil não era . . . Um livro extraordinário que acaba de ser publicado, infelizmente, só em França.
*

O autor, Michel Klein, veterinário, especializado em animais ditos selvagens, há décadas que prega: Por causa dos homens, numerosas espécies de animais têm desaparecido. Se não tomamos urgentes providências um dia é o homem que desaparecerá.

Como é triste ter que estar inteiramente de acordo com tão fúnebre perspectiva!

Numa entrevista na TV disse ainda o Dr. Michel: Nós não somos mais do que um chimpanzé com o cérebro um pouco maior!

E mais: Em milhões de espécies animais, o homem é o único que criou um completo sistema de auto destruição: governos, administração pública, impostos, exércitos, etc., para subjugar toda a espécie, acabando por se aniquilar!

Matamo-nos por bel-prazer, destruímos o nosso meio ambiente, por ignorância e sobretudo ganância (e o de milhares de espécies animais de quem também dependemos) e insistimos em cientificamente nos querermos intitular de sapiens. Sabemos, sim, destruir.

Os outros animais, não chamados de sapientes mas que sabem muito, muito, de inúmeras coisas de que nós nem suspeitamos – como por exemplo os tais chimpanzés que distinguem no meio das florestas (as poucas que lhes sobram) as plantas e os minerais que devem comer quando estão doentes, o que o sapientíssimo homem só sabe quando vai ao médico e olha lá . . . - ao conversarem entre si devem considerar-nos não um parceiro, nem mesmo um longínquo parente, mas algo que surgiu neste mundo para desgraça global.

Fazemos cinzeiros e porta-canetas das mãos desses maravilhosos primatas, bengaleiros das patas dos elefantes, ingerimos pó de chifre de rinoceronte como afrodisíaco, matamos aves maravilhosas para nos enfeitarmos e filhotes de focas para fazer sofisticados casacos de peles, mantemos em cativeiro passarinhos minúsculos porque cantam bem, etc. Ah! E ainda usamos insecticidas e pesticidas para matar mosquitos e quejandos que já andavam por este mundo bem antes da vovozinha Lucy ter visto a luz deste planeta há uns dois ou três milhões de anos.

Parece que de sapiens nada temos. Fomos dos últimos a aparecer e seremos o primeiro a causar a destruição total em vez de aprendermos com os povos primitivos como se convive com a Mãe Natureza.

Mas . . . andar nu na floresta não dá dinheiro. Todos teriam que trabalhar para comer, viver, sobreviver. Não cria postos de trabalho para os compadrios e/ou quadrilhas, nem necessita de governos, senados, câmaras legislativas, governadores e toda essa infernal máquina que, parecendo-nos lenta, nos vai torturando e levando à morte com uma velocidade incrível.

Ao homem faltou aprender uma coisa: ser simples! Ao ser simples ele pode reconhecer o Outro como o seu mais próximo!

E nunca deve chamar a um indivíduo menos culto ou inteligente: Sua besta !­ A menos que o queira elogiar.

Lindo, não é?!



Gosto tanto que é a terceira vez que é objecto de post... rss
Mas aqui é a primeira.

Bom fim de semana!

Tuesday, November 24, 2009

medicina: não ha certezas de nada e está em evolução...



...ou seja, as verdade de hoje podem bem verificar-se ser erros, amanhã!

Como qualquer retrospectiva sumária pela história atesta.

Entretanto alguem vai pagando isso, literalmente com a vida.


Depois da notícia abaixo, e agora que ganhou de novo o direito a ser ouvido e a interagir, Rom Houben recupera tempo perdido e capacidades físicas com fisioterapia, alem de escrever o que será um livro sobre o que é estar 23 anos encerrado num corpo sem qualquer capacidade de comunicar, mas... consciente de tudo!


