Tuesday, September 07, 2004

Luar do Sertão



Não há ó gente, ó não
Luar como esse do sertão.
Não há ó gente, ó não
Luar como esse do sertão.

Oh que saudade
Do luar da minha terra,
Lá na serra branqueando,
Folhas secas pelo chão.
Esse luar cá da cidade tão escuro,
Não tem aquela saudade
Do luar lá do sertão.

Se a lua nasce
Por detrás da verde mata,
Mais parece um sol de prata
Prateando a solidão.
E a gente pega
Na viola que ponteia,
E a canção é a lua cheia
A nos nascer do coração.

Se Deus me ouvisse
Com amor e caridade,
Me faria essa vontade,
O ideal do coração:
era que a morte
A descantar me surpreendesse,
E eu morresse numa noite
De luar no meu sertão.

CATULO DA PAIXÃO CEARENSE

Mais Catulo da Paixao Cearense aqui

Quando eu era bem pequenina, 5, 6, 7 anos, levava serões pela noite fora falando com meu pai de tudo um pouco, mas muito especialmente de literatura, autores, poetas e seus poemas; historia antiga, intrigas palacianas e personagens históricos, religiões.
Era uma espectadora priveligiada do ecumenismo dele, da enorme capacidade que ele tinha de reproduzir ambientes, enredos, relações humanas.
Lembro-me particularmente deste Luar do Sertão -que eu adorava e que ele reproduzia com grande génio imitativo do sotaque, depois de me contar sempre com palavras diferentes, a vida do autor e suas características psicológicas.
O tempo, ao distanciar-me da experiencia, ajuda-me a vê-la com mais clareza. Acho que fui uma criança-filha, priveligiada em muitos aspectos.


2 comments:

  1. Amei o post! Amei,amei, amei! Que história bonita essa do teu pai. Foste mesmo uma criança privilegiada. Fico feliz em ler isso. Muito.

    Sabe, o avô do Migas, que também era português, adorava Catulo da Paixão Cearense.Tu conheces esse poema musicado? É tão lindo... A foto também tá linda. Enfim, todo o post. *suspiros*

    Beijos!
    Giorgia

    ReplyDelete
  2. Conheço, sim, Giorgia! Ele sempre cantava a balada desse poema para mim... Recordo como se fosse hoje.

    ReplyDelete