(letra)
Sinto-me particularmente à vontade para falar de Michael Jackson. Não era fanática dele e da sua arte embora gostasse e fosse um prazer vê-lo executá-la. Aliás não gosto de endeusar pessoas seja em que área for. Nem de demonizar. Pessoas são isso mesmo, pessoas: seres cheios de contradições e imperfeitos por natureza. Uns mais harmoniosos e com certas áreas mais bem resolvidas, outros menos.
Pedofilia é certamente dos crimes mais cobardes e hediondos que existem. deve ser fortemente prevenido e sancionado. Ser acusado de um crime sem o ter cometido é certamente algo profundamente injusto e potencialmente destruidor, diria que é igualmente um crime profundamente cobarde e hediondo.
Mas como já deixei aqui presumo que suficientemente patente, eu estou do lado dos que acreditam na inocencia de Michael Jackson no que respeita à práctica de pedofilia. E acredito nisso absolutamente.
Uma amiga, dona de um sexto sentido a que o tempo costuma dar razão de forma quase assustadora, verbalizou o que me pairava na mente resumindo o seu sentir em curtas palavras - MJ molestar crianças? Nem pensar! Não acredito nisso. E rematou - Nesta vida, ele só fez mal a ele próprio -aludindo à manifesta dificuldade que ele tinha em lidar com a adversidade.
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O caso dele confesso que me interessa mais enquanto reação de massas, fenómeno sociológico de amor-ódio, do que drama pessoal de alguem que, com uma bagagem de boas razoes trazidas da infancia se recusou a crescer e endurecer (e é possivel endurecer sem perder a ternura, gente!) Obviamente a vertente de sofrimento individual tambem aqui é tida, e muito, em conta, mas a partir de um certo grau de mediatismo toda a individualidade vira símbolo do colectivo anónimo.
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O Senhor Universo, que tem um sentido de humor muito próprio, colocou-me de pára-quedas na passada semana numa situação inédita para mim: fui a única testemunha presencial e visual de um facto acontecido e impossível de provar a não ser desse modo -estando presente e vendo. Um dia depois havia quem -não tendo estado presente, dissesse em alto e bom som -eu vi! e partisse para uma descrição diametralmente oposta ao acontecido e que implicava na culpabilização de alguem inocente
Quando numa epifania descobri a sincronicidade entre o episódio que testemunhei e a minha postura no caso de MJ só pude sorrir, e pensar que se algo relativamente insignificante e anónimo se passa num pequeno círculo, tambem se deve passar certamente muita vez em escalas maiores
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Se eu tinha algo para dizer tinha que ser agora.
Porque daqui a uns dias já ninguem quer saber...
e já ninguem pode ouvir falar disto.
Num mundo cada vez mais superficial nem sequer é politicamente correcto aprofundar ou insistir seja no que for. Há que partir rápidamente para a proxima notícia, a próxima relação, o próximo escandalo ou o próximo sucesso.
Talvez as almas mais sensíveis possam pensar duas vezes quando uma acusação é feita e fazer elas próprias um saudável contraditório interno: "será que é como toda a gente diz?"
Em termos sociais parece que é sempre necessário haver umas quantas vítimas apedrejadas mentalmente até à morte para aprender qualquer coisa tão simples como somos inocentes até ser feita prova de culpa.
como se sempre tivesse de haver mártires de um qualquer karma colectivo.
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Mas eu quero assumir o que sinto como verdade, e só posso juntar a minha voz à deste blogueiro não só em todo o texto mas muito especialmente quando diz que Michael Jackson era um homem hiper-sensível, talvez a um nível que muitos nunca compreenderiam.
o que é mais uma razão para dizer tambem
Descansa em paz, onde quer que estejas, Michael – o mundo decente sentirá a tua falta.
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Tocantes palavras de Quincy Jones: perdi meu irmão mais novo hoje, e parte de minha alma se foi junto com ele".
adeus... :(
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