Monday, July 09, 2007

Chamam-lhes 'crimes de honra'... eu chamo-lhes apenas, crimes!


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Como diz a Clara Ferreira Alves, no ocidente estes crimes continuam a ser atirados para debaixo do tapete...

Praticados por fanatismo, ignorados e ocultados por uma comunidade igualmente fanática ou eventualmente desinformada e assustada de mais para ter voz...
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Polícia investigada por não evitar um crime de honra

Cinco polícias britânicos estão a ser investigados por terem ignorado os pedidos de ajuda de Banaz Mahmod, uma rapariga curda de 20 anos, que foi vítima de um crime de honra na noite de 23 de Janeiro de 2006.

O seu pai, Mahmod Mahmod, e o seu tio, Ari Mahmod, foram condenados pela justiça na terça-feira após três meses de julgamento. O mesmo aconteceu a dois dos autores materiais da morte por estrangulamento. Mais outros dois suspeitos fugiram para o curdistão iraquiano.

Banaz chegou a enviar vídeos para a polícia , gravados pelo telemóvel, a dizer que temia ser morta pela família por recusar um casamento de conveniência que o pai lhe arranjou.

Tudo começou por causa de um beijo que Banaz deu a Rahmat Sulemani, de 28 anos, no sul de Londres. A seguir a isso houve a primeira tentativa de assassínio - que falhou. Foi na passagem de ano de 2005.

(noticia completa)

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A família obrigou-a a casar aos 17 anos com um noivo 11 anos mais velho, curdo da mesma tribo. Um casamento arranjado que correu mal.
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O pior estava por acontecer. Banaz apaixonou-se por um curdo, de outra tribo, e não muito religioso, Rahmat Suleimani.
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Banaz percebeu que ia ser assassinada e fugiu por uma janela partindo os vidros com as mãos.[...] A polícia aconselhou-a a ir para um abrigo mas Banaz achou que se voltasse para casa a mãe a protegeria. Menos de um mês depois estava morta
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Quando o pai foi condenado em tribunal não mostrou qualquer emoção, continuando convencido que fez o que devia como curdo e como mulçulmano. O tio detestava Banaz e as modernices. Rahmat diz que perdeu o amor da sua vida. Uma das irmãs aceitou falar aos jornalistas com a cara toda velada com excepção dos olhos, o niqab, cheia de medo das represálias. A comunidade curda tudo terá feito para encobrir o crime. O noivo não quiz mostrar a cara, porque já tinham tentado raptá-lo. A polícia iniciou uma investigação interna para apurar as razões pelas quais não tinha sido dispensada protecção a Banaz
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A polícia multiculturalista inglesa não sabe como lidar com estes crimes de honra, e várias dezenas acontecem todos os anos sem que a polícia intervenha ou haja condenações, por não haver denúncias ou corpos achados. Sem o telémovel talvez a ausência de Banaz e a denúncia de Rahmat passassem despercebidas. No ocidente, estes crimes são atirados para debaixo do tapete.
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Banaz tinha 20 anos quando morreu.

(In Maxima de Agosto - O crime de Banaz na coluna de Clara Ferreira Alves Prosas Incompletas)
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4 comments:

  1. para divulgar e não calar . NUNCA!!!
    já vou mandar para a rosário que está em Londres ...

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  2. lavar as mãos de um crime...na honra, justiça, religião ou qualquer outra razão..não lhe retira a vergonha, o abuso nem o desprezo pelo "outro"..seja esse crime calado ou não...

    um abraço

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  3. Que parvoice! Esses crimes sem qualificação continuam a acontecer pelo mundo inteiro e toda a gente se cala.:S
    É uma vergonha!

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  4. Claro, gente-do-bem, é sabido que o maior aliado das opressões e abusos é o silêncio.
    Que não calemos nunca contra as injustiças que o nosso coração sente como tal...

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