Tuesday, July 14, 2009

Prometeu, aquário e os tempos actuais



Prometeu (Aquário) roubou o fogo dos deuses e foi punido por Zeus (Júpiter). Com Júpiter em Aquário, agora é a vez de Prometeu receber a visita de Zeus.

A Astrologia é uma linguagem que usa uma série de símbolos para criar uma identificação entre o homem e o universo – seus pressupostos básicos estão fundados na idéia de que há uma correlação entre os movimentos cósmicos e os eventos terrestres, sejam coletivos ou individuais.

O Zodíaco na antiguidade era considerado como “a alma da natureza”, uma vez que os signos e os planetas expressam motivações, impulsos e padrões de comportamento humanos.
Nas eras homéricas essas imagens tomaram a forma de figuras personificadas como as divindades gregas: Zeus, Poseidon, Afrodite, Hércules, etc.


Como na tradição astrológica, também os mitos surgiram espontaneamente como imagens e representações coletivas em diferentes épocas e culturas e funcionam como um auto-retrato criativo da psique humana.
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Na mitologia grega, os titãs eram gigantes que pertenceram às primeiras gerações das divindades da antiga Grécia.
Prometeu era um deles, filho do também titã Jápeto e da oceânida Clímene.
Seu nome significa “o que vê à frente”, ou o “previdente”. Tinha um irmão, Epimeteu, cujo nome significa “o que vê depois”, ou “o descuidado”. Um pensava antes de agir e era um estrategista, o outro agia antes de pensar, desfrutava o presente, era desprovido de reflexão.

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Prometeu, por ter o dom da antecipação, sabia do resultado da grande batalha de Zeus contra seu pai Cronos, e oportunamente tornou-se seu aliado, orientando-o nas estratégias para vencer a guerra. Também ajudou Zeus durante o nascimento da filha Atena, que depois de dores terríveis saiu pela cabeça de seu pai. A deusa Atena, divindade ligada às estratégias da guerra, em agradecimento ensinou a Prometeu astronomia, matemática, arquitetura, navegação e outras artes.
Assim ele também passou a ensinar aos homens o que havia aprendido. Ao mesmo tempo, idealista e pretensioso, trabalhava para elevar o ser humano acima das origens instintivas, pois seu intuito seria torná-lo mais e mais semelhante aos deuses.


Inquieto, Prometeu torturava-se com a injustiça que percebia ao seu redor: por que só os deuses tinham o monopólio do conhecimento? Por que os homens deveriam contentar-se em viver eternamente dependentes dos poderes e dádivas divinas? Decidido a solucionar essa questão, Prometeu enganou Zeus.
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Ao saber do roubo do fogo, e novamente enganado, Júpiter aplicou em Prometeu um duro castigo. O titã foi acorrentado por Hefaistos, o deus ferreiro (para os romanos, Vulcano) a uma pilastra no monte Cáucaso, nos confins orientais do mundo. Como se não bastasse, uma águia enviada por Zeus diariamente devorava o seu fígado, e este voltava a crescer durante a noite. O flagelo continuaria assim, mês após mês, ano após ano, por toda a eternidade.
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Tempos depois, com a anuência do próprio Zeus, Hércules matou a águia e libertou o audacioso Prometeu. Mas é preciso lembrar: o titã nunca se arrependeu de seus feitos e nem de ter sacrificado sua própria liberdade em benefício dos homens.
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Prometeu representa o impulso pela vida civilizada, o anseio humano de avançar através da tecnologia; rebelde com causa, esse herói semidivino é o princípio humanizador evolutivo, a inteligência humana, que, ao desvendar os segredos da natureza, supostamente terá controle sobre ela. Prometeu abriu o caminho para que os homens pudessem alcançar o progresso e tudo o que chamamos de civilização; o fogo roubado dos deuses nunca foi devolvido, significando simbolicamente que o conhecimento uma vez adquirido nunca mais se perde.

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Com a passagem de Júpiter no signo de Aquário em 2009 poderíamos pensar que Zeus (ou Júpiter para os romanos) está agora na casa onde vive Prometeu (Aquário). Será esta uma visita de reconciliação? A mítica oposição poderá ser apaziguada? Abstraindo a partir do mito, cabem aqui algumas perguntas:
Poderiam o titã e o deus olímpico estabelecer agora um diálogo criativo e inteligente, uma vez que ambos são idealistas e arrojados? E se pudessem compartilhar saberes benéficos para os homens, sem radicalismos e sem punições divinas?
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Conhecimento é poder, e a reflexão que se faz é: até onde ele deve ir?
Em nome do progresso e do desenvolvimento, nossa civilização – caracterizada mais que todas as outras pelo seu forte espírito “prometéico” – tem feito estragos incomensuráveis, e a ação humana contra a natureza nos últimos 100 anos foi devastadora. Seria essa a nossa hybris iluminista e cientificista pela qual estamos pagando um preço tão caro?
Se Prometeu quer a libertação humana através do conhecimento, Zeus neste signo certamente não fará oposição a ele, uma vez que, no contexto astrológico, Zeus (Júpiter) expande e põe em evidência as características simbólicas do signo em que está.
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Não há como brecar ou impedir a evolução da ciência, mas a percepção de que ela precisa de limites éticos e não destruidores para o próprio homem já é um fato consumado. Pode a ciência desvendar os segredos e mistérios da natureza, gerar ou prolongar a vida impunemente? O progresso pode prescindir da degradação ambiental?
Haverá uma percepção cada vez mais clara de que os excessos do consumo desenfreado, o esgotamento dos recursos naturais e das matérias-primas, o aquecimento global, a ganância descomedida e irresponsável são parte de uma mentalidade que pede uma mudança radical e imediata por todos. Não é mais novidade que o processo civilizatório e suas promessas de bem-estar e felicidade não se cumpriram.
Todos sabemos que nossa hybris civilizatória é ecológica, moral e existencial, e o caminho para uma mudança desta trajetória já está sendo trilhado.
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Nosso Zeitgeist prometéico nos avisa: somos a natureza, somos o nosso saber e as nossas próprias criações. Novos paradigmas surgem, e o que mais necessitamos agora são os valores de conexão, cooperação e inclusão. A ética e a justiça, sejam elas dos deuses ou dos homens, mais do que nunca podem e devem estar em comunhão.
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(ler o artigo completo de Tereza Kawall, na constelar deste mês: Zeus e Prometeu, a aliança possível)

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