Wednesday, February 16, 2005
Meu Único Amigo
MEU ÚNICO AMIGO
Maravilhar-te as insónias
com paciência crepúsculo da idade
acordar fora do corpo esquecer o olhar
sobre o pêlo ruivo dos animais beber
o fulgor das estrelas no esplendor da alba
nomear-te
para recomeçar-mos juntos a vida toda
ensinar-te o segredo dos alquímicos minerais
singularidade
acender-te um pouco de culpa
na imatura paisagem do coração
eis a travessia que te proponho
amanhecer sem querermos possuir o mundo
e no orvalho da noite saciar o desejo adiado
respirar a música inaudível das galáxias
sentir o tremeluzir da água no medo da boca
o amor
deve ser esta perseguição de sombras
esta cabeça de mármore decepada
ou este deserto
onde o receio de te perder permanece oculto na sujidade antiga dos dias
Al Berto
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