Wednesday, July 01, 2009

mais um livro lido! :-)



Dividida entre mil solicitações e mais livros, só agora acabei de ler A Minha Herança de Barack Obama. Gostei e de facto tem ritmo de romance, como já alguem disse. Sobretudo transparece nele a capacidade de observação, empatia e sensatez que conduziram o autor com êxito através de todos os seus desafios pessoais.
O livro fecha assim, com a cerimónia de casamento de Michelle e Barack.

Na entanto, a pessoa que mais me deixou orgulhoso foi Roy. Na verdade agora chamamos-lhe Abongo, o seu nome Luo, porque, há dois anos, decidiu reafirmar a sua identidade africana. Converteu-se ao Islão e jurou renunciar a carne de porco, ao tabaco e ao alcool. Continua a trabalhar na sua firma de contabilidade, mas fala em regressar ao Quénia quando tiver dinheiro suficiente. Com efeito, quando nos encontrámos em Home Sequared, andava atarefado com a construção de uma cabana para ele e a mãe fora da propriedade do nosso avô, de acordo com a tradição Luo. Disse-me que o seu negócio de importação progredira e que esperava que em breve desse o suficiente para empregar Bernard e Abo a tempo inteiro. E quando fomos juntos até à sepultura do Velho, reparei que finalmente, havia uma placa no local onde estivera cimento nu.
O novo estilo de vida de Abongo deixou-o magro e com o olhar limpo e, no casamento, parecia tão digno com a sua túnica africana, negra debruada a branco, e chapéu a condizer que alguns dos convidados o confundiram com o meu pai.
[...]
Não que essas alterações que sofreu estejam isentas de tensão. Tem tendencia para fazer longas perorações sobre a necessidade que o homem negro tem de se libertar das influencias venenosas da cultura europeia e censura Auma por causa daquilo que chama os seus hábitos europeus. As palavras que diz não são totalmente suas e por vezes pode parecer rígido e dogmático. Mas a magia do seu riso continua a existir e podemos discordar sem rancor. A sua conversão proporcionou-lhe um terreno sólido para se firmar, um orgulho pelo seu lugar no mundo. Vejo a sua confiança crescer sobre a sua base; começa a aventurar-se noutros terrenos e a fazer perguntas mais difíceis; começa a libertar-se das fórmulas e dos slogans e a decidir o que é melhor para ele. É um processo inevitável porque o seu coração é cheio de bom humor, a sua atitude para com as pessoas demasiado gentil e propensa ao perdão, para que se contente com encontrar soluções simples para o quebra-cabeças de ser um negro.
Perto do fim da festa observei-o a fazer um grande sorriso para a câmara de vídeo, com os seus longos braços estendidos sobre os ombros da minha mãe e de Toot, cujas cabeças mal atingiam a altura do seu peito.
-Eh, irmão - disse-me, enquanto me dirigia para os três. - parece que agora tenho duas novas mães.
Toot deu-lhe uma pancadinha nas costas.
E eu tenho um novo filho - retrucou ela, embora quando tentou dizer "Abongo" a sua língua do Kansas tenha tornado o nome irreconhecível.
O queixo da minha mãe começou a tremer outra vez, e Abongo ergueu o seu copo de ponche de frutas para fazer um brinde:
- Àqueles que não estão aqui connosco - disse.
- E a um final feliz - acrescentei.
Vertemos as nossas bebidas no chão de mosaico axadrezado. E nesse momento, pelo menos, senti-me o mais feliz dos homens.

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