Wednesday, June 29, 2005

Caminho da alegria



Você já percebeu que muito se fala em sentimentos negativos como raiva, ódio, tristeza, dor, culpa, mas pouco se dedica às emoções positivas e gostosas como a alegria?

Afinal, nossa própria cultura supervaloriza o sofrer e até nos faz sentir culpados quando estamos em estado de graça, fazendo-nos esquecer que também podemos ser alegres e felizes. Quem nunca ouviu aquele ditado: "quem ri muito, acaba chorando"?

Dizem que só crescemos e mudamos na dor e no sofrimento. Por que não o oposto? Infelizmente, as pessoas tendem a se acomodar quando tudo está bem.

Mas é possível mudar através da alegria e da exaltação, pois a essência para qualquer mudança é entrarmos em contato com nossos verdadeiros sentimentos e isso pode ser através do sofrimento ou da alegria.

Desde o começo da leitura deste artigo, você com certeza está sério, concentrado no que está lendo. Mas, como estão seus sentimentos internos, suas emoções? Tente perceber como está se sentindo neste momento...

Qual é o seu estado de espírito? Eu sei, temos tantos problemas, mas será que você não pode olhar um a um sob outra ótica? Sempre podemos tirar uma lição de tudo que nos acontece, depende como encaramos os fatos.Procure se lembrar de algum momento que te trouxe alegria, paz no coração... Como você se sentiu? A emoção da alegria nos aquece, como se um calor vindo do plexo solar irradiasse para todo o corpo, os gestos ficam mais leves, os músculos tendem a relaxar, muitos têm o desejo de cantar, outros de gritar, outros preferem o silêncio.

A alegria em geral sugere a proximidade com outras pessoas. A auto-imagem que expressamos quando alegres demonstra autoconfiança, nos sentimos importantes. Além do que, ficamos muito mais bonitos. Quando alegres ficamos muito mais iluminados, mais generosos, pacientes, solidários. Porém também ficamos mais manipuláveis, pois estamos mais abertos e flexíveis.

Contudo, existe uma parte sombria na alegria. Já reparou que muitas vezes estragaram sua alegria? Quantas vezes você foi contar que estava alegre e o outro como resposta começa a falar da última tragédia que lhe aconteceu, como se sentisse uma inveja oculta da sua alegria? Com certeza sua bolha de alegria se estourou no ar.

Às vezes convivemos com pessoas muito críticas, destrutivas, amarguradas e que inconscientemente não conseguem ver ninguém feliz e machucam, magoam e maltratam quem está ao seu lado, tornando difícil encontrar bem-estar e paz interior perto delas. São pessoas que parecem sentir prazer em destruir a alegria alheia, pois elas mesmas sentem-se incapazes de nutrir tal sentimento. Relacionar-se com pessoas assim, torna difícil sentir-se livre para rir. Aos poucos passamos a ter vergonha do que sentimos, controlamos nossas emoções e inconscientemente, reprimimos o que sentimos, em especial, a alegria.

A parte sombria da alegria nos faz muitas vezes sentir culpados, enquanto a alegria saudável nos faz criativos e exaltados. Ao sentirmo-nos alegres, ficamos mais inspirados a imaginar e criar. O que pode levar a encontrar outros caminhos quando surge uma dificuldade. Mesmo em situações de dor, procure buscar uma gota de esperança. Deixe que a esperança de algo melhor esteja sempre presente.

Acreditar que você pode sentir alegria é a própria esperança. E ir no caminho desta busca é a própria alegria.

Temos muitas fontes de alegria, mas quando você se sente alegre? Pode ser quando há uma deliciosa sensação de paz, liberdade, quando está amando, bem-humorado, satisfeito ou em outros momentos. Os motivos podem variar conforme o grau de amor-próprio e satisfação interna. Quanto mais gostamos de nós mesmos, mais motivados ficamos a encontrar satisfação no que fazemos.

O que está impedindo você de estar bem? Por que você permite que uma situação que o faz infeliz se mantenha? É importante buscar essas respostas. Muitos ainda não permitem sentir alegria, como se não fossem merecedores ou, sentindo-se assim, pudessem ferir outras pessoas. O caminho para a alegria é sempre a harmonia interior. Ela é fruto da criação individual. Como diz um trecho da música Harmonia de Sá e Guarabyra:"...

Harmonia é ver o sol nascer com o brilho da lua ainda lá. Harmonia é a rua e é você é a luz do escuro no olhar. Que desejo tão fácil de se ter, que presente difícil de ganhar, mas é sina do homem procurar harmonia... [...mais]

Daí

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Monday, June 27, 2005

Transformação



"O encontro de duas personalidades é como o contato de duas substâncias químicas; se houver alguma reação, ambas serão transformadas."
(Carl Jung)

imagem e texto trazidos da annaluweb um blog cheio de dicas interessantes sobre códigos cósmicos e outras coisas mais...

Saturday, June 25, 2005

Narcisismos...



Brincadeirinha feita na Amazon ...

Escolha livros, vídeos ou cd's, escreva seu nome -ou de quem quiser e aguarde um pouco...

Há várias opções possiveis

Vi a 1ª vez na Cora, mas já rodou mundo...
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A guerreira



O flog loucadeatar é um espaço extremamente interessante, com imagens lindissimas, com textos direcionados para a protecção animal e links para muitas iniciativas de apoio e manifestação de opinião pública: as petições online.

Tambem muitos casos actuais falados nas listas de proteção estão lá, além de uma narrativa ao longo de 30 páginas -a última está no post abaixo.