* * *

Foram 23 anos preso a uma cama e a ouvir e ver tudo o que se passava à sua volta, mas sem conseguir reagir. Um belga vítima de um acidente de viação ficou totalmente paralisado e os exames médicos diagnosticaram-lhe coma, mas na realidade o homem esteve sempre consciente. Neurologista alerta que pode haver casos semelhantes.
Há 23 anos, quando sofreu o acidente, Rom Houben foi submetido a vários testes motores, verbais e oculares, conta a BBC. Os resultados indicaram que o paciente estava em coma, mas o diagnóstico estava errado, pois o belga estava consciente. A verdadeira situação de Houben só foi descoberta há alguns meses, quando foi submetido a exames de tomografia de última geração: os resultados indicaram que as áreas cerebrais relativas à consciência e à interpretação da informação auditiva e visual estavam a funcionar.
Desde essa altura, o belga tem sido submetido a fisioterapia e já consegue comunicar escrevendo mensagens no computador. “Nunca vou me esquecer do dia em que descobriram qual era o meu verdadeiro problema. Foi o meu segundo nascimento. Em todo este tempo eu tentava gritar, mas não havia nada para as pessoas ouvirem”, disse o belga, citado pela BBC, vincando que “frustração é uma palavra muito pequena para descrever” o que ele sentiu durante 23 anos.


O verdadeiro estado de Houben foi descoberto por uma equipa liderada pelo neurologista Steven Laureys, chefe do Grupo de Coma do Departamento de Neurologia da Universidade de Liège, que publicou o estudo relativo a este caso.
À BBC, Laureys deixou um alerta: “Só na Alemanha, em cada ano, 100 mil pessoas sofrem de traumatismo cerebral grave. Estima-se que de 3 mil a 5 mil se mantêm presos em um estágio intermediário entre o coma verdadeiro e a total recuperação de sentidos e movimentos. Vivem sem nunca mais voltarem.”



Friday, November 20, 2009

vacinas: as verdades inconvenientes


(9 vídeos para ver)

Estou à espera de saber quantas mais grávidas é preciso abortarem "expontâneamente e sem-nada-a-ver" a seguir a tomarem a vacina da gripe A... para a classe médica assumir que pode haver, eventualmente, alguma ligação...
Por enquanto, ontem, 19 de Novembro de 2009, veio a público a notícia sobre a terceira grávida em poucos dias, em Portugal, que abortou a seguir a ser vacinada.
Tomada pública de posição: não há relação nenhuma.
Se estivesse em situação de gravidez, eu, de certeza, não a tomaria.
Aliás, mesmo não estando, não a tomarei.

Interessante documento sobre as vacinas, em geral.

Wednesday, November 18, 2009

o que tem a oxitocina a ver com violencia doméstica?!

Quando se pensa em oxitocina pensa-se em nascimentos, onde é uma hormona com papel de relevo (ao natural ou por indução) e tambem no passo seguinte, a amamentação. Alguns estudos recentes relacionam a oxitocina com outros parâmetros de vida: sabe-se que tem muito a ver com confiança e todas as suas implicações na vida comum.
Agora vejam até onde pode ir.

A Oxitocina e a Violência Doméstica
Faz uns anos em Estocolmo, uma curiosa situação ocorreu durante o roubo de um banco. O delinqüente tomou reféns, entretanto, quando terminou toda a tragédia, os reféns defenderam o ladrão e o apoiaram o tempo todo. Este tipo de união paradoxal é chamada pela psiquiatria de "laço traumático", e foi identificada em 1983 pelos pesquisadores Donald Dutton e Susan Painter em certas relações onde a violência doméstica protagoniza o vínculo.

"Muitos cientistas pensam que a oxitocina tem um papel importante na formação destes laços traumáticos entre os casais. Este hormônio muitas vezes não permite a consolidação das memórias enquanto que por sua vez aumenta o nível de confiança entre uma pessoa abusada e seu abusador.
Muitas mulheres formam este tipo de laço traumático com o marido abusador e logo sentem que não podem deixá-lo, voltam a uma relação que as levará a sofrer novamente. Cremos que a oxitocina tem a ver com este perigoso padrão", escreveu Painter em seu estudo.

