imagem retirada de um blog paternal e... querido! :-)
Um texto de Sara Bizarro sobre o estado de tentativa de regulamentação, limitação e inferiorização da mulher por parte do homem em quase todas as culturas e religiões procurando uma explicação para tal... a teoria não é nova, mas está muito bem sintetizada e na raiz de tudo está o sentimento de pertença...
mas leiam:
"Durante um longo período de tempo, por toda a feliz Idade de Ouro, só existiram homens à superfície da terra, não havia mulheres. Zeus criou-as apenas respondendo com o seu rancor a todos os cuidados que Prometeu tivera para com o homem. (…) Zeus criou então algo de muito perigoso, algo que deleitava os olhos pela suavidade e pela beleza, com o aspecto de uma donzela tímida a quem todos os deuses concederam dons, vestes prateadas e um véu todo bordado, uma autêntica maravilha. Chamaram-na Pandora, que significa "a dádiva de todos"; depois de terminada esta bela calamidade, Zeus mostrou-a a todos e, ao contemplarem-na, tanto os Deuses como os homens ficaram extasiados. É dela - a primeira mulher - que descendem todas as outras mulheres, que são a desgraça dos homens e que têm propensão para praticar o mal"
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(Hamilton, Edith, A Mitologia, 95-96)
(Hamilton, Edith, A Mitologia, 95-96)
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As concepções de inferioridade da mulher povoam toda a história da humanidade. Desde as narrativas míticas, de que o mito de Pandora é um exemplo, a mulher tem sido considerada não só como inferior, mas também como uma ameaça constante ao homem. A concepção Aristotélica da inferioridade física e moral da mulher (por falta de calor e excesso de humidade) foi uma das mais influentes da história ocidental. Mas as concepções de inferioridade da mulher multiplicam-se, mesmo nas sociedades que não sofreram a influência grega. Uma pergunta inevitável é: porquê? Porque é que a mulher sempre foi vista como inferior e, de algum modo, perigosa? Porque é que os homens se esforçaram por dominar as mulheres?
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Nalgumas tribos existem mitos segundo os quais a superioridade do homem foi antecedida pela superioridade da mulher, superioridade esta de tal modo tirânica que justificaria a dominação presente do homem. Um exemplo de um mito deste tipo pode ser encontrado na tribo dos Ona estudada por Anne Chapman [...]
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Esta constatação leva à ideia de que a necessidade do homem de dominar a mulher está relacionada directamente com a maternidade.
De facto, o controle social da fecundidade das mulheres pode ser considerado como essencial pelo menos nas primeiras sociedades.
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De facto, o controle social da fecundidade das mulheres pode ser considerado como essencial pelo menos nas primeiras sociedades.
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Mas, para a união da tribo é necessário garantir a paternidade, principalmente a paternidade dentro da tribo e não, por exemplo, numa tribo inimiga. Para tal, é necessário que as mulheres estejam sobre a dominação dos homens, isto não porque elas sejam consideradas promíscuas à partida, mas porque a maternidade é evidente e a paternidade é apenas aparente.
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A angústia da paternidade parece assim ser a resposta às perguntas iniciais: Porque é que a mulher sempre foi vista como inferior e, de algum modo, perigosa? Porque é que os homens se esforçaram por dominar as mulheres? O esforço masculino de domínio sobre o feminino parece ser uma tentativa de evitar a angústia da paternidade. [...]
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* texto completo*
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Uma das vertentes dessas respostas cai numa coisa muito simples... eu, pelo menos vejo isso...
ReplyDeleteA mulher, no namoro e no casamento, antes que venham os filhos, já tem um amor maternal instintivo que ela direciona pro parceiro, e muitas vezes as relações ficam infantilizadas, apelidinhos e diminutivos, uma chatice até exagerada... Qdo vem os filhos a mulher direciona esses miminhos para o filho ou filha naturalmente, e o homem sobra, literalmente... Daí, vem a sua inveja do útero, que gera a violência... Qdo é o homem que direciona os miminhos para o filho ou filha, a mulher tbm se sente abandonada, e pode até ter ciúmes da própria cria...
Qdo as relações são maduras, isso não acontece...rs...
Mas...rs...
Muito bem Juliana...concordo consigo. Não há dúvida que o homem procura a mãe na mulher e também projecta a boa e a má mãe na mulher...no fundo só existe mesmo uma só relação mãe-filho e a filha nesta história ficou sem mãe...sendo mãe logo que lhe dão a bonequinha para as mãos...Ela quase nao tem direito ao colo da mãe e por isso também procura no pai e no homem ...a mãe! Isto anda tudo trocado ...vamos lá por ordem nisto. É por isso que temos de urgentemente viver a deusa mãe... rleonor
ReplyDeleteEstá na hora de separar o amor do sexo...rs...
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ReplyDelete(Obrigado pelo link - só agora aqui cheguei)
ReplyDeleteIsso das angústias da paternidade é um exagero - as minhas passaram todas quando tive de mudar a primeira fralda e percebi que afinal aquilo não custa nada. :)