Saturday, December 15, 2007

as últimas vitímas...



Agora venho falar de outro tipo de vítimas...

As mais desprezadas de todas, porque não tem como agir, porque para muitos não interessam, não contam e há coisas mais importantes em que pensar...

Estou a falar dos animais

*Dos animais-não-humanos

*Parece haver sempre uma força de resistência, de inércia a qualquer modificação mesmo que seja para beneficiar a dinâmica da vida.

Tempos atrás, quando alguns loucos começaram a dizer que todo ser humano mesmo sendo de cor de pele e religião diferente devia ter os mesmos direitos à liberdade e bem-estar, foram ferozmente combatidos, houve guerras e dramas, mortos de ambos lados até ser do consenso comum a aceitação de que assim é...

*Quando as mulheres começaram a reivindicar o direito a uma vida própria e não a serem "propriedade" de alguém (não estamos esquecidos que em Portugal, país dito de brandos costumes, a mulher -só ela, precisava de autorização do marido para viajar para fora do país há bem menos de cem anos atrás...) não faltou quem achasse que estava tudo louco e a luta mais que justa era encarada e taxada da pior maneira

*O mais recente preconceito é o especismo: achar que o direito à vida em plenitude e bem-estar -dentro dos cânones naturais de cada espécie obviamente, é uma coisa supérflua e frívola, coisa de quem não tem mais que fazer e lá vem o argumento mais que batido -e rebatido!, de que enquanto houver criancinhas a passar fome no mundo, o animal maltratado ao nosso lado não interessa mesmo nadinha.

Especismo é achar que a nossa espécie tem mais direitos do que as outras espécies...

Pessoalmente parece-me um argumento o mais pobre de espírito possível: afinal qualquer atentado à vida está errado e o que está na nossa mão acudir em algum grau não deve ser negligenciado ou seria o tipo de raciocínio de que não vale a pena acudir uma criança porque há muitos velhinhos a passar mal ou vice-versa...

*Quando vamos ver quem fala assim, geralmente encontramos alguém que não faz nada, nem prática nem teoricamente, limita-se a criticar quem faz.

*Os animais domésticos viram muitas vezes saco do lixo das emoções doentias do seus donos

*os animais de criação para abate vivem vidas miseráveis em linhas de produção que os trata como objecto de lucro e não como um ser que sente e sofre

*nos laboratórios -em experimentos na maioria das vezes inúteis, o que lá se passa daria para fazer as delícias de qualquer psicopata sádico

*a industria de moda estimula procedimentos abjectos quando promove o uso de peles verdadeiras -uma beleza assente no sofrimento e morte

*A lista é longa, muito longa, para vergonha de toda a humanidade; são mil e uma torturas perpetradas pelo ser humano aos animais num completo desprezo pelos mais elementares direitos de vida em nome de vaidade, exibicionismo ou simples conveniência e muita, muita ignorância. Ignorância e cegueira de alma suficiente para achar que os animais existem para servir o homem...


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*Já perdi a conta das vezes que trouxe Peter Singer a este blog; professor, filósofo e vegetariano além de defensor incontornável e autor da Libertação Animal, mas deixo mais esta entrevista dele

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A verdade sobre o modo como tratamos as outras espécies que compartilham connosco o planeta: o vídeo premiado Earthlings (Terrícolas)

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4 comments:

  1. detesto o natal e esta época , pela frivolidade e hipocrisia em que se caiu , pelo desperdicio e despudor com que se abate, se mata, se desfaz...

    é ver no dia seguinte ao natal as ruas cheias de papeis de embrulho e fitas coloridas para embrulhar aquilo que as pessoas não conseguem dar nem transmitir : AMOR

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  2. Agora vc me tocou numa questão crucial... dentro de dias vou tratar do tema da COERÊNCIA na Lealdade Feminina e esse é um ponto vital... Eu sou carnívora assumida. Eu ainda nem sequer consigo pensar na hipótese de me tornar vegetariana, primeiro pq eu adoro carne, e depois pq eu preciso de uma energia e uma vitalidade no meu trabalho que pede uma alimentação altamente calórica e rica em proteína. Como ser coerente e politicamente correta nessa questão... ando às voltas com isso... E depois tbm tenho sérias críticaa às pessoas que por não conseguirem lidar com os seres humanos criam os bichinhos como se fossem bebés, são altamente insensíveis por exemplos com crianças de verdade que precisam de ajuda. É até patético em alguns casos, e é por pura incompetência como ser humano pra conviver e administrar conflitos pessoais, e como vc diz, usam os bichos como bode expiatório. Admiro as pessoas que gostam e cuidam de animais, de forma saudável, e não como uma forma de neurose. Na minha casa na infância sempre tivemos muitos bichos e meu pai, criado no meio rural até hj tem montes de bichos, pássaros, cães, galos e galinhas, uma coruja, pássaros diferentes que eu nem sei o nome e até cavalos. Nunca consegui ser muito íntima deles, eles cá eu lá... eu até já tive uma cadelinha pincher, tinha eu uns vinte e tal anos, mas ela morreu de uma virose qualquer e eu fiquei muuuuuuuito triste, chorava como um bebé. Penso sempre na possibilidade de voltar a ter um cãozinho pq meu filho ama cães, e já teve até uma fase que eu tinha de o chamar de dálmata, e fiz uma roupa de dálmata e tudo. Enfim, sou pouco sensível à causa animal, tenho de confessar. E não vejo hipótese de parar de comer carne... isso é fato - claro que eu posso sempre mudar de opinião no futuro... Mas tbm não acho certo as maldades que se fazem aos bichos, quer sejam os donos, quer sejam as indústrias, enfim... É difícil pra mim entende ser coerente, ou pelo menos eu tento conciliar... enfim, um amigo meu disse que um bom bife e uma boa salada são igualmente assassinos, pq senão a gente deixava o alface e o tomate viverem a vida deles em paz, mas não assassinamos o alface pra fazer salada e comemos... guardadas as devidas proporções, mas os vegetais tbm tem vida, e então... só por não se expressarem, eles tbm podem sofrer ao serem arrancados do solo e rasgados com dentadas... ou não...
    Não é pura provocação Marian, esse é um assunto que vamos discutir mais pq eu não quero ser assassina de perus de natal, mas tbm se for assim, não poderemos comer nada... e eu vou ter de mudar de profissão, pq sem forças e energias suficientes eu não aguento a lida nas obras... Então como é que ficamos... vamos debater?
    Beijinhos...