O abuso é difícil de ser cometido em uma relação baseada na igualdade e é muito mais fácil de continuar caso se mantenham padrões onde o maltrato é seguido por amor e carinho. Esta situação pode gerar o aumento do hormônio no corpo e a confiança do abusado para a pessoa que o maltrata.
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(tem muita referencia na net, mas a de cima vem daqui)

Tuesday, November 10, 2009

"O que têm em comum a perda de peso, imperadores maléficos e histórias de redenção?"

Analisando as razões de um livro ser um sucesso... ou não! As chaves são as do costume e distribuem-se por capítulos:
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*O Óbvio: Dieta, Saúde e Inspiração
*Preto e Branco [...]: O bem e o Mal [...]
*Para Sempre, Espera-se: Amor, Romance e Relacionamentos
*O Comboio da Alma: Religião e Espiritualidade
*Lendo pela Redenção: Testes e Triunfos na Ficção e [...]
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"O Homem é um Animal Religioso. É o único Animal Religioso. É o único animal que tem a Verdadeira Religião -várias até."
(Mark Twain)
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"Vejam, toda a gente precisa de um Deus que se pareça com ela".
(A Vida Secreta das Abelhas, Sue Monk Kidd)
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Qual seria o preço de não ter um inimigo? Quem poderias tu atacar à espera de resposta, sem ser a ti próprio?
(Cold Mountain)
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(Frases no início de capítulos in Os Livros que Lemos de Lisa Adams e Jonh Heath)

Wednesday, November 04, 2009

quando eu era criança...


Tambem a mim me afligia a dor que sentia (e por vezes pressentia), nos animais vítimas de abuso e descaso. Qualquer abuso. Qualquer descaso. Qualquer tipo de animal. As carroças sobrelotadas de animais para abate, o cão preso no fundo do quintal, os animais fechados em jaulas de ferro no Jardim Zoológico, os coelhos e aves empilhados em tabuleiros nos mercados públicos para venda e abate na hora (sim, alguns anos atrás era possível escolher um animal vivo e levá-lo morto para casa, para fazer o jantar!).

O mundo parecia-me então um lugar selvagem e miserável, povoada de pessoas não más, mas mais assustador ainda, inconscientes da dor que provocavam e transformava-se num lugar cinzento, onde a minha pequena idade não tinha muita margem de manobra para agir, mas... a consciência de uma realidade que sentia errada não se calava dentro de mim.

Com o aumento de idade fui ganhando algumas autonomias e pude ajudar alguns animais; sempre muito menos do que queria e muitissimo menos do que os que precisavam desesperadamente de ajuda, mas tambem passei a poder manifestar opiniões de forma a juntarem-se a outras iguais e ter assim algum impacto, fazer alguma diferença no mosaico de opiniões que sempre precedem acções e mudanças num mundo que se quer mais justo para com a vida.

* * *
*Quando era criança e me levavam ao circo, o que mais me afligia eram os olhos dos tigres. Os olhos assustados e resignados dos macacos, os olhos sem vida de leões e elefantes, os dos cavalos aos círculos na pista, rasos e desorbitados como os dos cavalos dos carrosséis, os das esquálidas pequenas trapezistas, metidas em surrados fatos de lantejoulas e fixando vaziamente um ponto abstracto acima das nossas cabeças enquanto agradeciam, hirtas, os aplausos, entristeciam-me.

Mas nos dos tigres havia impotência e orgulho ferido, como se estivessem enclausurados dentro de si e não coubessem dentro de si. Sentia que nos desprezavam e que desprezavam a parte de si que, às ordens do domador, subia e descia ridículos escadotes ou saltava mecanicamente através de arcos em chamas. E culpava-me por assistir ao penoso espectáculo da sua humilhação, imaginando que deviam (com razão) odiar-nos. A lei que finalmente aponta para o fim do abuso de animais nos circos acaba com um espectáculo tão humilhante para os animais quanto para quem (como acontece igualmente nas touradas) se compraz com a sua humilhação. (
link )

*post reproduzido integralmente de:


(conheça outras notícias e actualidades sobre a defesa animal)
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Algumas acções tambem podem ser executadas por quem sentir afinidade:

Por favor, peça ao Governo para alterar o enquadramento jurídico dos animais no Código Civil
uma notícia importante e recente:

Sunday, November 01, 2009

um conto a condizer com o dia...