E mais coisas...
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Para onde ir



A menina e o cão foram caminhando até encontrar um gigantesco precipício. Assustada, ela parou, fechou os olhos e choromingando, confessou:
- Não sei o que há além desse lugar, anjinho. Tenho medo de alturas.
- Abra os olhos, menina.
- Não posso. Tenho medo de cair.
- Abra os olhos e vejo o que existe além do lugar onde costumava andar. A menina abriu os olhos e, surpresa, viu um lugar lindissimo, com montanhas e vales, de uma beleza quase irreal.
- É tão lindo... Mas parece não haver ninguém morando nesse lugar.
- Há, sim, menina. Em cada pedra, em cada pedaço de grama, em cada flor que nasce há vida e um ser vivo habita. Somos todos produtos da mesma força criativa: sejamos animais, seres humanos, insetos, plantas, liquens... Todos tem de aprender a ver e respeitar as diferenças. Infelizmente, o grande erro que a humanidade comete é de olhar apenas para seu umbigo e achar que tudo foi feito para eles. Não foi, menina. São apenas visitantes aos quais foi permitido viver na casa alheia. E enquanto não aprenderem isso, vão sofrer.

- De quem é a casa, então?
- Do grande arquiteto. Ele a fez a seu gosto e para seu prazer e deleite. Infelizmente, o ser humano não está respeitando isso.
- É uma pena, mesmo.
- Vamos lá embaixo ver o que de lindo existe?
- Vamos, anjinho. Eu e meu amigo cão iremos com você conhecer o mundo maravilhoso que nos cerca. E assim a menina desceu da montanha onde pensava estar e se colocou à altura de todas as criaturas que habitam esse planeta chamado terra.

Descaradamente roubado daqui

Vale a pena visitar e acompanhar as primeiras páginas da história...

Algumas têm petições ainda actualizadas para assinar
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Thursday, June 23, 2005

Falar de especismo



[...] A minha complacência foi perturbada quando conheci Richard Keshen, um colega de estudos em Oxford que era vegetariano. Durante um almoço perguntei-lhe porque não comia carne e ele começou a falar das condições em que vivera o animal cuja carne eu estava a comer. Através de Richard e de sua mulher Mary, a minha mulher e eu travámos conhcimento com Roslynd e Stanley Godlovitch, tambem vegetarianos, a estudar filosofia em Oxford. Nas longas conversas havidas entre os quatro - e em particular com Roslynd Godlovitch, que tinha estabelecido a sua posição ética com um pormenor considerável - convenci-me de que ao comer animais participava numa forma sistemática de opressão de outras espécies pela minha própria espécie

in Libertação Animal - Peter Singer
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Tuesday, June 21, 2005

Os fantásticos gatos-vaquinha ou história de um resgate



Parte I - História de um resgate

De vez em quando acontece-me estas coisas...

A verdade é que eu não fujo nada delas, pelo contrário.
A casa está diferente e os meus três gatinhos residentes andam consideravelmente desassossegados.
Tudo porque um resgate felino que demorou quatro dias a chegar ao seu termo teve ontem de manhã um happy end, assim espero.

16 de Junho, hora de almoço - ouço um gatinho miar. Espreito para debaixo de um carro e vejo-o: é mínimo. tem 4 luvinhas brancas, parte da frente do focinho, pescoço e peito de brancura imaculada, o resto é negro. Um delicioso gato vaquinha! Tem muito tónus e belos pulmões, mia mas não se deixa apanhar: enfia-se por baixo para o interior do carro que está á beira de uma estrada e felizmente ali vai ficar pelos vários dias seguintes...De regresso após o almoço, deixo comida e agua e tento mais um vez apanha-lo sem sucesso. A cena é a mesma ao fim da tarde e já muito noite quando me desloco de propósito, acompanhada, mas sem mais sorte que de dia...

17 de Junho - os mesmos passos repetem-se, começando logo de manhã; pelo menos agua e comida eu providencio e ela desaparece rápido se me afastar, mas há demasiada coisa a preocupar-me para me poder sentir tranquila: se o carro arranca com ele lá dentro?! o calor está uma brutalidade, como vai resistir?! e se vai para o meio da estrada de noite?! Nada a fazer, já falei com meio mundo, ninguém sabe de onde veio, não é de ninguém e ninguém quer. Apesar de tudo várias pessoas interessam-se por ajudar e tentam apanhar: mas não conseguem. Eu já fiz de tudo, já me deitei ao comprido no chão para tentar alcançar o bichano, com espanto de quem passa e não sabe o motivo... alguns deixam leite e pão molhado, que começa a atrair moscas.
Estamos à beira de um fim de semana, deixo o meu número a quem se oferece para tentar resgatar, no caso de conseguir.

18, sábado - vou lá de propósito. Alguém deixou leite mas não há sinal do gato, nem se ouve. Será que finalmente conseguiram o resgate?

19, domingo - repete a cena de sábado, mas aparentemente ninguém deixou comida. Deixo eu, como sempre. Não ouço/vejo rigorosamente nada. Começo a duvidar que ainda lá esteja.
E começo a ter pensamentos considerando todas as possibilidades, mesmo as que eu gostaria de excluir em absoluto.

