Tuesday, July 21, 2009
até já...
Monday, July 20, 2009
A Casa da Praia do Açucar
Este é um recem-chegado à minha familia de livros - uma oferta - e foi para a fila à espera da sua vez... rss. Mas estou com vontade de o ler e deixo a sinopse:
Helene Cooper é uma jovem descendente de duas dinastias, que remontam ao primeiro grupo de escravos libertados que partiram de Nova Iorque em 1820 para fundarem a Libéria. Helene cresceu na Praia do Açúcar, junto ao mar, onde se situava a mansão familiar, de vinte e duas divisões. Foi uma infância cheia de criados, carros vistosos, uma villa em Espanha e uma fazenda no interior. Quando Helene tinha oito anos, os Cooper adoptaram uma menina — um hábito vulgar entre a elite liberiana. Eunice, uma rapariga da etnia Bassa, tornou-se, de repente, conhecida como «filha da senhora Cooper». Durante anos, as filhas dos Cooper beneficiaram do aparato da riqueza e da vantagem da sua posição social. Mas a Libéria era como uma panela de água a ferver. E, em 1980, um grupo de soldados fez um golpe de Estado, assassinou o presidente e executou os seus ministros. Os Cooper e os amigos foram aprisionados, abatidos a tiro, torturados e as suas mulheres e filhas violadas. Depois de um brutal ataque, Helene, Marlene e a mãe fugiram da Praia do Açúcar e, depois, para a América. Mas deixaram Eunice para trás… Do outro lado do Mundo, Helene cresceu e tornou-se uma conhecida repórter, trabalhando para o Wall Street Journal e o New York Times e viajando por todo o mundo, mas evitando sempre África. No entanto, em 2003, uma experiência que quase a vitimou, no Iraque, convenceu-a de que a Libéria, tal como Eunice, não podia esperar. Sendo, simultaneamente, uma narrativa muito pessoal e uma análise de um país violento, A Casa da Praia do Açúcar é um relato de tragédia e perdão, contado com uma sinceridade inabalável e o humor de alguém que foi capaz de sobreviver.
HELENE COOPER é correspondente diplomática do New York Times. Antes desse posto, foi editora-adjunta da página de opinião do New York Times, depois de doze anos passados como repórter e correspondente no estrangeiro do Wall Street Journal. Helene Cooper nasceu em Monróvia, na Libéria, e reside na área de Washingon D. C.
a autora, Helene Cooper
mais um livro lido
O livro Michelle - uma biografia já está na secção dos lidos. Do todo, recordo algumas passagens que fizeram com que a parceria Michelle-Barack enquanto casal funcionasse e hoje seja uma realidade sólida:
"Houve um período importante de crescimento no nosso casamento [...] Ele estava no senado estatal, tinhamos filhos pequenos e era difícil. Eu estava a lutar para tentar que as coisas funcionassem para mim".
Michelle foi sempre hiperorganizada e uma pessoa que gosta de levantar cedo e assim decidiu passar a ir ao ginásio às quatro e meia da manhã, em parte para manter a forma, em parte para obrigar Barack a tomar conta das coisas em casa.
[...] Eu estava sentada com a minha bebé ao colo, zangada, cansada, fora de forma. Eram quatro da manhã, hora da bebé mamar. E o meu marido estava deitado ali, ao meu lado, a dormir". Ela percebeu que, se não estivesse ali, ele tinha de lidar com aquilo. "Quando voltava para casa depois do ginásio, as crianças já estavam levantadas e já tinham comido. Foi uma coisa que eu tive que fazer por mim" [...] Percebi que que não podia viver a vida cheia de ressentimento; isso iria destruí-la e envenenar a relação.
E algumas outras questões muito válidas para qualquer agenda de debate sobre a vida actual:
Uma semana ou duas após a vitória do marido, Michelle tentou acalmar a especulação e declarou que enquanto primeira-dama se perspectivava como "Mãe-em-Chefe". Em vez de acabar com a especulação esta declaração teve como efeito abrir a discussão entre as mulheres. Foi bom Michelle ter-se sentido obrigada a realçar o seu lado de mãe ou não? Há pouco mais de uma década a mulheres que trabalhavam sentiam que não se podiam dar ao luxo de referir o seu lado maternal. Será que isto é um progresso? [...] uma jornalista exprimia a sua preocupação afirmando a que aquilo a que estávamos a assistir era a uma "maternalização" de Michelle que, segundo ela, estaria a ser forçada a assumir um papel convencional e não ameaçador e a ser retratada pelos média como se a única coisa importante acerca dela fosse a sua capacidade de ser mãe.