J. K. Rowling, a conhecida autora da série Harry Potter, tem um livro de contos na mesma linha da restante obra.
Hoje deixo o Conto dos Tres Irmãos, presente em The Tales Of Beedle The Bard; cheio de bons concelhos e sensatas considerações. Como narrador, JKR colocou o conhecido personagem que dirige a escola de magia Hogwarts na série HP

Era uma vez três irmãos que estavam viajando por uma estrada deserta e tortuosa ao anoitecer...

Depois de algum tempo, chegaram a um rio fundo demais para vadear e perigoso demais para atravessar a nado.

Os irmãos, porém, eram versados em magia, então simplesmente agitaram as mãos e fizeram aparecer uma ponte sobre as águas traiçoeiras. Já estavam na metade da travessia quando viram o caminho bloqueado por um vulto encapuzado.E a Morte falou. Estava zangada por terem lhe roubado três vítimas, porque o normal era os viajantes se afogarem no rio. Mas a Morte foi astuta.

Fingiu cumprimentar os três irmãos por sua magia, e disse que cada um ganhara um prêmio por ter sido inteligente o bastante para lhe escapar.Então, o irmão mais velho, que era um homem combativo, pediu a varinha mais poderosa que existisse: uma varinha que sempre vencesse os duelos para seu dono, uma varinha digna de um bruxo que derrotara a Morte! Ela atravessou a ponte e se dirigiu a um vetusto sabugueiro na margem do rio, fabricou uma varinha de um galho da árvore e entregou-a ao irmão mais velho.

Então, o segundo irmão, que era um homem arrogante, resolveu humilhar ainda mais a Morte e pediu o poder de restituir a vida aos que ela levara. Então a Morte apanhou uma pedra da margem do rio e entregou-a ao segundo irmão, dizendo-lhe que a pedra tinha o poder de ressuscitar os mortos.

Então, a Morte perguntou ao terceiro e mais moço dos irmãos o que queria. O mais moço era o mais humilde e também o mais sábio dos irmãos, e não confiou na Morte. Pediu, então, algo que lhe permitisse sair daquele lugar sem ser seguido por ela. E a Morte, de má vontade, lhe entregou a própria Capa da Invisibilidade.

Então, a Morte se afastou para um lado e deixou os três irmãos continuarem viagem e foi o que eles fizeram, comentando, assombrados, a aventura que tinham vivido e admirando os presentes da Morte. No devido tempo, os irmãos se separaram, cada um tomou um destino diferente.O primeiro irmão viajou uma semana ou mais e, ao chegar a uma aldeia distante, procurou um colega bruxo com quem tivera uma briga. Armado com a varinha de sabugueiro, a Varinha das Varinhas, ele não poderia deixar de vencer o duelo que se seguiu. Deixando o inimigo morto no chão, o irmão mais velho dirigiu-se a uma estalagem, onde se gabou, em altas vozes, da poderosa varinha que arrebatara da própria Morte, e de que a arma o tornava invencível. Na mesma noite, outro bruxo aproximou-se sorrateiramente do irmão mais velho enquanto dormia em sua cama, embriagado pelo vinho. O ladrão levou a varinha e, para se garantir, cortou a garganta do irmão mais velho.Assim, a Morte levou o primeiro irmão.

