Thursday, January 12, 2012

Felicidade é...? -palavras sobre uma obsessão induzida



O texto abaixo insere-se num livro relacionado com as pessoas que portam o síndrome de Asperger.

No entanto, o subtil desconforto social que provoca a pessoa que não opta por uma vida a dois, torna-o adicionalmente uma leitura interessante para refletir sobre onde começam e acabam os comportamentos socialmente induzidos versus as tendencias básicas das pessoas.

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As principais regras sobre o que cada mulher supostamente precisa são as seguintes:
.A melhor maneira de ser feliz na vida é ter uma relação monógama duradoura (casamento).
.Temos de namorar e eventualmente casar.
. Qualquer relação é melhor do que nenhuma relação.


Pode protestar,alegando que não comunica todas estas coisas à sua filha. Mas repare: mesmo que não o faça, o resto do mundo faz.


Estas regras estão relacionadas com uma presunção subjacente massiva que nos rodeia: o namoro é de certa forma realmente importante, o namoro deve certamente levar ao casamento e o casamento é o melhor objectivo para qualquer pessoa, especialmente qualquer pessoa entre os vinte e os quarenta anos. Só há um problema: isto não é necessariamente verdade.


É muito frequente as adolescentes e as jovens mulheres receberem toneladas de conselhos sobre namoros de uma variedade de fontes, todos eles presumindo que elas querem namorar e que, se tiverem mais de dezassete anos,devem mesmo namorar.O namoro não é apenas muito encorajado, mas também há muita preocupação acerca das raparigas que não mostram interesse nisso. 
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Isto está tão forte e permanentemente implícito que é inevitável. Se procurarmos "atividades para solteiros" na secção de fim de semana do jornal,iremos encontrar toneladas de atividades pensadas para as pessoas encontrarem potenciais companheiros. Ninguém vai a atividades para solteiros pela própria atividade em si.
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Quer queiramos, quer não, a nossa cultura está constantemente a comunicar a ideia de que estar apaixonada é vital e que o sentimento de estar apaixonada é mesmo, mesmo significativo e importante.


Vejamos o caso de Romeu e Julieta. Eles conheceram-se e apaixonaram-se perdidamente antes de qualquer um deles saber alguma coisa sobre o outros; basicamente, eles não têm nenhum relacionamento afetivo, mas antes uma série de encontros "fugidios"; e muito estupidamente escondem o que se está a passar por estranhos meios e acabam por se suicidar como os tontos, imersos em hormonas, imaturos que são. E é este o ideal do amor da nossa cultura. Por amor de Deus.


A grande maioria das pessoas da nossa cultura procura o amor romantico com algum desespero, o que não surpreende, quando a grande maioria das músicas populares,, dos programas de televisão e dos filmes se centra nas alegrias e nas mágoas supostamente sublimes da maldita coisa.


A realidade é que o amor romântico tem muitos atrativos, sendo um dos quais, o facto de ser o equivalente emocional de uma droga opiácea. Fornece um estimulo bioquímico bastante potente.

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(in: "felicidade é...?" de Jennifer Mcllwee Myers, 
livro Asperger No Feminino)


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