Saturday, May 05, 2012

Quando os elefentes choram...

CARTA DE UM ELEFANTE 
AO REI DE ESPANHA


Senhor Rei da Espanha:
 Sou um elefante de Botsuana, o país africano em que Vossa Majestade esteve recentemente para descansar de suas fadigas, caçando-nos em um safári. Nós, elefantes, somos mansos, ainda que furiosos quando nos atacam. Tambem nossos deuses, os da savana, são deuses bons, não vingativos, mas zelosos de seus habitantes.

Talvez por isso quiseram preservar-lhe a vida, importante para seu país, e apenas advertí-lo com sua queda e suas fraturas no acampamento antes de sair para a caçada, pois seria melhor para Vossa Majestade, que já viveu mais do que qualquer um dos nossos, que dedicasse seu tempo a outras coisas, ao invés de vir aqui para matar-nos.
Por exemplo, importar-se com essa Espanha que está desmoronando economicamente e com esses 52% de jovens que sofrem a agonia do desemprego depois de tantos anos de estudo, ou simplesmente desfrutar em ver os animais a correr e divertir-se em seu habitat natural, mas sem espingardas, com as mãos vazias ou cheias de flores.
Sabemos que Vossa Majestade não fez nada de ilegal vindo ao nosso país e pagando milhares de euros para matar um dos nossos. Isto é permitido pelas leis deste país. Para muitos, matar gratuitamente os animais é como se fazia antigamente na caça aos negros e índios, para escravizá-los.
Mas, basta algo ser legal para que possa ser feito ? Existem também as leis do coração, não escritas, ou aquelas dos sentimentos humanos, que são superiores ás nossas, assim como certos exemplos que um rei deve oferecer em relação à sua vida, inclusive privada.
Vossa Majestade, desde seu primeiro discurso como Rei, afirmou que queria sê-lo de todos os espanhóis. Eu sei que na Espanha existe muita gente que não se importa em ver os animais sofrer ou morrer, e que até se divertem com isso. Mas existem também milhões, principalmente de jovens, que amam os animais e querem protegê-los e com eles conviver. Esses milhões de espanhóis não creio que aprovem a imagem de um Rei chegando a esta Africa, que é nosso território, com escopeta ao ombro, para distrair-se com disparos dos quais não podemos nos defender.
Ouvimos dizer, Majestade, que possui uma das melhores coleções de escopetas de caça que existem. Podemos fazer-lhe uma sugestão ? Faça com elas um museu e anuncie aos espanhóis que seu Rei não vai mais matar a qualquer animal e que nos anos que ainda lhe restam – que desejamos sejam muito mais do que nós vivemos – vai dedicá-los a distrair-se em favor da vida e não da morte.
Sabemos que nós, os elefantes, como o resto dos animais não temos direitos. Nascemos para ser caçados e mortos. Mas queremos lembrar-lhe que não fazemos mal a ninguém. Somos sensíveis e humildes e até nos parecemos a vocês, os Homo Sapiens. Dizem os zoólogos que somos dos raros animais que respeitam os seus mortos e dos poucos que sabem reconhecer-se, como os humanos, na frente de um espelho.
É verdade que para vocês, os humanos, os elefantes possam ser considerados inúteis, pois não somos indispensáveis para nada, mas não é por isso que as pessoas tenham o direito de matar-nos. Também as monarquias de hoje – e digo com todo o respeito – parecem inúteis para muitos, mas não por isso estão sendo caçados os reis ou as rainhas.
E falando de rainhas, gostaríamos de saber o que pensa a sua discreta e querida rainha Sofia do amor de Vossa Majestade pela caça aos elefantes. Como mulher e como mãe, deve saber que em nossa organização, na savana, vivemos um regime matriarcal. Elas, as elefantas, organizam e dirigem a nossa comunidade. São mães amorosas, dão de mamar a seus filhos durante três até cinco anos e sofrem como vocês humanos quando os mesmos são mortos por capricho.
Por último, gostaríamos que seus netos e bisnetos, Majestade, um dia consigam divertir-se sem necessidade de vir à Africa para arrancar nossas presas de marfim para adornar os palácios reais com esses troféus de morte.
Talvez, inclusive, nem poderão fazê-lo porque restamos apenas 30.000 elefantes em todo o mundo e, pelo ritmo que nos matam, seus netos já não terão como fazê-lo, pois estaremos extintos. Terão que conformar-se em caçar baratas, que dizem ter um milhão de anos e que resistem até às radiações atômicas. Nós, apesar de maiores, somos mais frágeis. Talvez por isso somos tão amados pelas crianças, as quais gostam de divertir-se conosco. Vivos, e não mortos.
Por fim, Majestade, desejamos desejar-lhe, em nome de nossos deuses, que se recupere logo do susto que lhe demos, que não era para matá-lo, mas apenas para fazê-lo pensar que seria melhor para Vossa Majestade que, na hora em que deixar este planeta, os elefantes que ainda estejam vivos possam chorar por vós em vez de nos alegramos pelo desaparecimento de um verdugo.
Os ventos da selva são misteriosos, Majestade. Por que não nos presenteia suas escopetas enquanto vivo ?
Com respeito e em nome de todos os elefantes de Botsuana
(a carta está em muito lado... mas foi retirada daqui)




Tempos houve em que poses destas eram simbolo de status e... pasmem, coragem!
Eram cobiçadas e exibidas com orgulho...

O nivel de consciencia mudou muitas mentalidades e hoje são apenas uma imagem deprimente...

Espelho de falta de informaçao e tato social; na medida certa do antropocentrismo, cobardia e mesquinhes humana.

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