Entrementes, o segundo irmão viajou para a própria casa, onde vivia sozinho. Ali, tomou a pedra que tinha o poder de ressuscitar os mortos e virou-a três vezes na mão. Para sua surpresa e alegria, a figura de uma moça que tivera esperança de desposar antes de sua morte precoce surgiu instantaneamente diante dele. Contudo, ela estava triste e fria, como que separada dele por um véu. Embora tivesse retornado ao mundo dos mortais, seu lugar não era ali, e ela sofria. Diante disso, o segundo irmão, enlouquecido pelo desesperado desejo, matou-se para poder verdadeiramente se unir a ela.Assim, a Morte levou o segundo irmão.

Embora a Morte procurasse o terceiro irmão durante muitos anos, jamais conseguiu encontrá-lo. Somente quando atingiu uma idade avançada foi que o irmão mais moço despiu a Capa da Invisibilidade e deu-a de presente ao filho. Acolheu, então, a Morte como uma velha amiga e acompanhou-a de bom grado, e, iguais, partiram desta vida.


* * *

Fala Albus Dumbledore



Comentários de Albus Dumbledore sobre O conto dos três irmãos:

(Albus Dumbledore é o director da escola de magia na saga Harry Potter)


Quando eu era criança essa história me causou uma profunda impressão. Ouvi-a primeiramente contada por minha mãe, e logo tornou-se o conto que eu pedia com mais frequência na hora de dormir. Isto sempre provocava discussões com o meu irmão mais novo, Aberforth, cuja história favorita era "Bodalhão, o Bode Resmungão". A moral de "O conto dos três irmãos" não poderia ser mais clara: os esforços humanos para evadir ou superar a morte estão sempre fadados ao desapontamento. O terceiro irmão da história ("o mais humilde e também o mais sábio") é o único que compreende isso, pois, tendo escapado uma vez da morte, por um triz, o melhor que poderia esperar era adiar o próximo encontro o máximo possível. O mais moço sabe que zombar da Morte - envolver-se em violência, como o primeiro irmão, ou ocupar-se da sombria arte da necromancia (1), como o segundo irmão — significa medir forças com um inimigo ardiloso que não pode perder. A ironia é que se formou uma curiosa lenda em torno dessa história, que contradiz exatamente a mensagem original.

A lenda argumenta que os prêmios que a Morte dá aos irmãos — uma varinha imbatível, uma pedra capaz de ressuscitar os mortos e uma Capa da Invisibilidade imperecível — são objetos verdadeiros que existem no mundo real. E vai além: se alguém vem a se tornar o legítimo possuidor dos três, torna-se então "senhor da Morte", o que tem sido comumente entendido que será invulnerável, e mesmo imortal.

1 [Necromancia é a magia negra que ressuscita os mortos. É um ramo da magia que nunca teve sucesso, como a nossa história deixa bem claro. JKR]

Podemos rir com uma certa tristeza do que isto nos diz da natureza humana. A interpretação mais caridosa seria: "A esperança brota eternamente.

2 - Ainda que, segundo Beedle, dois desses três objetos sejam extremamente perigosos, e sua clara mensagem é que, no fim, a Morte virá nos buscar, uma minoria na comunidade bruxa insiste em acreditar que Beedle estava lhes enviando uma mensagem cifrada, dizendo exatamente o inverso do que escreveu à tinta, mensagem esta que somente eles são suficientemente inteligentes para entender.

2 [A citação demonstra que Alvo Dumbledote era não só excepcionalmente instruído em termos de bruxaria, como também familiarizado com os escritos do poeta trouxa Alexander Pope. JKR]

Tal teoria (ou talvez "desesperada esperança" seja o termo mais preciso) é respaldada por pouquíssimas provas reais. É verdade que a Capa da Invisibilidade, embora rara, existe em nosso mundo; contudo, a história deixa claro que a Capa da Morte é de uma durabilidade ímpar.

3 - Durante os muitos séculos que medeiam a época de Beedle e a nossa, ninguém jamais afirmou ter encontrado a Capa da Morte. A explicação dos verdadeiros crentes é a seguinte: ou os descendentes do terceiro irmão desconhecem a origem da capa, ou a conhecem e estão resolvidos a comprovar a sabedoria do seu antepassado, não alardeando esse fato.