"Eu preciso de poder tomar conta de mim e das minhas filhas [...] Tenho de estar numa posição em que se acontecer alguma coisa menos boa ou inesperada, quer dizer, onde é que essas pessoas que criticam a minha competência para fazer parte dos conselhos de administração vão estar se eu tiver de tomar conta das minhas crianças? [...] eu tenho de manter um certo grau de credibilidade profissional, não apenas porque gosto, mas porque não quero vir um dia a estar numa posição de vulnerabilidade com as minhas filhas"
Para as mulheres negras da América, é claro, Michelle Obama é um símbolo particularmente importante. Uma mulher tão forte, com opiniões e autoconfiante que tem uma relação de amor sólida com um marido que a respeita e admira é uma imagem sobre a qual uma série de jornalistas negras se sentiu impelida a escrever a seguir às eleições. "A nova primeira-dama vai ter a opotunidade de acabar com os esterótipos desagradáveis que existem ecerca das mulheres negras e, em geral, educar o mundo sobre a cultura negra americana", escreveu Allison Samuels na Newsweek num artigo intitulado "O que Michelle Obama significa para nós."
Sunday, July 19, 2009
falar de oniomania
uma compulsão de personalidade provavelmente motivada por um alto grau de frustração não assumido... e encoberto por uma sociedade que estimula o desperdício e o supérfluo.
Uma das taras características de um certo modo de vida é aquilo que, em linguagem psiquiátrica, se designa por oniomania, isto é, a tendência obsessiva para fazer compras. Trata-se, com efeito, de um dos legados das nossas sociedades contemporâneas. Tendência essa que, de resto, ameaça expandir-se e transformar-se num síndroma social do consumismo compulsivo e larvar das futuras relações sociais se não atalharmos a tempo a evolução de tudo transformar em valor de troca os bens e serviços da mais variada natureza.
Ao contrário do século XIX em que a preocupação maior dos economistas era como produzir em mais quantidade, o principal motivo de apreensão dos actuais responsáveis empresariais prende-se em encontrar os meios e as estratégias que melhor garantam o crescimento das despesas por parte dos consumidores de forma a assegurar a continuidade do ciclo económico da produção-rendimento-despesa, para o que contam com os mais variados instrumentos, de uma sofisticação e eficácia jamais vista.
texto completo
Os especialistas ainda não sabem precisamente o porquê da oneomania ser mais comum em mulheres, mas acreditam que o motivo está diretamente relacionado a condições culturais. Os fatores que levam a doença a afetar principalmente as mulheres são objeto de estudo da equipe do AMJO.
Para Fuentes, a doença pode estar associada a transtornos do humor e de ansiedade, dependência de substâncias psicoativas (álcool, tóxicos ou medicamentos), transtornos alimentares (bulimia, anorexia) e de controles de impulsos.
A oneomania também emerge para aliviar sentimentos de grande frustração, vazio e depressão. É um desejo de possuir, de ter poder, que fica reprimido. Ao não conseguir dar vazão ao seu desejo, a pessoa sofre uma enorme pressão interna que a leva à necessidade de possuir coisas novas como única forma de prazer [...] Os oneomaníacos têm o consumo como vício, assim como um alcoólatra que necessita da bebida. Enquanto está comprando, a pessoa sente alívio e prazer dos sintomas, que passado um tempo voltam rapidamente. O efeito do ato de comprar é semelhante ao de tomar uma droga.
( daqui)
Saturday, July 18, 2009
dasatravancar a vida
Eu entendi-o quando me retirei pela primeira vez ao mosteiro de Kopan, em Katmandu. Decidi que precisava de alguma espiritualidade na minha vida e inscrevi-me num curso semestral de meditação. O quarto que me atribuiram era tão básico que quase chorei. Tinha uma cama, uma mesa e uma cadeira. Nada possuía para decoração, nenhum perfume, cosmético, rádio ou livro, era permitido - absolutamente nada. Tudo o que eu tinha era paredes nuas, as condições mínimas e a minha mente. No entanto, para mim, esse mês foi a experiência que mais mudou a minha vida. Obrigada a operar no modo de sobrevivência, virei-me para dentro e, ajudada pelos monges e monjas de Kopan, descobri o mundo da minha mente. Com nada que me distraísse, desenvolvi uma crescente consciência do meu ambiente. Eu respirava o ar intensamente frio e limpo [...]
A medida que sintonizei a mente em mim mesma, comecei a sanear as impurezas, opressões e pensamentos negativos da minha mente. O processo foi doloroso e catártico, como se estivesse a lavar roupa suja.
Quando nos pomos a esfregar pela primeira vez, toda a sujidade sai e enlameia a agua, por isso, sentimos a dor, o sofrimento e o eu a resistir - ficamos doentes, cedemos à auto comiseração e só queremos desistir. Todavia, a espiritualidade desse lugar e o curso de meditação ajuda-nos a lidar com isso. Por isso aguentamos aquilo, até a água suja lentamente clarear. A nossa mente desenvolve uma grande uma grande sensibilidade à energia do tempo e do espaço.