20, Segunda de manhã - passo quase por teimosia no mesmo local convencida que vou ter os mesmos resultados do dia anterior. Vou-me aproximando e chamando, nada... olho entre os dois carros e sobressalto-me: ele está lá, completamente prostrado, cabeça caída, os olhos olham os meus, abre a boca: não sai som nenhum. Agarro-o e levo-o ao peito, está completamente inerte, pendurado como um saco vazio. Corro para o trabalho enquanto falo com ele

Parte II - Os fantásticos gatos-vaquinha

Análise: desidratado, um bocado anémico: mucosas, língua, etc demasiado claras. Está fraquíssimo, não anda, arrasta-se. Simplesmente não levanta a parte de trás do corpo por fraqueza, quando levanta, cai logo. Não tem lesões, aparentemente. Está sujíssimo. Um pouco de água por fora; o leite disponibilizado por uma colega foi bebido a grande velocidade. Uma comidinha de lata foi devorada. Parece que não é preciso ir a soro: ainda está suficientemente forte para se alimentar vorazmente. Cai no sono. Só acorda para comer e dorme de seguida. Recupera forças durante o dia numa caixinha. Talvez uma colega o queira levar. Afinal não, o marido gosta mas opõe-se: já têm uma gata, mais não...

Assim só há uma solução, que sou eu. Reparo na temperatura dele, dele não, dela, descobri que é uma menina! A respiração é muito acelerada, tem febre.

Em casa tenho solução para tudo... que começo a pôr em prática mal chego com um bom banhinho incluído

A reacção é óptima. Hoje, dia 21 já brinca, já caminha pela casa toda mas sobretudo dorme... e está com muito melhor aspecto. Tem uns olhos muito ternos, tranquilos, quase filosóficos nas suas três semanitas de vida - cálculo meu - e gosta de ficar perto de nós observando tudo, ronronando prodigiosamente.

Quando tiver uma máquina -que teima em não vir (GRRR) haverá fotos da... como será mesmo o nome dela?

Ainda não sei se irá para adopção, se vai ficar por aqui...*
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Sunday, June 19, 2005

Verão



Daqui a dois dias entra o verão oficialmente mas acho que já está bem instalado a avaliar pelas temperaturas altíssimas que colocam a protecção civil em alerta.

Consegue-se sobreviver na sombra, de dia, e pensar aproveitar a luz da lua que inunda as noites e está a caminho de plena...
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Madeira


imagem

A reverência quase religiosa pela madeira é, felizmente para nós, uma das muitas tradições que resistiram ao passar do tempo. Uma árvore, como qualquer outro fenómeno natural, é tida como possuindo um espírito, e, quando corta uma árvore, um carpinteiro incorre em dívida moral.

Um dos muitos temas recorrentes na cultura japonesa é a crença de que a natureza exige ao homem um preço pela coexistencia. Um carpinteiro deve pôr a árvore a uso em coisas que garantam a continuação da sua existência, de preferência uma coisa bela para ser tida em grande estima ao longo dos séculos. Há uma oração que Nishioka diz antes de usar a serra numa árvore erecta.

Um exerto: "Juro não cometer nenhum acto que possa extinguir a vida desta árvore"

S. Azbby Brown O Génio da Carpintaria Japonesa

Texto citado no livro Educar a Alma de Thomas Moore
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Saturday, June 18, 2005

Evolução de mentalidades


Salman Rushdie

Por vezes penso que um dia os muçulmanos terão vergonha do que os muçulmanos fizeram nesta época e considerarão o caso "Rushdie" tão improvável como o Ocidente hoje considera a morte de mártires por autos de fé. Um dia poderão reconhecer que - como o Iluminismo europeu demonstrou - a liberdade de pensamento é precisamente a libertação de controle religioso, a libertação de acusações de blasfémia. Talvez também reconheçam que o debate sobre Os Versículos Satânicos era, no fundo, um debate sobre quem deveria deveria deter o controlo sobre a magnífica narrativa, a história do Islão, e que o poder deve pertencer a todos igualmente.

E que mesmo que o meu romance fosse incompetente, a sua tentativa de recontar a história não deixaria de ser importante. Porque se eu falhei, outros terão sucesso, porque aqueles que não tem poder sobre a história qu domina as suas vidas, o poder de a recontar, repensar, desconstruir, de brincar com ela e de mudá-la como os tempos mudam, são verdadeiros impotentes porque não conseguem pensar novos pensamentos.

Salman Rushdie - Palestra
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Metrópole



[...]Devemos recordar que a cidade, a metro-polis significa, na base, uma Mãe que jorra, que flui, que invade. nós somos seus filhos, e ela pode alimentar a nossa imaginaçao se alimentarmos a sua. Assim, a magna mater não é a magna culpa. A verdadeira culpa de tudo isso - os bairros pobres e o orçamento, o analfabetismo e o rearmamamento, a decadência ética e o veneno ecológico, a causa do definhamento das nossas instituições: o governo, as escolas, a família, o comércio e os serviços, as editoras e a linguagem - é a incúria da cidade.

Sem esse filho não conseguimos imaginar a nossa civilização, ou favorecer a imaginação da nossa civilização, de modo que a própria civilização se torna uma má mãe, não oferecendo qualquer sustento ou bebida para a alma. Obviamente, a mãe individual sente o fracasso. A experiência de uma má maternidade é dada com a própria civilização quando a educação da imaginação é negligenciada

James Hillman - A Má Mãe/Cidade & Alma
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Friday, June 17, 2005

Culpa e Liberdade



O indivíduo perde a sua culpa e troca-a por inocência infantil, pode novamente atribuir a culpa disto ao pai malvado e à mãe pouco afectuosa. E, durante todo esse tempo, ele está preso neste inelutável nexo causal, como uma mosca numa teia de aranha, sem se aperceber de que perdeu a sua liberdade moral.

Mais, por mais pecados que pais e avós possam ter cometido contra a crinaça, o homem que é realmente adulto aceitará esses pecados como a sua própria condição, que tem que ter em consideração. Apenas um louco se interessa pela culpa de outras pessoas, visto que não a pode alterar. O homem sábio aprende com a sua própria culpa. Ele perguntar-se-á: Quem sou eu para para que tudo isto me aconteça?

