Tuesday, August 09, 2005
O Preconceito e a Hipocrisia
Preconceito é uma idéia formada antecipadamente, partindo-se de certos pressupostos, sem se levar em consideração os fatos ou sem o necessário conhecimento destes. Desta forma, o preconceito pode ser observado nas mais diversas "categorias" do relacionamento humano. Há preconceitos a todo tipo de coisas, condições ou situações (vai para muito além das questões raciais) e é uma pista de mão-dupla, fruto da ignorância (no sentido mais amplo do termo; seja pelo desconhecimento da realidade ou pela falta de alguma conscientização). E tal ignorância pode ser encontrada, facilmente, em qualquer meio social, gerando intolerância e falta de respeito pelas diferenças.
Aliás, eis aí a chave de todo o problema: O respeito às diferenças.
Mesmo tendo-se em mente algo que parece tão óbvio, há uma predisposição à imposição da idéia de homogeneidade humana, que vai em sentido oposto ao ignorar as origens e a história de cada um dos povos. Ora, não há como impor uma igualdade que não existe, além de que é justamente a diversidade que gera a riqueza humana, proporcionando um maior desenvolvimento do homem em sua humanidade.
Parece um erro crasso querer acabar com qualquer tipo de preconceito através da imposição de regras, normas e tabelamentos. O único fruto desta política é justamente o aumento da intolerância. A tônica deveria ser a conscientização em torno da diversidade. E tal somente seria possível se abríssemos mão do preceito de que a humanidade é uma espécie à parte dos demais animais — é difícil crer que com todo o avanço científico tal idéia ainda seja aceita.
Ao aceitarmos serem homens e mulheres animais como outros quaisquer sobre a terra, poderemos — então livres de dogmas — compreender as diferenças e somente assim aceitá-las como fundamentais ao desenvolvimento da espécie e até como fator de enriquecimento cultural, intelectual e tantos outros que atualmente nos sejam embotados pela ignorância. Penso que o que deva haver, de fato, é o rompimento com as categorizações; isto é, aceitar-se a diversidade como algo natural à toda forma de vida sobre a terra e entender que homens e mulheres são homens e mulheres em qualquer canto do mundo, independentemente de sua estatura, peso, pelagem ou cor. Assim, estaríamos superando a obsessão que temos em rotular a tudo e a todos, o tempo todo. Homens e mulheres não são produtos que devam ser classificados conforme qualidades ou quantidades, até por que, em nossa sociedade o bom e o mau, o melhor e o pior, são mera questão da conveniência burguês-judaico-cristã.
Talvez o único caminho para o fim dos preconceitos não seja a anulação das diferenças, mas, ao contrário, a sua aceitação. Mudar a terminologia das ditas "minorias" — que nem sempre são exatamente minoritárias — parece-me absolutamente estéril. Todas as formas de vida são variadas e cada uma detém atributos que podem ser comuns às demais ou não e a humanidade não é diferente. E este é o melhor do que aquele? Não. Cada um é melhor naquilo que lhe é particular.
Leandro Laube - Contradições
*
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
Ah se toda a gente soubesse respeitar as diferenças dos outros. Posso dizer que lido com casos de descriminação por parte de pessoas que me rodeiam e não imaginas como isso me deixa infeliz!
ReplyDeleteAcho que não consigo compreender o proquê de tanta raiva...
Sinceramente, Ananda, penso que na raíz do preconceito e consequente descriminação há o medo do que nao se controla, do que é desconhecido.
ReplyDeleteEu sou muito "viver e deixar viver" por natureza e tenho muita dificuldade em ter qualquer empatia com esse tipo de personalidades...
Acho que a soluçao para nao ficarmos deprimidos está em termos uma grande consciencia do nivel de realidade limitado de quem descrimina, e claro desejarmos/contribuirmos para que a pessoa se expanda um pouco.
Afinal quem é que disse que "libertando os outros, libertamo-nos tambem um pouco a nós próprios"?!
E uma grande verdade...
=)
Olá!
ReplyDeleteFico honrado por constar em seu blog.
Que tal manter contato?
Abraço