Embora tenha recebido um mail desmentindo o fecho eminente da União Zoófila, o texto mantêm toda a validade, até porque todas as associações de protecção aos animais, União Zoófila incluída, se debatem quase sempre com graves obstáculos económicos, só minorados pela solidariedade constante de todos os que amam e querem realmente ajudar os animais a ter uma vida com mais dignidade.
Deixo esse optimo texto s/ os animais do Eduardo Prado Coelho
Em primeiro lugar, os factos: a dor dos animais. Todos nós nos habituamos a este nome: União Zoófila. Ora a União Zoófila corre sérios riscos de fechar. Os seus associados pagavam uma quotização. Neste momento – é a crise? Estão a deixar de pagar. E o resultado é que a instituição está a deixar de funcionar. Por exemplo a cozinheira deverá ter que deixar as suas funções. E pouco a pouco as diversas actividades, fundamentais para a subsistência dos animais estão a chegar ao fim.
Daqui resulta que mais de 800 cães e inúmeros gatos não têm de que viver. Têm fome, sofrem. Pede-se às pessoas que levem comida, sobretudo alimentos secos. Que comprem latas nos supermercados – mesmo os mais baratos. Ou que dêem algum dinheiro. O dinheiro que puderem. Torna-se necessário fazer um esforço para salvar a União Zoófila. E os animais que ela protege. E sem ela tornar-se-ão seres vagabundos, cachorros vira-latas, animais nómadas e desamparados que procuram não morrer.
Há uma dor específica dos animais. Começa por um olhar que é puro silêncio dentro de nós. Uma forma de nos verem que é sempre um apelo. O animal não sabe o que é o tempo. A gente parte e eles não sabem se é para daqui a cinco minutos, se é para sempre. Esta forma de não saber faz deles seres particularmente desamparados. Quando sofrem, a dor é de uma opacidade emparedada. Tantas vezes abandonados pelo egoísmo estival bem que os nossos hotéis e restaurantes não os acolhem. Deixam-nos sem nome nem morada.
Sentir a dor dos animais é entrar noutra forma de sentir a dor.
Estranhamente, falamos hoje muito na dimensão ecológica mas aparentemente não nos damos conta de que ela passa por aquilo que um animal sente.
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Eduardo Prado Coelho – Professor universitário
Jornal ‘Público’ de 17-10-05
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Jornal ‘Público’ de 17-10-05
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É verdade: "A gente parte e eles ñ sabem se é p/daqui a 5 minutos ou para sempre".
ReplyDeleteE qdo a gente chega é como se fosse de uma longa ausência...
No silêncio do meu íntimo imploro, a Deus, que amenize o sofrimento deles que sentem dor, frio, fome e sede, como nós. E sem poder falar!
Senhor, proteja-os, e a nós também que, por eles, sofremos. Amém.
Pois é , Sheila... 'Quando sofrem, a dor é de uma opacidade emparedada' foi a frase que mais me sensibilizou porque penso correponder à realidade.
ReplyDeleteBeijo