Monday, January 02, 2006

Barbara Ehrenreich


livro

E um livro de Barbara Ehrenreich, li na recta final de 2005 e impressiona.
Nada que já não saibamos, mas é um testemunho contado na primeira pessoa do sofrimento diário, banalizado e invísivel de milhões de pessoas que aparentemente -só aparentemente, têm condições de viver em países ditos civilizados

Barbara Ehrenreich é jornalista de investigação e fez simplesmente o seu trabalho – mas de forma exemplar. Em 1998, a Administração Clinton decidiu reformar o sistema de segurança social dos EUA. A reforma (uma “moda” de que cada vez mais insistentemente se ouve falar por cá) empurrou para o mercado de trabalho milhões de trabalhadores indiferenciados, obrigados a viver com salários de seis e sete dólares por hora, sob o argumento de que não trabalhavam porque eram preguiçosos, pois empregos não faltavam.A interrogação de Barbara Ehrenreich foi esta: como é que as pessoas subsistem com salários destes? Como pagam a renda, a comida, os transportes? O passou seguinte foi decidir fazer jornalismo “à moda antiga”: «Ir para o mundo real e viver a situação pessoalmente.»Assim, deixou a sua casa, alugou o alojamento mais barato que encontrou e estreou-se em trabalhos como empregada de mesa, empregada de limpeza e vendedora. A reportagem, realizada entre 1998 e 2000 – ainda a crise não tinha realmente começado – retrata na primeira pessoa como vivem os trabalhadores pobres, ou seja, aqueles que trabalham todo o ano a tempo inteiro, por vezes até em dois empregos, e mesmo assim não conseguem vencer a pobreza. Barbara Ehrenreich mostra-nos como é a vida num país em que os que ganham muito pouco têm de optar entre pagar a renda ou o médico (raramente o dinheiro dá para o seguro de saúde…), a comida ou a escola dos filhos.
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