Saturday, November 13, 2004

Afectividade X Animais



Em termos da necessidade de sentir e manifestar afecto os animais não se encontram muito longe dos humanos.
Por afectividade entendamos o processo pelo qual o animal interioriza no seu mundo interno um conjunto de reacções, comportamentos, estados emocionais/"sentimentos" que lhes são transmitidos pelos outros animais ou humanos ao longo da sua vida e que são apreendidos por ele de uma forma única, somente sua.
De facto, os animais são extremamente sensíveis à forma como os outros os tratam, cuidam, ou lidam com eles.
Eles também sentem, fazem associações mentais (porque têm memória), sendo que tendem a evitar ou mesmo fugir de quem seja menos simpático para com eles (indelicado, agressivo ou mesmo violento), ou tendem a aproximar-se de quem possa ser mais simpático, caloroso, disponível em termos de afecto ou cuidados; portanto, podemos mesmo dizer que os animais têm alguma consciência face ao que se passa em seu redor e da forma como o meio interage com eles.

A atribuição de uma consciência própria aos animais, é um facto aceite recentemente, concretamente a partir de estudos realizados pelo neurologista luso-americano António Damásio.

Se pensarmos que os animais, à semelhança dos humanos, também sonham e que o sonho, constitui para os humanos uma forma de organizar o seu mundo interno (psíquico), o mundo das relações, logo, dos afectos por excelência (sejam eles mais ou menos favoráveis ao indivíduo), os quais fazem parte de um passado e de um presente sempre memória do passado (e experiência vivida do aqui e agora), logo, não será muito difícil de se concluir que os animais tenham consciência, por muito "arcaica" que esta possa ser comparativamente à consciência complexa dos humanos.
Esta consciência projectar-se-á naturalmente a partir da vivência afectiva do animal, da forma como este a organiza em si mesmo, daquilo que são os seus relacionamentos ao longa da vida, daquilo que ele transmitiu aos outros e daquilo que os outros lhe deram enquanto afecto.
Assim, dependendo da qualidade de relacionamentos do animal, este se desenvolverá de uma forma mais ou menos saudável em termos de interacção com os outros.
Deste processo afectivo, destaca-se como protótipo do seu sucesso ou insucesso, a relação do animal com os progenitores, muito em especial com a mãe ou substituto maternal, que pode ter sido uma "mãe adoptiva" animal (fêmea ou macho) ou humana (do sexo feminino ou masculino).
[...]
Tal como nos humanos, a privação extrema de afecto pode causar a morte a um animal, mesmo que este seja alimentado fisicamente, o que vem confirmar a importância fundamental do afecto, do seu poder; dir-se-ia mesmo, que este constitui-se como o mais importante alimento da vivência dos animais.
Quem já não ouviu histórias de animais que face à perda dos seus donos, deixaram de comer, caíram em depressão profunda, acabando por perecer?!

Todos nós de uma forma geral, certamente que já ouvimos alguns desses relatos, que nos fizeram reflectir no seguinte: o quanto o afecto, é pois a razão de existir de todos nós humanos e dos animais [...].

Daqui


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