Tuesday, October 02, 2007

Falar de estereótipos


annekreamer.com/

Adília Belotti traz um tema interessante neste artigo:

Não que tenha sido uma decisão fácil. Não foi não. Mas ia virando uma urgência assim, aos pouquinhos. E então, num dia 31 de dezembro tornou-se minha mais importante resolução de Ano-Novo: deixar os cabelos brancos.

E deixei. Achei que era uma coisa minha, mas aqui e ali fui encontrando companheiras de ousadia. E percebi que, no fundo, os cabelos brancos eram uma provocação. E são, até hoje.

Escrevi essa crônica em algum momento de 2002, faz muito tempo...

Por isso, levei um susto, um susto alegre, se é que isto existe, quando li a entrevista de Anne Kreamer, autora de um recém-publicado: Going Gray, What I Learned About Beauty, Sex, Work, Motherhood, Autenticity and Everything Else that Matters, que, traduzido daria algo como “cabelos brancos, o que eu aprendi sobre beleza, sexo, trabalho, maternidade, autenticidade e tudo aquilo que realmente importa”...

Com 51 anos, casada e mãe de duas adolescentes, Anne Kreamer adotou um tom mais político para falar destas questões capilares e, hoje, dedica-se à tarefa de mostrar para outras mulheres que cabelos brancos trazem sim alguns benefícios e que, no mínimo, você vai fazer alguma economia, além de poupar todas aquelas preciosas horas do seu tempo esperando a tintura fazer efeito...

e mais à frente, continuando a citar Anne Kreamer:

O que será que assusta tanto na imagem da mulher velha? A resposta mais óbvia seria: o medo da morte. Por trás do cabelo branco, das rugas, das marcas da vida, se esconde o pavor do final. Parece lógico. Mas, homens de cabelo branco -- e se tiverem barbas brancas ainda melhor - evocam imagens de sábios. Que imagens estão por trás da figura da Anciã, da Velha?

Era uma vez uma época em que as mulheres velhas eram poderosas. Quer ouvir essa história? Então vou pegar o livro A Velha, de Bárbara G. Walker e contar para você.

A Velha era parte de uma trindade feminina que incluía a Virgem, a Mãe e a Anciã. Ou, nas palavras de Bárbara Walker: a Criadora, a Preservadora e a Destruidora. Para nossos longínquos antepassados o universo era o filhote sempre renovado de uma superdivindade feminina primordial, a Grande-Mãe, ao mesmo tempo senhora da vida e da morte. Todas as intuições primitivas sobre o ser feminino estavam contidas dentro dela.

Com o tempo, essas imagens foram ganhando autonomia, dividindo-se ou desdobrando-se. As deusas Hebe, Hera e Hecate, da Grécia, por exemplo, eram, provavelmente, rostos diferentes de uma só divindade, que explodiu em algum momento da história em milhares de fragmentos. Hebe seria lembrada como a personificação da juventude e Hera, permaneceria para sempre a esposa de Zeus e senhora do Olimpo. Mas Hécate continuaria a personificar o desconhecido, eternamente ligada ao mundo das sombras, tão poderosa que o próprio Zeus não mexia com ela.
segue...
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1 comment:

  1. é interessante este post...porque de facto muitas mulheres não querem enfrentar os cabelos brancos como se recusam a pôr óculos qd começam a deixar de ver....

    por acaso , nunca gostei da minha cor de cabelo e sempre lhe dei uns toques de outra cor , primeiro eram nuances depois passei às madeixas por aqui e ali...
    a minha filha detesta ver os cabelos brancos mas agora já estou em fase de os começar a deixar aparecer que até nem são muito
    Há mulheres e homens que ficam perfeitamente ridiculos com rostos envelhecidos e cabelos pintados de preto ou castanho escuro....s

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