Esse foi o maior desatravancamento que alguma vez fiz à minha mente e à minha vida. O resultado foi que me sentia mais leve e mais viva. Agora volto a Kopan pelo menos uma vez por ano
(168 Maneiras de Desimpedir a sua Casa - Lillian Too)
Friday, July 17, 2009
De Bagdá com muito amor -recomendo! :)
...do barracão continuavam a vir barulhos e por um momento quase decidimos atirar uma granada lá para dentro que faria todo o trabalho sujo. Mas há coisas que simplesmentte estão destinadas a acontecer de outra forma.
O cão, Lava, vive hoje algures na Califórnia na companhia dos donos, do gato Cheddar e de outro cão, uma boa vida bem diferente da que provavelmente teria em Bagdá. De facto, há coisas que estão destinadas a acontecer de maneira diferente.
acontece todos os dias... aos milhares!
A cena evocada no texto, acontece todos os dias... é um cenário que se repete com poucas variações milhares de vezes, ceifando vidas em toda a parte do planeta.
A verdade é que todos podemos fazer algo para mudar isto.
Momento fatídico, irreversível, quando a realidade mostra as garras afiadas e afugenta a última nevoa de ilusão. O estado de pânico chega ao ponto Maximo: todos os músculos estão tensos; a pulsação cresce ainda mais; o ritmo respiratório cresce, com as narinas inflando em excesso para absorver mais ar; os olhos dilatam em busca de outros estímulos; do abdômen os gases descem, suscitando fezes e urina. O organismo saturado diante da morte anunciada.
No começo era apenas o medo…
Eles chegam no campo resolutos, com os mesmos agulhões, e o identificam. Está marcado para a Viagem. Tenta fugir, acuado, mas leva várias estocadas elétricas. A carne arde e se retesa. Uma complexa reação química começa no cérebro, atingindo todas as células e fibras . E a resposta do corpo à violação do corpo. Debate-se em vão, ataca, em vão. E amarrado, fortemente, é conduzido para o interior do grande carro. Há outros como ele, um em cada compartimento. Estão atordoados, sem entender por que foram expulsos dali. O trajeto é sinuoso, cheio de solavancos, vibrações irritantes, paisagens estranhas. De vez em quando uma nova parada. Mais um embarcado, ofegante, perplexo.
A chegada é violenta, então o medo aumenta. Recebe novas estocadas por todo o corpo, enquanto é conduzido por um angustiante labirinto de corredores e rampas. Para não ser torturado ainda mais, caminha, trôpego, por onde querem que caminhe.
Dezenas de seres iguais a ele gritam, aterrorizados. Como eles passam por vários banhos químicos, que irritam a pele e os olhos.
Não há como fugir. Impossível romper as paredes de concreto e ferro. As fezes, incontidas, escorrem pelas pernas, a urina escorre. Então uma figura familiar lhe aparece na frente, sendo levada pelos homens. Reconhece-a pelo cheiro, pelas imagens de outros tempos, afagos pueris. Os dois olham-se por alguns breves segundos. Ela está calma, resignada, e transmite a ele essa paz incomum. Os algozes não percebem, mas dos olhos dele vertem grossas lágrimas, que se misturam ao sangue escorregadio do chão. Então o pânico recua, os nervos ganham elasticidade, o coração bate compassado, a respiração sossega. Sente-se tranqüilo, estranhamente tranqüilo diante do destino que lhe reservaram. Busca na memória os acontecimentos bons que lhe marcaram a vida; ignora os momentos difíceis da sua condição. Lembra dos espaços abertos, águas e gramíneas, seres iguais em volta. O coração sorri.
Está pronto. É hora de ser conduzido ao último corredor do abatedouro. Depois do derradeiro choque elétrico vai se transformar, para eles, num monte de carne diferenciada, fonte de proteína para todos os paladares. Mas sabe, porque recebeu a Anunciação, que depois do golpe fatal, quando o sangue começar a jorrar por todos os cortes industrializados, romperá concreto e ferro, paredes, numa fuga desenfreada em busca do Éden selvagem.
_____________________________________________________________
Thursday, July 16, 2009
Segredos da Bíblia II
O Cântico dos Cânticos, atribuido ao Rei Salomão - ainda que tenha sido escrito, muito provavelmente, por uma mulher - é o livro mais polémico da Bíblia.
[...]
Entre os judeus foi necessário atribuir o poema ao Rei Salomão para que fosse aceite como livro revelado por Deus.
Há quem pense que dentro de alguns anos ou séculos, outro Papa poderá tambem acabar com a existencia do Purgatório, outra criação da teologia católica sem fundamento bíblico.
(A Bíblia e seus Segredos - Juan Arias)
(1) ainda hoje nos tribunais, em depoimentos, em tomada de posse de funções governativas - actos laicos! - se jura com a mão direita sobre a Bíblia dizer a verdade e só a verdade... Algo desnecessário e aberrante, misturar o laico e o que ocupa as funções de sagrado.
E como conciliar isso com o facto de alguem ser de outra qualquer religião, ser ateu ou simplesmente agnóstico?!
Tuesday, July 14, 2009
Prometeu, aquário e os tempos actuais
Prometeu (Aquário) roubou o fogo dos deuses e foi punido por Zeus (Júpiter). Com Júpiter em Aquário, agora é a vez de Prometeu receber a visita de Zeus.
