Sunday, May 18, 2008

história do Ventania


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Hoje conto a história do Ventania. Verídica e muito recente.
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Ele é um belo gato fortemente arraçado de persa, todo branco e com pêlo muito comprido Quando o vi pela primeira vez estava com o pêlo cinza de sujo.
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Quem me conhece e sabe que não viro as costas a um animal em apuros vem ter comigo com a descrição daquele luxuoso gato aparentemente perdido nas ruas, a atravessar com soberba tranquilidade avenidas largas e movimentadas...
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Já junto ao exemplar dou-lhe água e comida -estava a precisar! Acaricio-o e pego-lhe sem que ele proteste... No entanto qualquer coisa no seu olhar firme me diz que é um gato cheio de ideias próprias e com decididas intenções de ser ele próprio a escolher os seus caminhos!
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Ninguem podia ficar com ele, eu de lotação esgotada... abreviando, foi já bem tarde no dia que arranjei FAT para uma ou duas noites; não se revelou muito eficaz: o Ventania fugiu das duas vezes que o levei com intervalo de poucas horas... e regressou ao ponto onde o tinha encontrado são e salvo apesar de separado por uma avenida movimentada.
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Entretanto já eu tinha tentado contactar o número no interior da coleira junto ao nome, sem sucesso. Deixei mensagem e retornaram mais tarde, confirmando que se tratava dos donos, e que sim, iriam buscá-lo mais tarde...
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Nunca apareceram.
Nem ligaram
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Não atenderam quando liguei várias vezes posteriormente para saber com o que se podia contar em relação ao bichano.
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Quando outra pessoa ligou de outro número atenderam e disseram o que já todos sabiamos: que podiam ficar com ele, não o queriam.
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Sem comentários.
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Apesar de tudo, Ventania tinha uma história em que já tinha passado por várias mãos. Criado por um grupo de emigrantes que o deixaram para trás quando foi hora de partir e mais um episódio qualquer onde se notava que tinha vivido no exterior das casas e com pouca atenção, ele não parecia disposto a tornar-se um gato indoor fácilmente.
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Apesar dos últimos donos estarem perto não regressou; tinha saído de casa e escolhido o lugar onde o encontrei para viver...
Apercebemo-nos que estava esterilizado e de unhas cortadas. Talvez estas últimas pessoas tivessem tentado fazer alguma coisa por ele e desistido demasiado cedo.
Um gato esterilizado já depois de adulto (não sei se era o caso dele) demora algum tempo a acalmar, os vets dizem que pode ir até 6 meses com a hormona ainda a circular e a proporcionar o típico comportamento inquieto.
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O jovem persa -entre um ano a ano e meio, acabou por se tomar de amores por um humano que por ali divide o seu espaço com um felino europeu comum, lindo e simpático, todo negro como a noite... os dois gatos tornaram-se os melhores companheiros: para onde um vai, vai tambem o outro. O humano, a principio não achou muita graça a este brusco aumento de clã sem ser consultado, mas acabou por se render e agora diz enlevado que se senta num cadeirão com os dois gatos em frente, um em cada cadeira...
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Eu não disse que o Ventania tinha ideias próprias sobre o que fazer da sua vida?!
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4 comments:

  1. Marian, que linda história! Adorei! É certo a independência dos gatos, mas certo ainda a intuição dos bichanos.


    Grande beijo e ótima semana, amiga!

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  2. os gatos, quais humanos, sabem tomar as rédeas do seu destino e o vento os leva aonde mais querem ir ...

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  3. Quanto mais os conheço mais me surpreendem, Greentea! :D
    Beijinhos para ti

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