Para encontrar a resposta a esta pergunta fatídica, ele olhará para dentro do seu próprio coração.

C.G. Jung - Psicologia e Alquimia
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Histórias versus arquétipos



As histórias são medicamentos. Fiquei viciada em histórias desde que ouvi a primeira. Elas possuem um enorme poder; não exigem que façamos, sejamos ou realizemos seja o que for -apenas precisamos de ouvir.
Os remédios para a reparação ou regeneração de qualquer impulso psíquico perdido estão contidos nas histórias.
As histórias engendram emoção, tristeza, questões, anseios e interpretações que espontaneamente trazem o arquétipo, neste caso a Mulher Selvagem, à superfície.

As histórias estão recheadas de instruções que nos orientam através das complexidades da vida.
As histórias permitem-nos compreender a necessidade de um arquétipo submerso e os modos de o fazer emergir.

Clarissa Pinkola Estés - Mulheres que Correm com Lobos
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Wednesday, June 15, 2005

Sonetos a Orfeu


imagem

Músculo floral,
abre-se pouco a pouco
De manhã a anénoma dos prados
ainda no seu regaço
a luz polífona
de retumbantes céus
irradia

Na tranquila florescência, flexionado
o músculo de infinita recepção
Tantas vezes submerso em plenitude
que a chamada à tranquilidade do pôr do Sol

com dificuldade te torna a dar
as pétalas descontraidamente abertas:
tu, a firmeza e a força
de muitos mundos.

Somos violentos
e aqui permanecemos mais tempo
Mas quando, em qual de todas as nossas vidas,
nos abriremos finalmente
e nos tornarmos receptivos?

*Sonetos a Orfeu de Rainer Maria Rilke

*Poema incluido no livro de Thomas More - Educar a Alma
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Liberdade, enfim!


Contentíssima fiquei eu, com a libertação de Florence Aubenas e Hussein Hannoun, a jornalista francesa e o seu guia e motorista no Iraque.

No Liberation de hoje vem a história mais detalhada dessa libertação.

Vale lembrar que o próprio jornal e toda a comunicação em geral não pararam de manter a solidariedade e recordação diária do rapto, que aconteceu em Janeiro na capital iraquiana e terminou a 12 de Junho

Florence Aubenas, repórter do jornal diário "Libération", estava no Iraque desde meio de Dezembro prepararando entre outras, uma reportagem sobre as mulheres candidatas às eleições iraquianas.
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Tuesday, June 14, 2005

Palavras de Peter Singer...


Peter Singer, filósofo australiano, professor na Universidade Princeton, dedica-se à bioética e é escritor

Entrevista1

Entrevista2

[...] não "adorávamos" animais. Queríamos simplesmente que eles fossem tratados como os seres independentes e sencientes que são, e não como um meio para os fins humanos -como tinha sido tratado o porco cuja carne estava agora nas sanduiches servidas pela nossa anfitriã.

(este livro) destina-se às pessoas que se preocupam com o fim da opressão e da exploração onde quer que estas se encontrem, e pretendem que o principio moral básico da igual consideração de interesses não se restrinja arbitrariamente à nossa própria espécie.

Um movimento de libertação exige o alargamento dos nossos horizontes. As prácticas que anteriormente eram consideradas naturais e inevitáveis passaram a ser vistas como resultado de um preconceito injustificável.

As pessoas que comem diariamente pedaços de seres não-humanos abatidos consideram difícil crer que estão a agir incorrectamente; e também consideram difícil imaginar que outra coisa poderiam comer. Nesta questão, todos os que comem carne são parte interessada.
Beneficiam - ou, pelo menos, julgam beneficiar - da desconsideração actual dos interesses dos animais não-humanos.

Hábito.[...] Hábitos não só dietéticos, mas também de pensamento e linguagem que tem de ser postos em causa e alterados.

A língua inglesa, como outra línguas, reflecte os preconceitos dos seus utilizadores. Assim, aos autores que desejem pôr em causa estes preconceitos depara-se-lhes uma dificuldade bem conhecida: ou utilizam a sua língua, que reforça os próprios preconceitos que desejam questionar, ou não conseguem comunicar com o público.

Se cessarmos de criar e matar animais para consumo, podemos disponibilizar tanta comida para os humanos, que esta, distribuida de forma correcta, erradicaria a fome e a subnutrição do nosso planeta. A libertação animal é também a libertação humana

in Prefácio à edição de 1975 de "Libertação Animal" de Peter Singer
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Monday, June 13, 2005

Animais guardiões



Em muitos caminhos de espiritualidade, especialmente os mais ligados à natureza por razões circunstanciais, existe a identificação e uso energético das características que o animal selvagem apresenta aos que convivem com ele geograficamente, são os chamados Animais de Poder que se podem tornar autênticos guardiões dessa pessoa, grupo, etc.

