Pausas servem para isto mesmo, para colocar em ordem coisas que se vão acumulando sorrateiramente.
No meu caso, a minha recente pausa serviu para entre outras coisas, dar uma revolução na biblioteca.
Encontrei alguns livros em modo standbay. Entre eles, o da imagem acima.
Tinha-me encontrado com a autora alguns meses largos atrás e ela, gentilíssima, ofereceu-me as suas duas últimas obras.
Li finalmente, e dei a ler, as Mulheres & Deusas.
No final do livro, um novo leitor deu voz aquilo que eu sempre penso sobre o trabalho dela:
- É um trabalho importante, e alguém tinha que o fazer.
Usando quer as suas palavras quer as palavras de outros autoras/es enquanto espelho da sua propria convicção, a Rosa Leonor, no livro e no blog, faz incidir sempre todo o seu trabalho na questão do género feminino versus consequências espirituais e sociais vindas do desequilíbrio gerado por sociedades patriarcais, que sempre amesquinham por razões de poder, a vida no feminino.
Outra coisa em que a Rosa é mestra em detectar e denunciar é A RIVALIDADE ANCESTRAL DAS MULHERES, um subproduto pestilento dessa mesma sociedade patriarcal em que até as mais prevenidas caiem com demasiada facilidade.
Inclui a Rosa no seu livro palavras de Etiénne Guillé:
Nascer consiste em sair da mãe e morrer será com efeito voltar à mãe. Então que Mãe é esta? Não é ela o centro, o ônfalo, enquanto que mãe cósmica-telúrica: conjugação subtil da qual toda a matéria viva emerge?
E diz ela, Rosa Leonor Pedro:
Uma mulher que quer ser Mulher tem de integrar a parte de si que lhe falta. Precisa de integrar a Deusa em todas as suas facetas, precisa de ser consciente de si mesma, do seu conflito interno, da sua vida insatisfeita, da sua depressão ou angústia; ela deve começar por aceitar e olhar a sua sombra, a sua fragmentação interior em primeiro lugar.
Riane Eisler, uma autora incontornável e frequentemente citada pela Rosa, diz-nos no seu livro O Cálice e a Espada:
Faz evidentemente todo o sentido ser feminina em vez de masculina a mais antiga representação do poder divino sob forma humana. Quando os nossos antepassados começaram a formular as questões eternas (de onde vimos antes de nascermos? Para onde vamos quando morrermos?), Terão notado que a vida emerge do corpo da mulher. Seria pois natural imaginarem o universo como uma Mãe Matricial, de cujo útero toda a vida emerge, e à qual, como os ciclos vegetativos, regressa após a morte para de novo renascer. Faz igualmente sentido esta imagem dos poderes regentes do universo ter sido muito diferente das sociedades que adoram um Pai divino armado de raios e/ou uma espada.
* * *
E, se me permitem, eu vou usar as palavras de Bernard Shaw, que se adequam à Rosa e ao seu trabalho, mas também a todas as pessoas que lutam para mudar o nível de realidade das consciências contra ventos e marés e talvez obter amanhã um mundo melhorado; sempre com os meios que dispõem, com a realidade que têm, e com os seus próprios desafios e escolhas pessoais:
A verdadeira felicidade na vida...
é servir um propósito em que nós próprios reconheçamos grandeza...
sermos uma força da natureza
em vez de um febril, egoísta e mesquinho
coágulo de lama de achaques e queixas,
choramingando que o mundo
não se dedica a fazer-nos felizes
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