Friday, January 18, 2008

Quatro meses tres semanas e dois dias


synopsis

Um filme a ver... -eu ainda não o vi, mas tudo indica ser muito bem conseguido.

No suplemento Ipsilon do jornal Público de hoje, vinha um óptimo artigo s/ o filme, pena só estar disponível online para assinantes.

Cristian Mungiu, o realizador, ganhou a Palma de Ouro em Cannes com este filme, que relata a ambiência opressiva do final da ditadura de Ceausescu na Roménia, através de um drama pessoal.

artigo sobre o filme

[...] Por que você costuma dizer que seu filme pertence a uma trilogia sobre os “anos dourados” da Romênia? O que há de “dourado” no período em que se passa esse filme?

MUNGIU: Digo que são os ”anos dourados” porque era assim que o regime comunista definia o período de Nicolai Ceaucescu. Eles sempre nos diziam que a Romênia estava vivendo seus “anos dourados”. Então resolvi manter isto como uma ironia no filme. Este é um filme sobre a Romênia de 20 anos atrás. Não é um filme sobre a Romênia de hoje. Não vivemos mais neste ambiente opressivo que o filme mostra. Mas o roteiro foi inspirado numa história real. Faço filmes assim, misturando histórias de pessoas que eu conheço com outras histórias que me foram contadas. Mas meus filmes falam de uma realidade que meu país viveu e não faz muito tempo. Eu queria recriar a atmosfera difusa daqueles anos, um certo clima de suspeição, de medo, um tempo sombrio. Então o filme se passa no inverno e tivemos muito cuidado com as cenas de interior para que nada de novo, nenhum objeto, nenhum figurino, nada pudesse revelar que o filme foi filmado recentemente. Tudo foi pensado e planejado para que visualmente desse a idéia de um país encerrado no passado. O carro velho, as roupas antigas, a família tradicional, o velho telefone, tudo para falar de uma Romênia encerrada em si mesma, sem contato com o mundo lá fora.Ainda existe este ambiente autoritário na Romênia? Os jovens ainda têm esse desejo de fugir da prisão do autoritarismo que parece estar presente em todos os estudantes do seu filme?

MUNGIU: Quando fiz meu primeiro filme, anos atrás, havia muitos jovens que sonhavam sair da Romênia, escapar para o exílio no Ocidente. Agora, depois que o regime comunista caiu, muitos ainda pensam em sair do país, mas por pouco tempo. Pensam em passar uma temporada fora, em ter uma experiência num país estrangeiro. Mas ninguém mais quer fugir da Romênia. Quem quiser viajar, pode fazer isto legalmente. Não há mais nenhuma proibição, não há mais tabu. Então, não existe mais aquele desejo forte de fugir da prisão em busca da liberdade. Já não vivemos numa prisão, e fugir não faz mais sentido.Os jovens que pensam hoje em viajar são como os jovens do mundo inteiro que sonham ter uma experiência num país estrangeiro e depois voltar para o seu país.Como você se inspirou para escrever o roteiro? Esta é uma história real?

MUNGIU: Sim. A história aconteceu com duas estudantes que eu conheci. Uma delas sabe que o filme foi feito, a outra não.

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1 comment:

  1. Eu não vi o filme mas trabalhei muito tempo com um pintor romeno e eu era sempre muito curiosa a respeito da vida no comunismo, assim contada por quem viveu de fat lá... ele só me disse coisas boas sobre o comunismo, disse que era jovem demais e que sonhava sair da Romênia, queria ver como era a tal liberdade ocidental... A opinião dele é de que não existe a tal liberdade ocidental... que a democracia é uma máfia autêntica... Como não há mais colônias para explorar(roubar) roubam do próprio povo... com impostos e multas etc, mas não dão nada em troca, nem saúde nem educação nada... são uns ladrões mafiosos(os políticos...)

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