Mais aqui

e na Pea: animais de poder
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Sunday, June 12, 2005

Gregory Colbert




Gregory Colbert em março de 2005, na abertura da exposição Cinzas e Neve











Gregory Colbert é um fotógrafo canadiano que gira o mundo desde 1992, a priviligiar com o seu talento e sensibilidade a interacção entre o ser humano e as outras espécies em cenários naturais com esse olhar simultaneamente minimalista e fluído

Ele já esteve em expedição em lugares tão diferentes como Sri Lanka, Quénia, Namíbia, India, Birmânia, Egipto, Antártica, Açores... a figura humana na foto da baleia é o próprio Gregory Colbert

As próximas paragens do Museu Nómada (desenhado pelo arquitecto japonês Shigeru Ban) estão previstas para Los Angeles, Xangai, Vaticano, Paris, Berlim, Tokyo e Cidade do México onde levarão as imagens Ashes and Snow


"I love working with my guardian elephants"

Galeria

Museu Nómada
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Saturday, June 11, 2005

"Eros, o amargo-doce"


Anne Carson

O termo grego eros denota "ausência", "carência", "desejo por aquilo que falta". O amante quer aquilo que não tem. É por definição impossível para ele ter o que deseja se, logo que o tem, já não carece dele

Isto é mais do que um mero jogo de palavras. Existe um dilema no erro que foi considerado fundamental pelos pensadores, de Safo até aos nossos dias. Platão refere-o várias vezes. Quatro dos seus diálogos exploram o que significa dizer que só pode existir desejo por algo que está ausente, que não está a mão, que não está presente, que não está na nossa posse nem no nosso ser: eros implica endeia. Tal como Diotima o afirma no Simposyum, Eros é um bastardo da Riqueza e da Pobreza e sempre em sua casa numa vida de carência…

O desejo humano equilibra-se num eixo de paradoxos, tendo como pólos a ausência e a presença e como energias motoras o amor e o ódio.

*Anne Carson - Eros, o amargo-doce

*Anne Carson é poeta, ensaísta e estudiosa dos clássicos. Ela é diretora do programa de graduação em Letras Clássicas da Universidade McGill, Montreal, Canadá, onde também ensina Latim e Grego. [...]
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Eros, na vida quotidiana


Susan Griffin

O tempo, se prestarmos atenção está cheio de encontros […].

Não apenas entre amantes, ou pais e filhos, mas também entre amigos, a comunidade e o ar comum. Ao acordar, a minha mão encontra os lençóis de algodão da minha cama, a minha boca vai ao encontro da agua eu bebo quando me levanto, os meus olhos encontram a luz da manhã, as sombras das nuvens, o pinheiro recém plantado no nosso pátio, os meus ouvidos encontram os sons de um automóvel dois quarteirões abaixo.

Tudo o que encontro penetra em mim, entra e sai deixando um rendilhado, colocando-me no belo paradoxo de existir pelo qual eu sou simultaneamente uma criatura solitária e todos, tudo.



Susan Griffin - O Eros da Vida Quotidiana


Susan Griffin é autora de mais de vinte livros e ganhou dezenas de prêmios por seus trabalhos como poeta, escritora feminista, ensaísta, dramaturga e produtora de cinema. Seu livro A chonus of stones foi finalista do prêmio Pulitzer e do National Book Critics Award. É colaboradora freqüente da revista Ms., do New York Book Rewiew e de inúmeras publicações. Vive em Berkeley, Califórnia.
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Friday, June 10, 2005

Voce quer participar?







Na Greenpeace está a ser feita uma campanha para quem quiser participar...

Saiba os pormenores e se não concorda com a chacina das baleias e puder, participe, divulgue...

Marcha Virtual em 19 de Junho de 2005
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Thursday, June 09, 2005

E porque a vida também é muito bela...


Gratitude pelo presente de vida
E pela beleza do planeta

Gratitude à Fonte e ao Todo
Por nós podermos crescer e evoluir
Num Mundo tão maravilhoso

Gratitude aos Golfinhos e ás Baleias
E aos anjos e as Devas e aos elementos
Que nos guiam e nos sustentam
Na nossa aventura terrena

E gratitude para os amigos
Que nos amam e apoiam
E andam connosco
um pouquinho.
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Wednesday, June 08, 2005

Solidariedades





theanimalrescuesite.com

Aí na coluna direita deste blog tem esse link e outros...

Ainda que nem sempre se possa fazer nada de directo, pelo menos todos os dias podemos ajudar várias vezes apenas com um clike... pode parecer insignificante, mas faz muita diferença positiva para as entidades beneficiadas que por cada clique recebem dos parceiros comerciais uma determinada quantidade de ração que reverte para animais abandonados, recolhidos e posteriormente encaminhados para adopção...

No link da theanimalrescuesite.com tem extensões para outros sites igualmente solidários com outras causas




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Amizade & aromas



De passagem meteórica por Lisboa, uma amiga de longa data vinda de outras paragens -ainda mais quentes, trouxe-me dois presentes num só: amizade e aromas

Pois é, a Vanda trouxe na bagagem composições perfumantes criadas por ela, pouco usuais no circuito comercial; sabedora dos meus gostos, acertou em cheio nas associações de aromas e não contente ainda foi tudo acondicionado em embalagens que parecem poemas...

Bergamota e Gengibre puro tónus!

Bergamota com Baunilha aroma muito diurno e solar, o optimismo da primeira com a joie de vivre da segunda

Flor de Lys com Violeta: verdadeira celebração do feminino essa união... flor de lys é um alegre mistério, violeta uma especie de poder interior...

Violeta com Jasmin aroma nocturno da violeta com a alegria inocente do jasmin... dois opostos no seu melhor...

Flores do Camporosmaninho, artemísia, camomila, jacinto e capim-limão... evoca liberdade, amizade, beleza, magia e alegria: tudo de bom, portanto! uma delícia no banho...
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Monday, June 06, 2005

Insights



Texto da Vera Ghimel titulado AS CILADAS DA 3a. DIMENSÃO

(encontrado no somostodosum desta semana)

Após a oração da integração tive muitos insights sobre o que a tridimensionalidade nos oferece como opção. Fazendo a oração, logo de início, sonhei com muitas cenas agressivas, pessoas mortas, violência. À medida em que avançava os dias, os sonhos tinham outras mensagens e direções. Comecei a perceber que eram as ciladas sendo retiradas de cada chacra. Resolvi então fazer um paralelo entre a minha experiência e o que eu conheço sobre o assunto. Comecemos falando de nossos 4 corpos energéticos mais conhecidos: físico, mental, emocional e espiritual.

