Lembro-me agora daquela história do rei e do sábio. O rei sentia-se diminuído porque as multidões acorriam para o sábio a fim de o ouvirem e pedirem-lhe conselhos. Passava noites em claro, tentando encontrar uma forma de desacreditar o sábio diante do povo. Finalmente teve uma ideia luminosa e engendrou um plano
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Certo dia, convocou a corte e mandou chamar o sábio.
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Logo que o velho chegou, o rei, com um sorriso disfarçadamente irónico, disse-lhe: -Óh, mais sábio dos homens, tenho escondido entre as mãos o mais pequenino dos pássaros! Dizei-me: ele está vivo ou morto? Ordeno-vos que respondais.
** O sábio cuja argúcia era realmente admirável, deu-se conta do ardil. Entendeu que, se dissesse que o pássaro estava vivo, o rei no mesmo instante, esmagaria a ave entre as mãos, e se dissesse que estava morto, o soberano abriria as mãos e simplesmente soltaria o pássaro. Ambas as respostas deixá-lo-iam desacreditado.
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Enquanto o sábio procurava uma solução, o rei indagava-lhe impaciente:
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-Então, está vivo ou morto?
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A solução lampejou na mente do sábio, que lhe respondeu tranquilamente:
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-Como quiserdes, Majestade, como quiserdes.
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