Thursday, August 07, 2008

aviso à navegação blogosférica: ;-)

(imagem no blog da deputada Rebecca Garcia)

Novos textos de Rose Marie Muraro estarão dentro de algumas horas no site dedicado a ela

Eles tambem estão no blog lealdadefeminina, junto a outras coisas interessantes e importantes com o habitual traço fresco e irreverente da Juliana!

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Não Basta Ser Mulher

É preciso agir na política como mulher

"No início do século XX as mulheres eram cerca de 15 % da força de trabalho mundial. No início do século XXI somos mais de 50 %; em 1969 o número total de universitários era de cerca de 300.000 no Brasil, sendo 200 mil homens e 100 mil mulheres. Hoje são 2.700.000 dos quais 1.800.000 são mulheres.O Jornal Nacional de 8 de março de 2001 noticiou que descobriu 22,5 milhões de famílias brasileiras os homens tomavam conta das crianças enquanto as mulheres iam trabalhar. A recessão do país desempregou os homens que ganhavam mais e os foi substituindo por mulheres que na média ganham 70 % do que ganham os homens.Todos esses números são impressionantes e apontam para uma única realidade:nos últimos trinta anos ao menos a condição da mulher mudou mais do que nos últimos oito mil anos, que compõem o período histórico da humanidade.Calcula-se que a espécie humana tenha cerca de dois milhões de anos de vida, dos quais mais de 1 milhão novecentos e noventa mil anos constituíram a pré-história. O período histórico, isto é, a história como nós a conhecemos inicia-se cerca de oito milanos atrás quando as sociedades se tornam sedentárias e começam a cultivar a terra graças à invenção dos métodos de fundir metais.No mundo pré-histórico havia trabalhos de homem e trabalhos de mulher, que variavam de tribo para tribo. Eram trabalhos complementares: o princípio feminino e o princípio masculino governavam o mundo juntos. Contudo cuidar das crianças era trabalho de mulher e também do homem na maioria das culturas.Com o advento do mundo agrário começa também o domínio do mais forte. Na pré históriaera a solidariedade, a parceria e a propriedade comum dos bens do grupo inteiroque regia todas as relações humanas. No período histórico este equilíbrio se rompe.Agora, o que domina é a lei do mais forte, a luta pela posse de mais terra que passa a ser o bem supremo. A guerra doravante é rotina: quem não mata, morre, quem não invade é invadido, quem não rouba é roubado.A partir de então é a lei da propriedade privada. A mulher, mais fraca, passa a ser propriedade do marido. Fica reduzida ao trabalho doméstico e a criação dos filhos. Já aqui é o princípio do masculino que domina o mundo sozinho. As leis, a economia, os impérios são feitos pelo homem e para o homem. Com a sociedade agrária começa também o patriarcado.A mulher só volta ao mundo público quando a tecnologia avança muito, na segunda metade do século XX. É aí que se cria a sociedade de massas e de consumo.
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Pela primeira vez em oito mil anos a mulher volta para o mundo público, no começo como serva do homem fazendo 2/3 do trabalho mundial e ganhando apenas 1/3 da massa salarial total. Isto foi descoberto há menos de 30 anos no Ano Internacional da Mulher(1975) e toda a reviravolta fantástica a que nos referimos ocorreu nesse brevíssimo período de tempo.Acontece que quando os machos criam a sociedade de consumo ela tem duas vertentes: a primeira é a entrada da mulher no mercado de trabalho e a segunda, a destruição dos recursos naturais pela competitividade, o desejo de mais riqueza aqualquer preço.Segundo os ecólogos da Rio 92 se não se mudarem os padrões competitivos e destrutivos de desenvolvimento, lá pelo ano 2050 nossa espécie não terá mais como reverter o processo de destruição: acabará o petróleo e a água potável na segunda metade deste século. E é aí que entra outra vez a mulher.Durante os últimos oito mil anos foi só o homem que se tornou competitivo e violento. Ela continuou no recesso da casa a ser altruísta e solidária por uma única razão: se o bebê não tiver alguém absolutamente altruísta cuidando dele, não resiste um único dia ! Deste modo, quando a mulher volta ao mundo público, no fim dos anos 60 ela o faz com os valores arcaicos de solidariedade e altruísmo.Na primeira década tenta imitar o homem e ser competitiva mas não consegue. Ela é sempre um macho castrado, uma mulher bigoduda .Nos anos 80 faz uma revolução e traz para o mundo público os seus verdadeiros valores que em toda a pré história eram também dos homens e é aí que a revolução se dá. As firmas geridas por mulheres no mundo inteiro dão mais certo que as administradas por homens, porque elas cuidam dos subalternos ao passo que os homens dividem para governar.Hoje, nós, mulheres estamos implodindo todos os sistemas simbólicos masculinos: a família, o sistema produtivo, o Estado. E se não trouxermos para eles os valores da solidariedade e do cuidado, nossa espécie acabará.
Mas, não basta ser mulher apenas. É preciso que tenhamos uma militância e uma atitude política libertadora e não opressora como os homens.
Os postos de comando que as mulheres devem conquistar têm que ser transformados de corruptos em transparentes, de busca do interesse próprio na luta pelo bem comum em políticas, públicas elaboradasde baixo para cima, por consenso público, orçamentos participativos, etc.

Uma mulher que pertença a partidos corruptos e sócios das elites internacionais que rapinam o Brasil como Roseana Sarney, por exemplo, (por melhor que ela seja pessoalmente) estará sempre comprometida até a raiz dos cabelos com o que há de pior.

Prefiro votar num homem que tenha uma política consistente de gênero e libertação do oprimido e que a implemente do que nesse tipo de mulher que serve o poder estabelecido.
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Neste mundo, para nós, não basta sermos apenas mulheres!"
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(Rose Marie Muraro - Artigo para Folha de São Paulo)
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1 comment:

  1. Anonymous11:48:00 pm

    Gente,
    mas o que está acontecendo no mundo essa semana?
    Tantas notícias boas...
    projetos andando...
    amig@s felizes...
    e ainda por cima um elogio a la Marian assim pra fechar o meu domingo em grande...
    Essa semana o bicho vai pegar,
    a chapa tá esquentando...rs...
    Ah... vevnham sem cessar bons ventos fluidos de energia positiva... e amor...
    Thanks...
    E tuuuuuuuuuuuuuuuudo de bom pra vc... beijoooooooooos
    Juliana

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