Começo pelo CORPO FÍSICO que serve para nos manifestarmos no plano tridimensional. Esse corpo precisa respirar, alimentar-se, vestir-se, manter-se saudável. E aí é que se iniciam as ciladas. Começamos bombardeando o pulmão com nicotina do cigarro, seja fumando ou permanecendo em ambientes fechados com fumantes. Sem contar com o ar poluído das descargas dos automóveis e ônibus. Logo após, consumimos alimentos que são altamente venenosos e agressivos ao nosso organismo, tais como carnes (as churrascarias se proliferam), alimentos feitos com gordura, bebidas alcoólicas, condimentos e toda espécie de ofertas de envenenamento a preços promocionais. Tudo produzido em lavouras cheias de agrotóxicos. As lojas chamadas fast-foods nos hipnotizam e aos nossos filhos para essa espécie de alimentação altamente nociva. Incluam-se refrigerantes de que nem sabemos sua fórmula real. Tudo isso associado ao microondas que ajuda a matar os alimentos saudáveis.

Bem, respirando mal e nos alimentando pior ainda, passemos ao vestuário. Fazem-nos acreditar que é bonito usar roupas desconfortáveis, apertadas, dificultando a distribuição de energia e a passagem da corrente sangüínea. Por tudo isso, ainda pagamos caro, dependendo de onde se compre. Uma das estratégias do sistema tridimensional é a proliferação de shoppings. Quando o corpo físico já está completamente derrotado, começamos a tentar consertá-lo das formas mais equivocadas. Enfiamo-nos numa academia que nos força a um padrão de escultura que nem de longe tem a ver conosco. Começamos uma dieta não calórica para obrigar o corpo a se adaptar a essa nova realidade. Entupimos o nosso organismo de medicamentos muito mais nocivos do que benéficos, retirando assim a possibilidade do próprio corpo reagir naturalmente. Os medicamentos, em sua grande maioria, servem aos interesses particulares e comerciais dos laboratórios. Fato esse que foi marcante na minha desistência em continuar a fazer a Faculdade de Farmácia, em 1975, já cursando o 3o ano. Lá aprendi que os remédios só eram liberados quando ofereciam efeitos colaterais. Isso para obrigar o paciente a comprar outro que consertasse o efeito colateral do primeiro.

Com o corpo físico já controlado pela 3a dimensão, vamos ver o que nos espera para o controle do CORPO MENTAL Esse corpo rege a nossa faculdade racional (o intelecto). Contém a estrutura das nossas idéias, dos pensamentos e processos mentais. Armazena conhecimento da inteligência e do raciocínio lógico. Nosso corpo mental começa a sofrer distorções desde cedo, através da educação familiar e da nossa cultura. Livros e oratória nos enchem de meias-verdades fazendo-nos crer que ficaremos doentes, envelheceremos, que somos os únicos no universo, que não podemos isso ou aquilo, etc. Basta olhar a TV para perceber o turbilhão de informações para nos condicionarmos ao que a 3a dimensão quer que acreditemos. Nesse corpo é que começam a se manifestar os 12 arquétipos de base, aqueles que nascem conosco e trazem as limitações do jeito que precisamos ser.

Passamos então ao CORPO EMOCIONAL, no qual se refletem as emoções e os desejos de cada pessoa. Por ele se estabelecem os arquétipos construídos ao longo da vida, onde se expressam sentimentos de medo, insegurança, tristeza, ódio, mágoas, culpa, baixa auto-estima, vaidade, arrogância, autoritarismo, etc. Mas o ponto mais forte é que a 3a dimensão não nos permite encontrar com a nossa conhecida “cara-metade”. Não que ela seja metade nossa. Ela é apenas uma das expressões de nossa Mônada que, como já foi dito no meu artigo “Por que Deus não me atende?”, é uma das 144 formas de nossa existência. Por meios habilidosos, os administradores da 3a dimensão, o famoso governo paralelo, nos faz acreditar na busca de nossos pares de uma forma distorcida. Não o olhamos com o coração. Olhamos com o crivo de nossas distorcidas realidades. Acabamos nos aproximando de pessoas que irão reafirmar os nossos arquétipos mentais e emocionais. Isso quando não nos isolamos em nossas próprias couraças de defesa para que não soframos mais.

E finalmente, o CORPO ESPIRITUAL, onde estão armazenadas a nossa essência e a nossa verdade. Esse corpo está sempre sendo isolado de nós pela descrença, falsas verdades, conflitos religiosos e filosóficos e as mais variadas artimanhas para que nos distanciemos de nossa essência. Juntando todos os artifícios usados nos outros corpos, acaba sendo fácil manobrar esse.

Com esse artigo procurei desvendar os caminhos que nos levam a ancorar os nossos 4 corpos básicos na 3a dimensão. Pontuei os aspectos mais evidentes e significativos para que possamos refletir sobre as nossas escolhas. Não basta fazer a oração da integração e retirar as travas. Temos que ficar atentos para não reconstruí-las.

No próximo artigo darei sugestões para manter-se mais equilibrado em seus 4 corpos e melhor distanciado das armadilhas.
É apenas sugestão.
Nossas escolhas são nossas escolhas.