A Astrologia é uma linguagem que usa uma série de símbolos para criar uma identificação entre o homem e o universo – seus pressupostos básicos estão fundados na idéia de que há uma correlação entre os movimentos cósmicos e os eventos terrestres, sejam coletivos ou individuais.
O Zodíaco na antiguidade era considerado como “a alma da natureza”, uma vez que os signos e os planetas expressam motivações, impulsos e padrões de comportamento humanos.
Nas eras homéricas essas imagens tomaram a forma de figuras personificadas como as divindades gregas: Zeus, Poseidon, Afrodite, Hércules, etc.
Como na tradição astrológica, também os mitos surgiram espontaneamente como imagens e representações coletivas em diferentes épocas e culturas e funcionam como um auto-retrato criativo da psique humana.
[...]
Na mitologia grega, os titãs eram gigantes que pertenceram às primeiras gerações das divindades da antiga Grécia.
Prometeu era um deles, filho do também titã Jápeto e da oceânida Clímene.
Seu nome significa “o que vê à frente”, ou o “previdente”. Tinha um irmão, Epimeteu, cujo nome significa “o que vê depois”, ou “o descuidado”. Um pensava antes de agir e era um estrategista, o outro agia antes de pensar, desfrutava o presente, era desprovido de reflexão.
Assim ele também passou a ensinar aos homens o que havia aprendido. Ao mesmo tempo, idealista e pretensioso, trabalhava para elevar o ser humano acima das origens instintivas, pois seu intuito seria torná-lo mais e mais semelhante aos deuses.
Inquieto, Prometeu torturava-se com a injustiça que percebia ao seu redor: por que só os deuses tinham o monopólio do conhecimento? Por que os homens deveriam contentar-se em viver eternamente dependentes dos poderes e dádivas divinas? Decidido a solucionar essa questão, Prometeu enganou Zeus.
[...]
Ao saber do roubo do fogo, e novamente enganado, Júpiter aplicou em Prometeu um duro castigo. O titã foi acorrentado por Hefaistos, o deus ferreiro (para os romanos, Vulcano) a uma pilastra no monte Cáucaso, nos confins orientais do mundo. Como se não bastasse, uma águia enviada por Zeus diariamente devorava o seu fígado, e este voltava a crescer durante a noite. O flagelo continuaria assim, mês após mês, ano após ano, por toda a eternidade.
[...]
Tempos depois, com a anuência do próprio Zeus, Hércules matou a águia e libertou o audacioso Prometeu. Mas é preciso lembrar: o titã nunca se arrependeu de seus feitos e nem de ter sacrificado sua própria liberdade em benefício dos homens.
[...]
Prometeu representa o impulso pela vida civilizada, o anseio humano de avançar através da tecnologia; rebelde com causa, esse herói semidivino é o princípio humanizador evolutivo, a inteligência humana, que, ao desvendar os segredos da natureza, supostamente terá controle sobre ela. Prometeu abriu o caminho para que os homens pudessem alcançar o progresso e tudo o que chamamos de civilização; o fogo roubado dos deuses nunca foi devolvido, significando simbolicamente que o conhecimento uma vez adquirido nunca mais se perde.
Poderiam o titã e o deus olímpico estabelecer agora um diálogo criativo e inteligente, uma vez que ambos são idealistas e arrojados? E se pudessem compartilhar saberes benéficos para os homens, sem radicalismos e sem punições divinas?
Em nome do progresso e do desenvolvimento, nossa civilização – caracterizada mais que todas as outras pelo seu forte espírito “prometéico” – tem feito estragos incomensuráveis, e a ação humana contra a natureza nos últimos 100 anos foi devastadora. Seria essa a nossa hybris iluminista e cientificista pela qual estamos pagando um preço tão caro?
Se Prometeu quer a libertação humana através do conhecimento, Zeus neste signo certamente não fará oposição a ele, uma vez que, no contexto astrológico, Zeus (Júpiter) expande e põe em evidência as características simbólicas do signo em que está.
Haverá uma percepção cada vez mais clara de que os excessos do consumo desenfreado, o esgotamento dos recursos naturais e das matérias-primas, o aquecimento global, a ganância descomedida e irresponsável são parte de uma mentalidade que pede uma mudança radical e imediata por todos. Não é mais novidade que o processo civilizatório e suas promessas de bem-estar e felicidade não se cumpriram.
Por outro lado...
Monday, July 13, 2009
cultura de repressão...
Jornalista sudanesa arrisca 40 chicotadas por ter vestido calças
Uma jornalista sudanesa acusada de andar vestida de forma "indecente" - com calças - pode vir a ser condenada a 40 chicotadas, se for condenada por crime contra a ordem e moral pública no Sudão.
