O Cântico dos Cânticos, atribuido ao Rei Salomão - ainda que tenha sido escrito, muito provavelmente, por uma mulher - é o livro mais polémico da Bíblia.
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Entre os judeus foi necessário atribuir o poema ao Rei Salomão para que fosse aceite como livro revelado por Deus.
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A sexualidade sai assim, definitivamente, do ambiente bíblico da sacralidade. Hoje os juramentos fazem-se sobre o livro da Bíblia, (1) mas no tempo dos patriarcas, ou seja os da Bíblia, os juramentos faziam-se, como é o caso de Abrãao com seu escravo , colocando as mãos debaixo dos genitais, que representavam para os judeus o centro da personalidade humana, a mais profunda e respeitável
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A doutrina do Limbo durou séculos. Milhões de mães sofreram porque, por alguma razão, os seus filhos tinham morrido antes de serem baptizados. O mesmo acontecia com as crianças que nasceram já mortas e que portanto não podiam ser baptizadas, como sucedeu com uma irmã do papa Wojtyla. Como não tinha podido ser baptizada, nem sequer lhe fizeram funeral. Razão porque, quando João Paulo II quis reunir toda a família num único túmulo, faltaram os ossos da sua irmã. Onde teriam deixado os seus restos mortais?. É fácil supor a dor da mãe do futuro Papa, que era, tal como o seu marido, militar, profundamente devota, e que, logicamente, acreditava na então verdade católica do Limbo. Mais do que uma vez pensei - e escrevi-o noutras ocasiões - que talvez não tenha sido por acaso que foi o Papa Wojtyla que, tantos séculos depois, quis eliminar do Catecismo Católico Universal o Limbo das crianças, sem sequer dar explicações. Provavelmente porque não podia dá-las. A explicação mais lógica é que ele tenha podido pensar: agora que sou Papa e posso fazê-lo, vou acabar de vez com o Limbo. Assim tenho a certeza de que poderei encontrar-me com a minha irmã no céu sem ter de ir visitá-la ao LimboHá quem pense que dentro de alguns anos ou séculos, outro Papa poderá tambem acabar com a existencia do Purgatório, outra criação da teologia católica sem fundamento bíblico.
(A Bíblia e seus Segredos - Juan Arias)
(1) ainda hoje nos tribunais, em depoimentos, em tomada de posse de funções governativas - actos laicos! - se jura com a mão direita sobre a Bíblia dizer a verdade e só a verdade... Algo desnecessário e aberrante, misturar o laico e o que ocupa as funções de sagrado.
E como conciliar isso com o facto de alguem ser de outra qualquer religião, ser ateu ou simplesmente agnóstico?!
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