Há ainda alguma coisa "pela qual" viver?
Haverá algo a que valha a pena dedicarmo-nos, além do dinheiro, do amor e da atenção a nossa família?
Falar de "algo pelo qual viver" tem um certo travo vagamente religioso, mas muitas pessoas que não são absolutamente nada religiosas têm uma sensação incómoda de de poderem estar a deixar escapar qualquer coisa básica que conferiria as suas vidas uma importância que, de momento, lhes falta. E estas pessoas também não têm qualquer compromisso profundo com uma cor politica.
Ao longo do último século, a luta política ocupou frequentemente o lugar que era consagrado à religião noutros tempos e culturas. Ninguem que reflicta sobre a nossa história recente pode agora acreditar que a política, por si só, bastará para resolver todos os nossos problemas.
Mas para que outra coisa podemos viver? No presente livro, dou uma resposta. É tão antiga como o alvor da filosofia, mas tão necessária nas circunstâncias actuais como sempre foi. A resposta é que podemos viver uma vida ética. Ao fazê-lo passaremos a integrar uma vasta tradição que atravessa culturas. Além disso descobriremos que viver uma vida ética não constitui um sacrifício pessoal, mas uma realização pessoal.
in: prefácio de Peter Singer ao seu livro Como Havemos de Viver? - A ética numa época de individualismo
*Peter Singer é um filósofo australiano, e actualmente professor de bio-ética nos EUA. É autor de vários livros, com uma abordagem que desmonta os paradigmas culturais sobre vários temas cruciais habitualmente passados sem questionamento de geração em geração. E entre outros é autor do muito conhecido Animal Liberation (siga este link, tem um debate entre Peter Singer e o Juiz Richard Posner)
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