Lubna Ahmed al-Hussein, que publica textos regularmente no jornal de esquerda Al-Sahafa e também trabalha para a Missão das Nações Unidas no Sudão, foi presa no início de Julho em Cartum, a capital do país, quando se encontrava no interior de um restaurante. Os polícias pediram a todas as mulheres vestidas com calças para os acompanharem e, dois dias mais tarde, dez das 13 foram convocadas pela esquadra do centro da cidade onde tiveram de se deslocar para levar 10 chicotadas cada uma, disse a jornalista. As outras três mulheres, entre elas Lubna Ahmed al-Hussein, foram acusadas de violar o artigo 152 do código penal sudanês, que prevê uma pena de 40 chicotadas para quem cometa um acto indecente, viole a moral pública ou vista roupas indecentes. Contrariamente a outros países da região, as mulheres estão muito presentes na vida pública do Sudão, país maioritariamente muçulmano, mas algumas leis continuam a ser descriminatórias, denunciam as organizações de defesa dos Direitos do Homem.
(Agencia Lusa)
Encontrei esta notícia hoje e fiquei a pensar que se calças (que embora dependendo do modelo podem muito bem ser uma vestimenta sóbria e formal que até uniformiza as formas do corpo alem de o manter literalmente fechado em tecido...) são algo indecente, como seria se as pessoas acusadas estivessem usando calções ou saia curta.
Só trajes tradicionais seriam admissiveis?
É isto um pais que pretende ter as mulheres presentes na vida activa... mas só se usar trajes tradicionais? E se não usar arrisca-se a levar chibatadas.
Qual será a vestimenta imposta aos homens? Presumo que esteja fora de questão estar em publico em trajes que deixem o corpo exposto.
Nos conselhos do portal das comunidades portuguesas aconselha-se os viajantes: "Convém respeitar a sensibilidade dos habitantes do Sudão, país muçulmano, sobretudo ao nível do vestuário e dos comportamentos."
É uma pena mas é a realidade: presentemente, em toda a zona muçulmana em guerra a imposição de dogmas atraves de violencia extrema é uma constante... :(
Darfur: Violação como arma de guerra - a violência sexual e as suas consequências
Saturday, July 11, 2009
Friday, July 10, 2009
A Biblia e os Seus Segredos
A Biblia e os Seus Segredos
Peguei e tentei saber um pouco mais e, apesar de um pouco de pé atrás com o título sensacionalista, fiquei suficientemente interessada para o trazer para casa.
É escrito pelo escritor e jornalista Juan Arias, (entrevista) tido como profundo conhecedor e estudioso da realidade do Vaticano.
* * *
Só com a chegada da revolução industrial e tecnológica, em princípios do século XVIII e com a diferenciação entre o secular e o religioso, houve estudiosos da Biblía - fora e dentro dos limites da Igreja - que comecaram a ver tais escritos com outros olhos, prescindindo do seu carácter sagrado
[...]
Na obra 'Bible Unearthed', sem dúvida o estudo mais moderno e melhor documentado sobre as origens do antigo Israel e dos textos biblicos, os seus autores, Israel Finkelstein e Neil Asher, escrevem, acerca do tema do êxodo do Egipto, uma das coisas mais polémicas sob o ponto de vista histórico: 'A epopeia da saída de Israel do Egipto não é nem verdade histórica nem ficção literária.
*
...mesmo dentro do mundo judaico, considera-se que a grande revolução de Jesus de Nazaré foi a sua luta a favor da igualdade da mulher.Com simplicidade, o profeta esqueceu-se dos tabus que existiam no seu tempo contra as mulheres e tratou-as como seres humanos, com os mesmos direitos que os homens. Se era proibido falar com uma mulher na rua ou tocar-lhe, Jesus deixava-se abraçar mesmo pelas prostitutas. Se a mulher tinha um lugar reservado no templo, separada dos homens, se não podia estudar a Bíblia, Ele faz-se acompanhar por mulheres juntamente com os discípulos, [...] Se o adultério era castigado com a pena de morte por lapidação, Jesus, escrevendo com o dedo sobre a poeira das lajes da entrada do Templo, faz com que um grupo de velhos se afaste cheio de vergonha, eles que, para provocar a sua indulgência para com as mulheres, lhe trouxeram de rastos o corpo jovem de uma mulher apanhada em pecado, recordando-lhe que a lei ordenava que ela fosse apedrejada até à morte. Jesus salvou-a.(*)
Se o que aconteceu naquela tarde - segundo alguns, aquela acesa disputa, esteve na origem do enfarte que o Papa sofreu durante a noite - talvez nunca o venhamos a saber. Sabemos, isso sim, que os cardeais tiveram com ele uma acesa discussão porque lhes tinha proposto algumas mudanças que não lhes agradavam. João Paulo I era um papa conservador na doutrina, mas muito lúcido no que se refere ao exemplo que a igreja devia dar ao mundo, especialmente no que concerne à pobreza. Parece que, naquela tarde, o Papa teria sugerido aos cardeais que abandonassem os palácios vaticanos, permitindo assim que uma instituição internacional ali se instalasse. A sua ideia era transferir-se com os seus acessores para um subúrbio pobre de Roma para dar o exemplo ao mundo. A ideia não deve ter agradado demasiado aos seus colaboradores, e é verdade que os gritos dos cardeais e os murros em cima da mesa de trabalho do Papa se podiam ouvir cá fora. Os apontamentos daquela turbulenta sessão de trabalho com os cardeais - e não o livro de orações de Tomás de Kempis (A Imitação de Cristo) - era o que João Paulo I tinha sobre a cama quando o enfarte o surpreendeu. Uma grande mágoa? Estas notícias publicadas no dia seguinte pelo diário espanhol El País, só foram confirmadas vinte e cinco anos depois; alguns acessores próximo do Papa misteriosamente falecido admitiram que tal discussão em tom muito elevado ocorreu de facto.
