Mende Nazer actualmente e Damien Lewis o jornalista que se dedicou a ajudar Mende e divulgou incansavelmente o caso
Contente fiquei eu, ao acabar o livro Escrava que conta a história de Mende Nazer através do jornalista Damien Lewis, por ter escolhido dois posts abaixo a Amnistia Internacional, como organização minha preferida entre preferidas pela intervenção social na defesa de um dos direitos mais básicos: liberdade!
Melhor do que as minhas, são as palavras de Damien Lewis no pósfacio do livro, que recomendo para quem quiser estar a par do tráfico de escravatura humana nos dias de hoje e de muitos dos aspectos culturais e sociais na actual Africa muçulmana.
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Mende Nazer fugiu no dia 11 de Setembro de 2000 - num dia de sol nas ruas de um subúrbio arborizado do Norte de Londres. Tinha ouvido pela primeira vez falar do seu desejo uns dias antes, através de um amigo nuba. Ele queria ajuda para a libertar: especificamente, um jornalista que testemunhasse a fuga, para que ficasse «registada». Foi aí que eu entrei. Hoje, dois anos depois, quando estou a escrever estas linhas, a Mende Nazer é uma jovem mulher cheia de vivacidade e extremamente inteligente que tem esperança e acredita no futuro [...] anda pelos vinte e poucos. No entanto, a primeira que a vi, no dia da fuga, era uma sombra de um ser humano, corcovada, petrificada e trémula. É quase impossível acreditar na mudança que dois anos de liberdade em Inglaterra operaram nela.
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A Mende nunca desistiu do sonho de infância que partilhara com o pai: espera vir a ser enfermeira e depois estudar para poder ser médica. O seu maior desejo neste momento é ver a família. No futuro, ela espera também vir a casar e ter filhos. Espera que isso lhe restitua o sentimento de ver em seu redor uma família unida e com amor - algo que lhe foi roubado quando tinha doze anos de idade, no assalto para capturar escravos. A circuncisão a que Mende foi sujeita em criança é das mais graves, chamada infibulação. Já foi avisada que isso pode provocar sérias complicações no momento do parto - pessoais e de risco de vida para o bebé. É difícil acreditar que um tal sofrimento se pode prelongar pela idade adulta
Talvez seja igualmente difícil acreditar que o comércio de escravos continua a ser uma realidade no Sudão de hoje [...] cinquenta anos passados sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas, que determina que todos os seres humanos são iguais e que ninguém poderá ser escravo de ninguém. [...]
Testemunhei pela primeira vez este comércio de escravos nos nossos dias quando fui ao Sudão em 1996, para realizar uma reportagem de televisão para o Chanel 4. Viajei clandestinamente para o sul do Sudão, a convite de um movimento de solidariedade. [...] A realidade com que me deparei foi bem pior do que tudo o que poderia ter imaginado: testemunhei cenas de horror indescritível. Aquelas pessoas não eram apenas compradas e vendidas: eram capturadas em assaltos brutais, durante as quais centenas eram mortas, violadas, torturadas e brutalizadas. Aldeias inteiras eram completamente destruídas pelo fogo e as pessoas queimadas vivas no interior das suas cabanas. Penetrara num verdadeiro pesadelo.
Desde então tenho feito reportagens sobre a escravatura no Sudão em diversas zonas, incluindo as montanhas Nuba, para estações de televisão de todo o mundo. Filmei e entrevistei centenas de escravos fugitivos e mesmo alguns traficantes árabes. A história de horror é sempre a mesma. As tribos árabes são organizadas em milícias, armadas com metralhadoras AK47 e é-lhes ordenado que façam a jihad, ou a «guerra santa», contra as tribos negras das montanhas Nuba e do Sul.
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Histórias como a de Mende têm sido documentadas aos milhares por organizações como as Nações Unidas, o Human Rigths Watch e a Antiescravatura Internacional
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Impressionante! =:O
ReplyDeleteDe facto, Sheila! Quem poderia imaginar que existem o que se estima em cerca de 14.000 seres humanos comletamente escravizados a outros seres humanos?!
ReplyDeleteDe loucos, eu acho...
Um bom fim de semana
:*
Olá!
ReplyDeleteEu li o testemunho de vida de Mende Nazer, também achei impressionante, pois é como ela diz "é o testemunho vivo em que a escravatura existe".
Estou a fazer uma colecção de livros através do Circulo de Leitores, a colecção é "Histórias de Mulheres" dela também faz parte outros livros com testemunhos reais de mulheres Muçulmanas que viram a sua vida em risco. Já li o "Queimada Viva" que também é um testemunho impressionante, "Mayda, Fillha do Iraque"; "Morrer para ser feliz" e vou continuar a ler o resto da colecção.
Acredita que muitas vezes pensamos que sofremos ou que a vida nos corre mal, mas perto destes testemunhos o nosso sofrimento é mesmo insignificante.
Beijinhos e felicidades...
eu li o livro e, sinceramente, a história de Mende chocou-me muito...
ReplyDeleteser feita escrava e ser afastada da sua família nao é algo que se deseje a uma criança...
a cor da pele nao interessa, nao interessa se a pessoa é rica ou pobre...
somos todos iguais...
e eu estou com a Mende na luta contra a escravidao...
só gostaria de saber se ela conseguiu atingir os seus propósitos...
desejo-lhe muitas felicidades e toda a sorte do mundo...
e tenho muita pena que a história dela nao tenha sido mais divulgada...
beijos a todos
Suaveneno, se tens interesse por livros s/ esses temas deves gostar de um intitulado: "A minha dor tem o teu nome" que relata a questão dos crimes de honra... penso postar s/ esse livro em breve
ReplyDeleteBeijinhos
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Filipa, tanto quanto sei a Mende recuperou completamente a sua autonomia e trilhou o caminho que sempre sonhara: tornou-se enfermeira para garantir alguma autonomia de vida rapidamente e seguiu para medicina como sempre sonhara!
;)
Olá.
ReplyDeleteDesde ja digo que este e um livro muito intresante a qual eu propria fiquei chocada , eu tenho 15 anos e ao ler este livro aprendi muito sobre ele, que nunca devemos desistir daquilo que queremos ter sempre força para lutar pelos nossos objectivos e olhar sempre em frente porque amanha e um novo dia e foi o que Mende Nezer fez lutou com todas as forcas que tinhas e agora e uma mulher livre que pode construir a familia que os assaltantes arabes estragaram Adorei este livro ensina-nos que podemos nao ser todos da mesma cor mas somos todos iguais .