Ela tambem fala de um assunto mediático no momento e de um modo muito específico, mas que eu tambem gostei muito...
Por isso lhe peço as palavras emprestadas para viajarem até aqui:
voltar a acompanhar noticiários tem um efeito colateral engraçado. a notícia do vovozinho (ele tem 73 anos) austríaco que manteve a própria filha presa no porão dá margem a uma metáfora, uma leitura dos fatos muito interessante.vamos lá: o vovozinho representa o patriarcado. velhinho e gagá, decadente, do tipo que parece precisar de uma bengala ou fralda geriátrica, mas se equilibrando orgulhosamente em alguns poderes ainda vigentes. poderes cretinos como por exemplo, o de manter a própria filha (que representa a mulher nascida do patriarcado, a mulher que o homem inventou, criou) presa no porão (subterrâneo, inconsciente, blabla... já deu pra entender o paralelo). eles têm crianças, que jamais saíram do porão, ou seja - é um papai bem castrador mesmo, esse.. dá comida e roupa mas não deixa andar de bicicleta, e cria com isso pessoas à sua esquizofrênica semelhança. está tudo bem pro papai ter seres tão mutilados quanto ele, nunca melhores.
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quando a (que coincidência!!!) menina mais velha precisa ir ao hospital, descobre-se todo o universo doente que esse homem criou e onde todas essas pessoas estavam vivendo.para além da cretinice desse homem, não vou discorrer sobre a saúde mental da menina que virou mulher dentro de um porão e viveu com seus filhos naquele ambiente insalubre e restrito em todos os sentidos, pois tudo é bem óbvio. o patriarcado tem esse poder, o de criar pessoas em ambientes completamente absurdos e convence-las de que está tudo bem e 'normal' e que é assim mesmo que a vida moderna é. afinal, um shopping lindo desses e vc está reclamando?! estamos falando de pequenezas que parecem infinitas - como todo um universo doente pode se manter por tanto tempo, com a conivência de muita gente. como uma vida tão ruim pode ser aceita como a única possível, certa e normal. e como a dominação insana pode manter tanta gente em vidas que parecem medíocres e tristes panelas de pressão.
(ler mais mitos contemporãneos)
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