Drosnin não era crente, mas ele próprio, após anos de trabalho com Rips, encontrou no tal código, entre outras coisas, o anúncio do assassínio do primeiro-ministro de Israel, Isaac Rabin. E com mais de um ano de antecipação! O nome de Rabin aparecia apenas uma vez e estava cruzado com as palavras 'assassino que assassinará'; é o que se conta no popular livro 'O Código do Bíblia', traduzido em muitas linguas.
Perante tal descoberta, o jornalista foi até Israel para avisar o primeiro-ministro. fê-lo com uma carta entregue a Rabin pelo seu amigo e poeta Chaim Guri. O código da Bíblia anunciava que o primeiro-ministro ia ser assassinado no ano judaico que começava em Setembro de 1995. E ele morreu de facto vítima do atentado que se verificou a 4 de Novembro desse ano. Depois do assassínio, Drosnin foi convocado pelo novo primeiro-ministro, que o apresentou ao chefe da Mossad, os serviços secretos de Israel, para que lhes falasse do código em questão.Trata-se, sem dúvida, de algo mais que uma simples fantasia. A descoberta do matemático israelita foi confirmada por outros importantes matemáticos de Harvard, de Yale e da Universidade Hebraica e foi repetida por um perito do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. E a verdade é que o assassínio de Rabin não foi o único acontecimento encontrado no código secreto. Foram-no também a Segunda Guerra Mundial, o Holocausto, o escândalo de Watergate, a bomba de Hiroxima, a chegada à Lua e mesmo a colisão de um cometa com Júpiter.
* (através da conhecida frase -o que está livre de pecado, que lhe atire a primeira pedra)
Thursday, July 09, 2009
Relato de um homem normal...
que sempre criticou o vegetarianismo, mas deixou de comer carne.
Um texto muito equilibrado sobre a práctica do vegetarianismo colocado na forma coloquial. Vale a pena dar uma olhada.
O mundo está caminhando para a beira do abismo e todos sabem disso. Superpopulação, poluição, destruição da natureza, esgotamento dos recursos naturais, violência, ignorância, fome, doenças, corrupção. Tal fato é facilmente constatado no seu dia-a-dia ou através de jornais. No entanto, o que você está fazendo para resolver os problemas do mundo? Como você está agindo para se tornar um ser humano melhor e digno de habitar este planeta?
Se de repente você deixar de comer carne, alguma coisa irá melhorar? A grande maioria vai continuar comprando aquela empadoca de carne com azeitona no terminal depois do serviço, os animais continuarão morrendo para virar comida e mundo continuará com seu curso usual. Por que se tornar vegetariano? “Você sozinho não vai mudar nada”, é o que se ouve o tempo todo.
...texto...
*Wednesday, July 08, 2009
Take me Home
gosto imenso desse menino...
que é tambem colega de signo e surprendente como muitos aquários são!
=)
Tuesday, July 07, 2009
adeus,Michael.até sempre.
(letra)
*
*
*
Tocantes palavras de Quincy Jones: perdi meu irmão mais novo hoje, e parte de minha alma se foi junto com ele".
Monday, July 06, 2009
como te entendo, Johnny Depp!
Resposta dele: "Já está a acontecer", disse o actor em relação à possibilidade de se transformar num shut-in germofóbico tipo Howard Hughes ou num exilado civilizacional em estilo Mosquito Coast. Mas, socorro!, será que não tem medo de que essa tendência anti-social se transforme numa patologia? "Não estou preocupado. Esse tipo de patologia não me incomoda. A sério que não. Se a escolha que me é dada resume-se a: ter de passar a vida a ser observado ou ter de viver sentado numa cadeira num quarto às escuras, claro que vou preferir o quarto às escuras. A definição daquilo que é normal tem-se expandido. Não é o que era".
no mesmo jornal,
os delírios em cima da imagem criada e vendável...
mas... 0% de atenção ao ser humano atrás da imagem.
*
what ?!? II
O propofol é uma substância delicada. Dos estagiários hospitalares que se tornaram dependentes, 40% morreram de overdose. Há casos de médicos que passaram a pescar embalagens nos caixotes do lixo da secção de cirurgia só para poderem aproveitar as últimas gotas. Um bocadinho coloca uma pessoa a dormir, mas um nadinha mais provoca facilmente uma paragem total do relógio coronário.
