Confesso que esta polémica me apanhou de surpresa. Desconhecia-a por completo.
Segundo os dados que entretanto tomei conhecimento, o filme jean-charles (relatando o assassinato por engano pela polícia londrina de um emigrante brasileiro confundido com um terrorista na paranóia à escala mundial pós-11 de Setembro) foi dirigido por Henrique Goldman, cineasta brasileiro agora radicado em Londres.
A questão central é: sendo o próprio director Henrique Goldman alvo de polémica enquanto acusado de estupro e sexismo, estaria certo boicotar o filme (prejudicando assim tambem outras pessoas, actores e restante equipa que não tem nada a ver com o assunto?) ou, em nome da divulgação ao mundo de um facto profundamente lamentável e condenável, não o boicotar?
Não é uma questão fácil.
Encontrei no Escreva Lola Escreva -e posteriormente em mais blogs, mas este tem um desenvolvimento mais concentrado do assunto em dois posts cheios de informação e debate, comentários incluidos. Além de muitos outros posts interessantes.
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Sobre a acusação de que H Goldman é alvo:
Curiosamente foi originada pelo próprio quando atraves de uma crónica supostamente conta um episódio que teve de imediato a interpretação pública de confissão de violação.
Quando a reacção pública começou a atingir proporções não previstas foi altura de vir a público desmentir e invocar ficção.
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A nível pessoal, independente de ser real ou ficção, acho a crónica do maior mau-gosto, canastrona na sua pseudo boa-intenção e terrivelmente egóica. Parece que o fim último é aliviar uma consciencia pesada, sem consideração pelos eventuais sentimentos actuais e direito à privacidade das demais pessoas envolvidas no processo.
Qualquer acerto e pedido de desculpas só faria sentido privadamente, entre os próprios.
Demitir-se de responsabilidades no processo, culpar as hormonas e o país deixam-me grandes dúvidas sobre maturidade.
E já agora dá jeito já ter prescrito.
Ou seja, verdade ou ficção, mais valia ter estado caladinho
Deve ser influência do tal Plutão... não saberemos se essa Luiza é ou não real, mas com certeza existem muitas Marias, Rosas, Anas e por ai afora que foram vítimas desse tipo de abuso... e não só no Brasil, mas em qqr lugar onde há patrões e filhos brancos o suficiente pra se sentirem superiores e consideram que ceder sexualmente aos machos da casa faz parte das obrigações domésticas das empregadas pobres e de origens etnicas diferentes (africanas, ciganas, de leste etc...)
ReplyDeleteDepois dos escândalos da pedofilia, vem à tona outro filão do descarrego sexual dos homens de bem... as empregadas domésticas. Não só na crônica mas em inumeros contos e romances, bem como músicas e telenovelas isso ja foi publicitado muitas vezes... só a hipocrisia social, a impunidade absoluta e a ausência da consciência de direitos por parte das vítimas é q tapou esse sol com a peneira durante tanto tempo...
Num certo tipo de Portugal,2 gerações atrás, era comum a iniciação sexual do 'menino da casa' com a 'serviçal'. e os nomes eram esses. a maezinha do menino fazia vista grossa a mais essa diabrura masculina. Felizmente, a informação e consequente melhoria de auto-respeito mudou essa realidade em grande parte. São de facto as vítimas quem podem fazer a diferença e toda a divulgação de direitos é pouca.
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