3 [As Capas da Invisibilidade não são, em geral, infalíveis. Podem rasgar ou se tornar opacas com a idade, ou os feitiços nela lançados podem enfraquecer, ou ser anulados por Feitiços de Revelação. É por isso que os bruxos habitualmente recorrem, no primeiro caso, aos Feitiços da Desilusão para se camuflarem ou se ocultarem. Alvo Dumbledore era conhecido por sua capacidade de executar um Feitiço da Desilusão tão poderoso que se tornava invisível sem recorrer à capa. JKR]

Muito naturalmente, a pedra tampouco foi encontrada. Observei anteriormente, ao comentar "Babbitty, a Coelha, e seu Toco Gargalhante", que continuamos incapazes de ressuscitar os mortos, e temos todas as razões para supor que isto jamais acontecerá. Vis substituições foram naturalmente ensaiadas pelos bruxos das trevas criadores dos Inferi

4 - que são apenas fantoches, e não seres humanos de fato ressuscitados. Acresce que a história de Beedle é muito explícita quanto ao fato de que o amor perdido do segundo irmão nunca ressurgiu realmente dos mortos. Foi enviado pela Morte para atrair o segundo irmão às suas garras e, portanto, manteve-se fria, distante, tantalizantemente presente e ausente.

4 [Inferi são cadáveres reanimados por magia negra. JKR]

5 - Muitos críticos acreditam que Beedle se inspirou na Pedra Filosofal, elemento essencial do Elixir da Vida que induz a imortalidade, quando criou essa pedra capaz de ressuscitar os mortos.
Resta-nos, então, a varinha, e aqui os que se obstinam em acreditar na mensagem secreta de Beedle têm pelo menos indícios históricos para fundamentar suas delirantes suposições. Seja porque gostem de se vangloriar ou intimidar seus possíveis adversários, seja porque realmente acreditam no que dizem — o fato é que os bruxos há séculos afirmam possuir uma varinha mais poderosa do que qualquer outra, até mesmo uma varinha "invencível", a Varinha das Varinhas.

Alguns chegaram ao exagero de alegar que sua varinha é feita de sabugueiro, como a que a Morte supostamente fabricou. Tais objetos receberam nomes, entre os quais "a Varinha do Destino" e "a Varinha da Morte". Não admira que velhas superstições tenham se desenvolvido em torno de nossas varinhas, que são, afinal, nossas ferramentas e armas mágicas mais importantes.
5 Algumas (e, portanto, seus donos) são supostamente incompatíveis: Se a varinha dele é carvalho, e a dela, azevinho casarem-se os dois será um descaminho ou indicam falhas no caráter: Castanheiro preguiçoso, sorveira falastrona, freixo queixo-duro, aveleira resmungona.

Com efeito, nessa categoria de máximas sem comprovação encontramos: Varinha de sabugueiro, azar o ano inteiro. Seja porque a Morte fabrica a varinha ficcional com sabugueiro na história de Beedle, seja porque os bruxos sedentos de poder ou violentos têm persistentemente afirmado que suas varinhas são feitas de sabugueiro, esta madeira não goza da preferência dos fabricantes de varinhas. A primeira alusão bem documentada a uma varinha de sabugueiro dotada de poderes particularmente fortes e perigosos foi àquela que pertenceu a Emerico, cognominado "o Mal", um bruxo de vida curta, mas excepcionalmente agressivo, que aterrorizou o sul da Inglaterra no início da Idade Média. Morreu como tinha vivido, em um encarniçado duelo com outro bruxo conhecido por Egberto. Ignora-se que fim levou Egberto, embora a expectativa de vida dos duelistas medievais fosse geralmente baixa. Nos tempos anteriores à criação de um Ministério da Magia para regular o uso da magia negra, os duelos eram geralmente fatais. Um século depois, outro personagem desagradável, de nome Godelot, expandiu o estudo da magia negra registrando uma coleção de feitiços perigosos, com o auxílio de uma varinha descrita como "mia amijga mas maluada e sottill, cum coorpo de sabugueiro, que conhece camijnhos de magia mui maligna". (Magia mui maligna se tornou o título da obra-prima de Godelot.) Como podemos observar, Godelot considera sua varinha uma colaboradora, quase uma instrutora. Aqueles que estão familiarizados com as tradições das varinhas 6 - concordarão que elas realmente absorvem o conhecimento de quem as usa, embora tal processo seja imprevisível e imperfeito; é preciso levar em consideração todo tipo de fatores adicionais, tais como as relações entre a varinha e seu usuário, para compreender a eficiência do seu desempenho com determinado indivíduo.