Vera Ghimel
Terapeuta holística
numeróloga cabalista
espiritualista
spadoespirito
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Amigos caninos



Além dos cães SRD (sem raça definida) habitualmente com o comportamento dos genes que predominarem na sua geração e que dão óptimos companheiros, guardas etc; temos as raças caninas onde há um padrão de comportamento esperável.

Por vezes em conversa, quem pensa adoptar um amiguinho de 4 patas sente a necessidade de se informar sobre o carácter do quadrúpede para adequar a escolha a um temperamento compatível com o estilo de vida que tem.

Neste site tem uma selecção de várias raças, características físicas e de comportamento, onde pode encontrar os exemplares que escolhi abaixo e tantos outros

Tranquilos, de companhia, amigáveis, confiantes e confiáveis:


caso dos Collies...

Também:
Malamutes e Labradores – com comportamentos doces e afectivos, são bons parceiros para crianças pequenas

Airedale Terrier
Grandes amigos, tónicos, activos e comunicativos são desportivos com energia para dar e vender... habitualmente esta raça e as várias variedades são muito robustas e não dão problemas de saúde.
Pequeno senão: detestam gatos! se pretender a convivência das duas espécies em boa harmonia adquira o cão em bébé...

Rhodsian Ridgeback (Leão da Rodésia)
Porte nobre, tranquilo originalmente caçador, dá bom cão de companhia, muito confiável. Grande porte.

Sharpei
Bonito mas de aspecto invulgar. São vigorosos e robustos. Calmos, bons na companhia e defesa

Pinscher anão
Pequeníssimo porte, nervoso e refilão... como curiosidade é considerado um cão com capacidades mediúnicas altamente desenvolvidas que reaje intuitivamente ás emoções alheias, mesmo as não expressas...


Kyi Apso Tibetano
De porte médio-grande tem também uma fama invulgar: a de ser extremamente telepáctico, mas específicamente com o dono/a...
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7000 Anos de Arte Persa




Sorte tive eu, que nas correrias diárias acabo até a esquecer alguns agendamentos básicos, tais como visitar a exposição 7000 Anos de Arte Persa, na Gulbenkian.
Afinal dei por mim lá no último dia, sem inicialmente me passar sequer pela cabeça que era de facto o último dia.

Balanço final: gostei muitíssimo da exposição, que estava bem concorrida entre visitantes nacionais e estrangeiros a ver um conjunto de quase 200 obras de arte habitualmente residentes no Museu Nacional e no Museu Rezza Abbasi do Irão.

Até 31 de Julho continua por lá a exposição Espelhos do Paraíso (Tapetes do Mundo Islâmico) com peças dos séculos XV-XX vindas de Museu de Arte Islâmica de Berlim, o Metropolitan Museum de Nova Iorque, o Victoria & Albert Museum de Londres, o Museu de Artes Decorativas de Paris, entre outras proveniências; esta exposição chega de Paris onde esteve até final de Março numa organização do Instituto do Mundo Árabe de Paris
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Friday, June 03, 2005

Projectos simples



Quem sabe crio tempo em Junho para visitar umas exposições que por aqui andarão:

Feira de artesanato na FIL

75ª Feira do Livro de Lisboa, tenho que ir! será desta que me lembro de trazer A Alma do Sexo@ de Thomas Moore?!

Tentar ver senão todas, algumas das exposições da lisboaphoto

E otras cositas más: aqui

@sinopse: aborda o sexo como uma experiência da alma e enfatiza temas como fantasia, desejo e moralidade.
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Pó de fada das flores de lótus



O presente lindo da Jacky para mim!

Curiosa como só eu, resolvi dar um passeio na Kay Montclare donde esse pó de fada veio e trouxe comigo essas shades of green de entre muitas variadas belezas...



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Sete vidas


imagem: do blog adelaideamorim

Entrevista com Heloisa Seixas a propósito do livro dela SETE VIDAS. Um livro feito de sete contos sobre felinos.

Ainda não li mas fiquei com vontade...

Sinopse do livro: O estilo destes textos é marcado por uma atmosfera onírica. Os protagonistas são velhos companheiros da escritora: atualmente, ela tem seis gatos dentro de casa. Heloisa Seixas faz, assim, companhia a outros escritores que dedicaram uma especial afeição aos felinos, entre eles T.S. Eliot, Charles Baudelaire e Julio Cortázar. Na companhia dos gatos e das delicadas ilustrações do artista Iran do Espírito Santo, a escrita de Heloísa redobra a atenção aos detalhes e aos acontecimentos minúsculos do cotidiano, revisitando temas como a solidão, o desejo, o erotismo e o amor.

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E no becodosgatos encontrei esta graça: Entendendo o Cérebro dos Gatos
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Wednesday, June 01, 2005

Anjos: a sério e a brincar...



Em tempos, prometi à Jacky falar s/ anjos*, até agora não o fiz, não por me esquecer mas porque nos últimos tempos tenho andado tão dividida em múltiplas situações que me requerem atenção, que não me sobra literalmente tempo para deixar florescer a criatividade, e assim prefiro abster-me até uma altura mais adequada.

O texto abaixo foi passado em uma lista temática. Sem aprofundar muito, aborda e situa o paradigma angélico com um olhar com que me identifico

*(Mais exactamente do meu anjo. Que segundo a colocação abaixo será o meu Magid...)
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"Temos um grande problema quando falamos de anjos... Primeiro a Igreja nos veio com uma imagem deles, imagem esta que foi depois reforçada nos meios ocultistas/esotéricos por figuras como Mônica Buonfiglio. E hoje em dia acostumamo-nos a pensar em anjos como um bando de cópias do Brad Pitt com asas.

