A Vida de Pi - fala a leitora

O autor de A Vida de Pi, Yann Martell

A Vida de Pi é a meu ver uma espantosa novela em última análise sobre o peso que as circunstancias exercem nos comportamentos... Vale muito a pena ler.

Escrito por outra pessoa, o risco de se tornar enfadonho ou pesado era fácil; escrito por Yann Martel é delicioso e leve mesmo nas suas partes mais tenebrosas, mas sobretudo profundamente humano.

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Havia muitos céus.O céu era invadido por grandes nuvens brancas, direitas em baixo mas arredondadas e encapeladas por cima.O céu era completamente limpo de nuvens, de um azul absolutamentre arrasador para os sentidos. O céu era uma manta pesada, sufocante, de nuvens cinzentas, mas sem promessa de chuva. O céu estava finamente encoberto. O céu estava manchado de pequenas nuvens brancas felpudas. O céu estava raiado por nuvens altas e finas que pareciam uma meada de algodão esticada. O céu era uma bruma leitosa e sem forma. O céu era uma densidade de nuvens de chuva escuras e tempestuosas que passavam sem deixar cair a chuva. O céu era pintado com um pequeno número de nuvens planas que pareciam bancos de areia. O céu era um simples bloco para permitir um efeito visual no horizonte: a luz do Sol a inundar o oceano, sendo as orlas verticais entre a luz e a sombra perfeitamente distintas. O céu era uma longínqua nuvem negra de chuva a cair. O céu era muitas nuvens em muitos níveis, algumas espessas e opacas, outras que pareciam fumo. O céu era negro e cuspia chuva no meu rosto sorridente. O céu não era mais que água a cair, um dilúvio incessante que me enrrugava e inchava a pele e me enregelava.

Havia muitos mares. O mar rugia como um tigre. O mar sussurrava ao ouvido como um amigo a contar segredos. [...]

A Vida de Pi de Yann Martel
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