6 Como eu.

Ainda assim, é provável que uma varinha hipotética que tenha passado pelas mãos de muitos bruxos das trevas teria, no mínimo, uma marcada afinidade pelos tipos de magia mais perigosos que há. A maioria dos bruxos prefere uma varinha que os tenha "escolhido" a qualquer outra de segunda mão, precisamente porque esta última terá adquirido hábitos do seu dono anterior que podem não ser compatíveis com o estilo de magia do novo dono. A prática comum de enterrar (ou queimar) a varinha com o seu dono, quando ele morre, também contribui para impedir que uma varinha aprenda com numerosos mestres. Os que acreditam na varinha de sabugueiro, no entanto, sustentam que, dada a maneira com que ela sempre transferiu sua lealdade entre donos — o próximo superando o anterior, em geral matando-o —a varinha de sabugueiro nunca foi destruída nem enterrada, antes sobreviveu para acumular sabedoria, força e poder muito além do normal. Sabe-se que Godelot pereceu em seu próprio porão, onde foi trancafiado pelo filho demente, Hereward. É de se supor que o filho tenha se apossado da varinha do pai, ou este último teria conseguido fugir, mas que destino Hereward terá dado à varinha não sabemos ao certo. Sabemos, sim, que uma varinha chamada "Varinha de Eldrun" por seu dono, Barnabás Deverill, surgiu no início do século XVIII, e que este bruxo a usou para talhar sua reputação de guerreiro temível, até seu reino de terror ser encerrado pelo igualmente notório Loxias, que lhe tomou a varinha e a rebatizou de "a Varinha da Morte", usando-a para destruir qualquer um que o desagradasse. É difícil acompanhar a trajetória subsequente da varinha de Loxias, pois muitos alegam tê-lo matado, inclusive a própria mãe.

O que deve ocorrer a qualquer bruxo inteligente que estude a pretensa história da Varinha das Varinhas é que todo homem que afirme ter sido seu dono 7 insistiu em sua "invencibilidade", quando os fatos que se conhecem sobre sua passagem pelas mãos de muitos donos demonstram não só que ela foi vencida centenas devezes, como atraiu tanta confusão quanto Bodalhão, o Bode Resmungão, atraía moscas. Em última análise, a busca pela Varinha das Varinhas corrobora uma observação que tive oportunidade de fazer muitas vezes no curso de minha longa vida: que os humanos têm um pendor para escolher precisamente as coisas que lhes fazem mal.

7 Nenhuma bruxa jamais afirmou ter sido dona da Varinha das Varinhas. Extraiam disso a conclusão que quiserem.Qual de nós, porém, teria revelado a sabedoria do terceiro irmão, se lhe fosse oferecido escolher o melhor presente da Morte? Bruxos e trouxas são igualmente imbuídos de sede de poder; quantos teriam resistido à "Varinha do Destino"? Que ser humano, tendo perdido um ente amado, poderia resistir à tentação da Pedra da Ressurreição? Mesmo eu, Albus Dumbledore, acharia mais fácil recusar a Capa da Invisibilidade; o que prova apenas
que, esperto como sou, continuo sendo um bobalhão tão grande quanto os demais.