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  3. Wicky, cada vez o meu natal é mais minimalista, mais dirigido ao essencial, c/ pouco folclore e o menos consumismo dispensável possivel...
    Beijos
    *
    Juliana, as tuas reflexões estão certíssimas e só demonstram bom-senso. Tambem eu e todas as pessoas que fizeram um percurso de carnívoras para vegetarianas tivemos todas essas dúvidas e questões e mais algumas ainda. O vegetarianismo foi um opção que fiz em absoluta liberdade e por vontade própria no tempo certo. Quando amadureci para isso, as circunstancias surgiram. Eu respeito quem não a faça, embora obviamente prefira quem ponha em practica essa opção. Afinal é o mais alto grau de protecçao animal, não os comermos ou matarmos para usar pele, etc.
    Quanto à alimentação, estamos todos tão profunda e subliminarmente educados para achar que é a proteína animal que dá a força, que nem consideramos alternativas... de longe mais saudáveis.
    Acontece que as há e não são só cenouras e couves como pensam os não-vegetarianos! rsss...
    Sabes que já há inúmeros cursos de cozinha vegetariana e inclusive chefes de alta cozinha veg?!
    Ninguem consciente e empático com a vida nega que exista vida e reacçoes talvez até emocionais nas plantas...
    Eu se pudesse era luz e alimentava-me de luz...
    mas como este corpo denso com que opero neste plano precisa de equivalentes densos para se manter e reparar... posso fazê-lo com vegetais, cereais e frutos e usar a proteína vegetal em vez da animal. O animal está mais perto de mim em sensibilidade e organização corporal e emocional (ainda mais os mamíferos)...
    Sente terror, dor e agonia -como nós sentiriamos se estivessemos no lugar dele.
    O animal tem sistema nervoso central. A planta, não.
    Mas muito há para dizer: inclusive a criação intensiva de animais desperdiça recursos do planeta e polui de forma absurda e escusada.

    (http://www.eco-gaia.net/forum-pt/index.php?topic=21.0;prev_next=prev)

    A dieta carnivora não é de todo a mais saudável... sobrecarrega e ainda mais quando o animal é criado confinado e carregado de hormonas e antibioticos.

    O mais hilariante desta história toda é que nós nem sequer temos aparelho digestivo de carnívoros, Juliana!
    Há muito graus de vegetarianismo que por si só é um mundo...
    Eu na brincadeira digo que 'como tudo, menos cadáveres animais'...
    Aqui (http://stulzer.net/blog/2007/08/31/como-virei-vegetariano/) alguem conta seu 1ºs passos...
    e aqui fala-se de coisas muito importantes:
    http://www.accaoanimal.com/site/content/view/137/133/1/1/

    Uma vez fiz uma ceia de natal veg que foi sucesso... inspira-te:
    http://www.centrovegetariano.org/receitas/index.php?cat_id=110
    e
    http://www.centrovegetariano.org/Article-259-Natal+vegetariano%253A+como+sobreviver.html
    Beijinhos grandes para ti e filhote

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  4. Anonymous11:53:00 am

    Muito obrigada pelos esclarecimentos todos Marian... eu sei que futuramente terei de optar pra poder ter mais coerência no meu discurso... Mas ainda vou tentar uma forma de conciliar meu gosto pessoal e outros gostos... Talvez o Theodoro vá mais rápido do que eu:
    Ah, não mãe, coelhinho eu não vou comer não, tadinho...
    E então eu vou seguindo os passos dele... afinal, os filhos tbm vem pra nos ensinar muitas coisas...
    É uma questão de conhecer mais e ir aprendendendo... Sou totalmente contra o uso de peles ou de experiências em laboratórios... mas ainda acredito que devemos testar os medicamentos por exemplos nos animais primeiro antes de testar em humanos... é uma área delicada e de muitas controvérsias...
    Aos poucos eu chego lá...rs...
    Pra mim, a alimentação assim é muito mais cultural, das comidas das minhas avós, por exemplo... e tbm naquela época lá no interior de Minas Gerais(Brasil), o consumo era direto dos pequenos produtores rurais, todos conhecidos, amigos e cumpadres, tudo saudável e natural, vida do campo mesmo... mais ecológico impossível... Juliana

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