Wednesday, November 04, 2009

quando eu era criança...


Tambem a mim me afligia a dor que sentia (e por vezes pressentia), nos animais vítimas de abuso e descaso. Qualquer abuso. Qualquer descaso. Qualquer tipo de animal. As carroças sobrelotadas de animais para abate, o cão preso no fundo do quintal, os animais fechados em jaulas de ferro no Jardim Zoológico, os coelhos e aves empilhados em tabuleiros nos mercados públicos para venda e abate na hora (sim, alguns anos atrás era possível escolher um animal vivo e levá-lo morto para casa, para fazer o jantar!).

O mundo parecia-me então um lugar selvagem e miserável, povoada de pessoas não más, mas mais assustador ainda, inconscientes da dor que provocavam e transformava-se num lugar cinzento, onde a minha pequena idade não tinha muita margem de manobra para agir, mas... a consciência de uma realidade que sentia errada não se calava dentro de mim.

Com o aumento de idade fui ganhando algumas autonomias e pude ajudar alguns animais; sempre muito menos do que queria e muitissimo menos do que os que precisavam desesperadamente de ajuda, mas tambem passei a poder manifestar opiniões de forma a juntarem-se a outras iguais e ter assim algum impacto, fazer alguma diferença no mosaico de opiniões que sempre precedem acções e mudanças num mundo que se quer mais justo para com a vida.

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*Quando era criança e me levavam ao circo, o que mais me afligia eram os olhos dos tigres. Os olhos assustados e resignados dos macacos, os olhos sem vida de leões e elefantes, os dos cavalos aos círculos na pista, rasos e desorbitados como os dos cavalos dos carrosséis, os das esquálidas pequenas trapezistas, metidas em surrados fatos de lantejoulas e fixando vaziamente um ponto abstracto acima das nossas cabeças enquanto agradeciam, hirtas, os aplausos, entristeciam-me.

Mas nos dos tigres havia impotência e orgulho ferido, como se estivessem enclausurados dentro de si e não coubessem dentro de si. Sentia que nos desprezavam e que desprezavam a parte de si que, às ordens do domador, subia e descia ridículos escadotes ou saltava mecanicamente através de arcos em chamas. E culpava-me por assistir ao penoso espectáculo da sua humilhação, imaginando que deviam (com razão) odiar-nos. A lei que finalmente aponta para o fim do abuso de animais nos circos acaba com um espectáculo tão humilhante para os animais quanto para quem (como acontece igualmente nas touradas) se compraz com a sua humilhação. (
link )

*post reproduzido integralmente de:


(conheça outras notícias e actualidades sobre a defesa animal)
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Algumas acções tambem podem ser executadas por quem sentir afinidade:

Por favor, peça ao Governo para alterar o enquadramento jurídico dos animais no Código Civil
uma notícia importante e recente:

1 comment:

  1. sempre detestei o circo...não queria ir e até as cenas do palhaço pobre e do palhaço rico me chocavam;
    a minha filha foi uma vez ao circo convidada por um familiar mas nunca mais quiz ir ...

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