Tuesday, September 27, 2005

O Bosque dos Pigmeus



Isabel Allende, num dos mais recentes livros que escreveu: tem sempre modo de introduzir na história alguns conceitos espiritualistas...

O primeiro sintoma de que alguma coisa extraordinária estava a acontecer foi os jovens conseguirem ver à noite com a maior clareza, [...]

Ali estavam as almas dos antepassados mortos e tambem as dos seres por nascer, almas que permaneciam indefinidamente num estado espiritual, outras prontas para adquirir forma física neste planeta ou noutros, aqui ou ali. [...]

Deram-se conta de que os espíritos não provocam doenças, desgraças ou morte, como tinham ouvido, e que o sofrimento é causado pela maldade e pela ignorância dos vivos. [...]

[...] Nada era igual, havia uma energia radiante. As árvores já não formavam uma massa compacta de vegetação, agora cada uma tinha seu próprio carácter, nome, memórias. As mais altas, de cujas sementes tinham brotado outras mais jovens, contaram-lhes as suas historias. As plantas mais velhas manifestaram o seu desejo de morrer rápidamente para alimentar a terra; as mais novas estendiam os seus rebentos tenros, agarrando-se à vida. Havia um murmúrio contínuo da natureza, formas subtis de comunicação entre as espécies.

Centenas de animais rodearam os jovens, alguns cuja existência desconheciam [...]
Diante deles desfilaram em harmonia, leopardos, crocodilos, rinocerontes e outras feras. Aves extraordinárias encheram o ar com as suas vozes e iluminaram a noite com a sua plumagem atrevida. [...]

Estavam no centro do bosque espiritual, rodeados por milhares e milhares de almas vegetais e animais. As mentes de Alexander e Nadia expandiram-se novamente e perceberam as ligações entre os seres, o universo inteiro entrelaçado por correntes de energia, por uma rede admirável, fina como seda, forte como aço. Perceberam que nada existe isolado; cada coisa que acontece, de um pensamento a um furacão, afecta as restantes. Sentiram a terra palpitante e viva, um grande organismo embalando no seu regaço a flora e a fauna, os montes, os rios, o vento e as planícies, a lava dos vulcões, as neves eternas das montanhas mais altas. [...]


Os jovens viram os inevitáveis céus de vida, morte, transformação e renascimento como um desenho maravilhoso no qual tudo acontece simultaneamente, sem passado, presente ou futuro, agora desde sempre e para sempre.

E, por fim, na última etapa daquela fantástica odisseia, compreenderam que as inúmeras almas, assim como tudo o que existe no universo, são partículas de um espirito único, como gotas de água de um mesmo oceano. Uma única essência espiritual anima tudo o que existe. Não há separação entre os seres, não há fronteira entre a vida e a morte.

in 'O Bosque dos Pigmeus' - Isabel Allende
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4 comments:

  1. Infelizmente não conheço... Grande falha, eu sei, mas já estou a tratar disso! LOL Gostei muito do que vi aqui! =)
    Obrigada...
    Bjs***

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  2. 'Tens' que ler Isabel Allende, Babygirl! cada livro dela, especialmente os primeiros, são histórias de uma vida que vale por muitas! ;)
    Bjs***

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  3. Ai, eu amo Isabel Allende. O ultimo que li dela foi "O Reino do Dragão de ouro". Como é fácil de imaginar, "babei" durante o livro todo. A escrita dela é mágica e não podia ter escolhido melhor lugar para a história. :)
    Tenho de ler esse livro novo...
    Beijinhos!

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  4. Leste o 2º da triologia, Ananda...
    Tudo começou com 'A Cidade dos Deuses Selvagens' e este do post fecha a triologia.
    Ficamos à espera do proximo =)
    Beijinhos

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