É usado na veterinária, nas salas de operação, e nunca, mas nunca, está disponível ao público. Controladíssima, é uma substância capaz de parar o coração se for tomada em excesso. Branca, brilhante, parece-se com leite.
Os anestesistas gostam de brincar com o poder daquela fusão química. Referem-se ao propofol com a expressão Milk of Amnesia. A evasão corpórea é total, como todos aqueles que já foram operados sabem. Não se trata de apenas estancar a dor, seja ela física ou existencial. A remissão para uma vida paralela é instantânea. O cérebro não fica apenas adormecido. Fica suspenso e vai viver outra vida melhor.
Curiosamente, num estudo publicado recentemente sobre o uso daquela substância entre a classe anestesista, os números apontaram numa direcção interessante. A maioria dos dependentes, sobretudo no escalão feminino, tinha sofrido traumas quando criança, por vezes violações, por vezes outros maus tratos físicos de natureza sexual. Para estes, o propofol vinha mesmo a calhar: tal como quando usado legalmente para anestesiar um paciente na sala de operações, o indivíduo necessitado injectava-se e ficava imediatamente inconsciente. Durante uns momentos era livre de flutuar para alem daquele corpo.
Omar S. Manejwala, médico que dirige o William J. Farley Center na Virgínia, um centro de recuperação e reabilitação que dá atenção especial aos casos de abuso de substâncias entre o pessoal médico, disse: "Um dos traços comuns das desordens psicológicas resultantes de um grande trauma é a hiperactividade maníaca. Há um esforço contínuo para bloquear mentalmente o que se passou".
De cura para as insónias, o fármaco evolui para cura de tudo o resto. Facilmente se torna indispensável. Manejwala reiterou a ligação entre um facto e outro. "Nunca vi uma ligação tão forte entre um medicamento e a possível incidência de trauma, sobretudo trauma de índole sexual. É realmente espantoso".
pessoas... que mudam de opinião e comportamento com mais velocidade que a lua muda de fase ...
Não foi assim há tanto tempo que os jovens urbanos, sobretudo os negros, só ouviam hip hop enquanto iam ao volante. Janelas abertas, carro implodindo de potência stereo e muito hip hop para acordar a vizinhança. Yo, testosterona! Wassup? Não havia alma que se atrevesse a ouvir Michael Jackson, o magro, o branco, o fraco, o antigo. Hoje, é só ele quem canta em cada viatura que passa aos gritos. Em cada carro, uma homenagem. Los Angeles rende-se à despedida do invencível com hinos a 100 à hora. De facto, um thriller.
Sunday, July 05, 2009
o efeito 'montanha russa'
Tempos de relativa normalidade no casamento com Lisa Marie Presley, segundo ela romance de dois apaixonados e não casamento de fachada - como muita imprensa quis dar imagem.
Num artigo, Randy Taraborrelli -um jornalista que se dedica a escrever biografias de celebridades, fala de vários episódios na vida de MJ, nomeadamente na falta de identificação que Jackson sentia ao ser testemunha das traições matrimoniais do pai, além da tentativa dele avisar e preservar uma rapariga da conduta sexual predatória dos irmãos:
[...] Aged 14, he intercepted a girl named Rhonda Phillips on her way to an after-show assignation with his brother, Jackie. 'Don't go,' Michael pleaded with her.
Rhonda asked why not. 'My brothers don't treat girls too good,' he responded. 'Don't go.'
Rhonda ignored his advice, went to Jackie's room anyway, had sex with him - and was ushered out less than half an hour later, feeling utterly used.
She was walking down to the street when a white Rolls-Royce pulled up. Michael got out and asked if she'd had sex with his brother. 'Yeah,' she answered and began to cry.
'Did he make you do it?' he asked. 'No,' she said. 'I wanted to.' 'You wanted to?' said an astonished Michael. 'But why would you want to?' Michael never followed his brothers' interest in groupies.
(Dando o que as pessoas querem ver: performance de MJ, com Billie Jean, música a par de um episódio na vida real -acusado por uma fã de ser pai do filho)
último vídeo de ensaio, não me parece tão magro e fora de forma assim...
* * *
(e como já muita gente me perguntou quem é a loura da guitarra, fica a informação: ela é Orianthi e sim, toca guitarra eléctrica espectacularmente)
Saturday, July 04, 2009
onde se fala de homens risonhos. (e jeitosos!)
Confesso que esta polémica me apanhou de surpresa. Desconhecia-a por completo.
Segundo os dados que entretanto tomei conhecimento, o filme jean-charles (relatando o assassinato por engano pela polícia londrina de um emigrante brasileiro confundido com um terrorista na paranóia à escala mundial pós-11 de Setembro) foi dirigido por Henrique Goldman, cineasta brasileiro agora radicado em Londres.
