Wednesday, May 18, 2005

O triunfo da humanidade vegetariana



Carlos Alberto Dória, sociólogo, ensaísta e escritor brasileiro, comenta citando o antropólogo frances Claude Lévi-Strauss a questão do vegetarianismo:

É justamente da intervenção humana que se trata, e portanto da cultura. É ela, por exemplo, que nos faz onívoros. Contudo não foi sempre assim. A bíblia mostra uma humanidade não-carnívora no tempo mitológico antes da Torre de Babel, quando os homens e os animais não eram distintos uns dos outros e podiam se comunicar entre si. Tampouco este processo é irreversível. Há documentos que se referem à proibição de consumo de animais no Japão de 700 a. C., assim como outros que mostram como o imperador Ashoka difundiu uma dieta vegetariana na Índia de 200 a. C., garantindo especialmente os produtos lácteos para as funções religiosas.

Dirá Lévi-Strauss que, se no passado já nos vimos irmanados às espécies animais, então o que a nossa cultura moderna pratica é uma sorte de canibalismo, apesar do horror que essa palavra desperta, como se tocasse nosso “lado Hannibal” adormecido. E este canibalismo foi imposto ao próprio mundo animal. Basta observar as rações que são ministradas a vacas, frangos e peixes cuja reprodução controlamos -compostas em boa medida de carcaças e rejeitos dos próprios animais abatidos para o consumo humano. Uma doença como a “vaca louca”, e inclusive o risco de sua propagação interespécies, mostra a armadilha que criamos para nós mesmos pela imposição do canibalismo aos animais.

Este vínculo entre alimentação carnívora e “canibalismo ampliado” que adquire atualidade a partir da “vaca louca”, assim como a voga dos movimentos em defesa dos animais, “atesta que percebemos cada vez mais nitidamente a contradição que se encerra em nossos costumes”

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