Alguns com um pouco mais de bom-senso pensam também em cópias da Catherine Zeta-Jones com asas. Mas, de uma forma ou de outra, quando começamos a pesquisar um pouco melhor sobre o assunto chegamos à conclusão de que não é bem assim.

Aliás, é bom deixar logo claro que os Anjos Enochianos são tão anjos quanto os Demônios Goethicos são demônios (no sentido cristão da coisa). Sendo assim, é melhor começarmos a colocar esta baderna em ordem... O conceito de anjo utilizado em nossa cultura surgiu na Cabalá e então me parece um tanto lógico que procuremos por lá o que eles são, antes de serem modificados pelo cristianismo e por doidos diversos.

Anjos não são sujeitos com asas e auréolas. Para dizer a verdade, anjos não são nem mesmo "sujeitos". Ou melhor, anjos não são "seres". Outro conceito errôneo (muito popular, aliás, entre os seguidores da corrente "New Age") é de que os anjos seriam forças poderosas superiores aos reles humanos. Grande, grande erro. Anjos não são superiores aos seres humanos. E, para sermos precisos, vamos passar a chamá-los por seu verdadeiro nome. Deixemos de lado o termo latino "anjo" (de "angelus") e usemos o termo hebraico original: melachin (melach, no singular).

Melach é a palavra em hebraico para "mensageiro", pois é isto que é um anjo: um veículo para uma mensagem (exatamente isto, que nem um celular ou o seu ICQ). Mas o que é que estes mensageiros carregam para lá e para cá?

Simples: levam "luz" e "sombras". Pois existem tanto os melachin de luz (os que sobem) quanto os melachin de sombras (os que descem). Consideremos aqui que "luz" e "sombra" não tem nada a ver com se a lâmpada está ligada ou não. Estas "luzes" e "sombras" também não estão ligadas ao bom e velho conceito dual de "bem" ou "mal". Elas possuem outro significado...

Então de onde viriam estas sombras? Simples... De nós, seres humanos, mesmo. Isto porque os melachin, estas forças mensageiras, nada mais são do que as palavras que emitimos. Esta é, aliás, a razão porque se diz que existem "72 anjos cabalísticos", os quais são tão somente os 72 nomes de Yeve ("Deus, a seu dispor"): 72 seqüências de três letras (hebraicas, é claro!) que quando usadas de forma correta permitem uma conexão com determinadas energias -- de proteção, cura, revelação, etc..

Aliás, é por isto que o judaísta e o cabalista evitam usar certas palavras. Cada palavra geraria um melach e dependendo desta palavra poderia ser gerado um melach de sombra ou de luz, que unir-se-ia a uma energia positiva ou negativa, carregando esta energia para Kether. Um juramento (ou até mesmo uma promessa falada) jamais pode ser leviano neste sentido pois é também um forte melach é gerado nesta hora, conectando a pessoa diretamente à egrégora pela qual foi feito o juramento. Se este não for cumprida fica um "buraco"por onde qualquer coisa pode entrar. Por este pensamento, já imaginou quantos buracos você carrega à sua volta?

Outro ponto que foi dito acima é esta idéia de que os anjos seriam aquelas coisas lá em cima olhando para a gente com cara de "coitadinhos, tão fraquinhos"... Os melachin são apenas ferramentas da divindade (ou da egrégora, conforme queira), feitos para carregarem mensagens ou idéias entre esta divindade e o ser humano. E, sendo ferramentas, não possuem vontade própria; seria muito incômodo se sua chave-de-fenda resolvesse de uma hora para outra que não iria mais apertar parafusos de cabeça chata, só os de cabeça redonda. E, ora bolas, você não acha que um celular é superior a você

Aliás, até mesmo o melach da morte pode ser impedido em sua missão, se a pessoa que o estiver barrando souber quais as conexões energéticas que deve realizar para tanto. Por outro lado, um ser humano é dotado de livre-arbítrio e Vontade (o que não quer dizer que a maior parte das pessoas faça algum uso disto, muito pelo contrário em geral as pessoas apenas reagem à vida). Os anjos não são estrelas, homens e mulheres são. Um melach não pode dominar um ser humano mas um ser humano pode (e com todo o direito até) dominar um melach, mesmo que seja para desfazer uma ordem dada a ele pela divindade.

Um detalhe a ser considerado aqui é o anjo favorito de onze entre oito esquisotéricos, católicos, e velhinhas atravessando a rua: o anjo da guarda (alguém aí falou em Sagrado Anjo Guardião?). Bem, para a Cabalá isto simplesmente não existe. Afinal de contas você não pede para o seu celular te proteger (a não ser que seja um daqueles antigões e você o jogue na cabeça do ladrão). O que existe é o chamado Magid, que não é um melach e sim um reflexo de nós mesmos no Mundo Superior, além de Kether. Algo como um "eu sou você depois da iluminação". De vez em quando nosso Magid nos dá uma cutucada e recebemos alguma orientação -- é a tal "proteção do anjo da guarda". É claro que alguns sujeitos receberam um cutucão mais forte que outros. Alguns receberam um verdadeiro ippon, como o Crowley (com Aiwass) e Abraão (que não apenas foi "visitado" por seu Magid mas como também pelos de seu filho Isaac e de seu neto Jacó).

Esta é uma visão cabalística das coisas. É claro que a egrégora do "Brad Pitt de asas" já é consideravelmente forte (apesar de eu ainda preferir a Catherine Zeta-Jones) e nada impede alguém de lançar mão dela. Mas, como eu costumo dizer às quintas-feiras, é sempre bom saber de que moringa veio a água."
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