A questão central é: sendo o próprio director Henrique Goldman alvo de polémica enquanto acusado de estupro e sexismo, estaria certo boicotar o filme (prejudicando assim tambem outras pessoas, actores e restante equipa que não tem nada a ver com o assunto?) ou, em nome da divulgação ao mundo de um facto profundamente lamentável e condenável, não o boicotar?
Não é uma questão fácil.
Encontrei no Escreva Lola Escreva -e posteriormente em mais blogs, mas este tem um desenvolvimento mais concentrado do assunto em dois posts cheios de informação e debate, comentários incluidos. Além de muitos outros posts interessantes.
Fala aí, ô!
(ELEANOR ROOSEVELT)
*
Friday, July 03, 2009
Angel of Harlem
[...] todos se manipulam, isto é, viver é modificar a si mesmo, se governar, ser influenciado e influenciar. O problema é quando nos modificamos colocando em risco nossa própria vida. O racismo tem esse poder. Não se trata de definir se somos vítimas ou livres das forças acachapantes que nos atravessam pelos meios de comunicação, escola, universidade, forças produtivas, família, Estado, etc.
O que está em jogo não é definir se Michael Jackson era mais vítima ou mais autônomo. Em certa medida, todos somos produtores e produtos, simultaneamente, do meio e de nós mesmos. Michael Jackson foi mais um autor e uma marionete da política de racismo. o que distingue as pessoas são os instrumentos que elas dispõe que associados com as intenções pode fazer a diferença entre o grau de autonomia e o grau de assujeitamento e submissão.
(texto completo)
Wednesday, July 01, 2009
mais um livro lido! :-)
Dividida entre mil solicitações e mais livros, só agora acabei de ler A Minha Herança de Barack Obama. Gostei e de facto tem ritmo de romance, como já alguem disse. Sobretudo transparece nele a capacidade de observação, empatia e sensatez que conduziram o autor com êxito através de todos os seus desafios pessoais.
O livro fecha assim, com a cerimónia de casamento de Michelle e Barack.
Na entanto, a pessoa que mais me deixou orgulhoso foi Roy. Na verdade agora chamamos-lhe Abongo, o seu nome Luo, porque, há dois anos, decidiu reafirmar a sua identidade africana. Converteu-se ao Islão e jurou renunciar a carne de porco, ao tabaco e ao alcool. Continua a trabalhar na sua firma de contabilidade, mas fala em regressar ao Quénia quando tiver dinheiro suficiente. Com efeito, quando nos encontrámos em Home Sequared, andava atarefado com a construção de uma cabana para ele e a mãe fora da propriedade do nosso avô, de acordo com a tradição Luo. Disse-me que o seu negócio de importação progredira e que esperava que em breve desse o suficiente para empregar Bernard e Abo a tempo inteiro. E quando fomos juntos até à sepultura do Velho, reparei que finalmente, havia uma placa no local onde estivera cimento nu.
O novo estilo de vida de Abongo deixou-o magro e com o olhar limpo e, no casamento, parecia tão digno com a sua túnica africana, negra debruada a branco, e chapéu a condizer que alguns dos convidados o confundiram com o meu pai.
[...]
Não que essas alterações que sofreu estejam isentas de tensão. Tem tendencia para fazer longas perorações sobre a necessidade que o homem negro tem de se libertar das influencias venenosas da cultura europeia e censura Auma por causa daquilo que chama os seus hábitos europeus. As palavras que diz não são totalmente suas e por vezes pode parecer rígido e dogmático. Mas a magia do seu riso continua a existir e podemos discordar sem rancor. A sua conversão proporcionou-lhe um terreno sólido para se firmar, um orgulho pelo seu lugar no mundo. Vejo a sua confiança crescer sobre a sua base; começa a aventurar-se noutros terrenos e a fazer perguntas mais difíceis; começa a libertar-se das fórmulas e dos slogans e a decidir o que é melhor para ele. É um processo inevitável porque o seu coração é cheio de bom humor, a sua atitude para com as pessoas demasiado gentil e propensa ao perdão, para que se contente com encontrar soluções simples para o quebra-cabeças de ser um negro.
Perto do fim da festa observei-o a fazer um grande sorriso para a câmara de vídeo, com os seus longos braços estendidos sobre os ombros da minha mãe e de Toot, cujas cabeças mal atingiam a altura do seu peito.
-Eh, irmão - disse-me, enquanto me dirigia para os três. - parece que agora tenho duas novas mães.
Toot deu-lhe uma pancadinha nas costas.
E eu tenho um novo filho - retrucou ela, embora quando tentou dizer "Abongo" a sua língua do Kansas tenha tornado o nome irreconhecível.
O queixo da minha mãe começou a tremer outra vez, e Abongo ergueu o seu copo de ponche de frutas para fazer um brinde:
- Àqueles que não estão aqui connosco - disse.
- E a um final feliz - acrescentei.
Vertemos as nossas bebidas no chão de mosaico axadrezado. E nesse momento, pelo menos, senti-me o mais feliz dos homens.