daí...
[...] caminhava eu pela calçada, quando me deparo com um ancião, negro de barba branca (quase um preto-velho!), pedindo esmola. Eu já o tinha visto sentado, na ida, em outro local, e meu primeiro pensamento foi "ele fica mudando de ponto pra reciclar sua clientela" e, silenciosamente, apenas me encarou, de mão aberta, ao que retribuí o olhar com um meio-sorriso de desculpas, abanando minha cabeça e seguindo em frente.
Mas eis que alguma coisa mexeu dentro de mim, e não era remorso. Tentei retomar meus pensamentos tristes, mas não conseguia. Sentia um novo influxo de ânimo, e na minha mente aparecia apenas o rosto do mendigo, que olhava pra mim com uma beleza indefinível. Algo que até agora não sei explicar, mas emanava uma aura de dignidade, ternura, compaixão, e percebi que o mendigo ali era eu! Sim, fui eu que recebi a "esmola" em forma de energia, eu que era o mais "pobre" da relação, ali. E aí parei. Já havia caminhado uns 15 metros, mas estaquei e peguei uma moeda, como uma forma simbólica de retribuição (já que o que havia recebido ali não tinha preço) e olhei para trás. Apesar de já estar bem distante dele, o senhor estava virado na minha direção, ainda com a mão aberta em forma de concha, me olhando. Caminhei de volta e entreguei a moeda, para a felicidade dele.
O resultado é que passei a tarde com ânimo pra trabalhar no meu projeto da faculdade, coisa que eu vinha tentando criar coragem de fazer há semanas. Obviamente, o que vem fácil vai fácil, e - assim como é difícil para o pobre de finanças reter dinheiro -, é difícil para o pobre de espírito reter energia - estou de volta ao meu estado de outrora. Por isso que é tão importante se trabalhar pra não depender desses influxos de energia, que são ótimos mas não nos fazem crescer. E assim não vivermos dependendo de passes, Reiki, amigos e estranhos dispostos a doar através de um olhar compassivo.
(do somostodosum desta semana)
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